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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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A expressão <strong>da</strong> temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> no discurso indirecto em português e alemão: uma análise<br />

contrastiva num corpus jornalístico<br />

2<br />

O trabalho <strong>de</strong> investigação que apresentamos preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma perspectiva<br />

particular quanto à análise do comportamento dos tempos verbais, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente, a sua<br />

interpretação contextual na forma do discurso citado em estilo indirecto. Assumimos como<br />

ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> que é possível recuperar (ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong> forma sempre parcial) discursos<br />

prévios <strong>de</strong> outrem ou imputados a si mesmo, integrando-os em discursos que possuem<br />

novos locutores ou o mesmo locutor em momentos enunciativos distintos. Assim, a<br />

actualização linguística pela orali<strong>da</strong><strong>de</strong> ou pela escrita <strong>de</strong>corre, em larga medi<strong>da</strong>, <strong>de</strong> uma<br />

apropriação, representação e, não raras vezes, uma interpretação dos conteúdos<br />

proposicionais <strong>de</strong> enunciações prévias, sendo que o contexto original é sempre irrepetível e<br />

irrecuperável porque os momentos enunciativos são distintos. De facto, a prática diária <strong>de</strong><br />

uma língua atesta que o sistema linguístico possui um conjunto <strong>de</strong> estruturas, <strong>de</strong> entre os<br />

quais os tempos verbais, que viabilizam uma característica <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> por Graciela Reyes, a<br />

iterabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos discursos:<br />

Todo o discurso forma parte <strong>de</strong> una historia <strong>de</strong> discursos: todo discurso es la continuación<br />

<strong>de</strong> discursos anteriores, la cita explícita o implícita <strong>de</strong> textos previos. […] El carácter <strong>de</strong>l<br />

discurso es manifestación <strong>de</strong> uno <strong>de</strong> los rasgos fun<strong>da</strong>mentales <strong>de</strong> los sistemas semiológicos:<br />

la posibili<strong>da</strong>d necesaria <strong>de</strong> que un signo pue<strong>da</strong> repetirse: la iterabili<strong>da</strong>d. (Reyes 1984: 42s)<br />

Por este motivo, a <strong>de</strong>scrição/análise semântico-temporal que faremos do<br />

comportamento dos tempoos verbais, na expressão <strong>da</strong> temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> no discurso indirecto,<br />

proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestações <strong>da</strong> língua natural, tanto em português como em alemão. A<br />

escolha <strong>de</strong> um corpus jornalístico pren<strong>de</strong>-se com o princípio orientador <strong>de</strong> trabalhar uma<br />

base documental autêntica e factual, que exclua o cariz ficcional, e <strong>de</strong> alguma forma<br />

paralela nas duas línguas, na medi<strong>da</strong> em que as manifestações <strong>de</strong> discurso citado em estilo<br />

indirecto, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente contextualiza<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> uma tipologia textual sujeita a<br />

regras gramaticais e discursivas, composicionais e situacionais próprias, que constituem o<br />

DIP – “discurso informativo periodistico” (Reyes 1982: 6). Tratando-se <strong>de</strong> textos que<br />

privilegiam a intertextuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, na medi<strong>da</strong> em que o produto final é, em larga escala,<br />

resultante <strong>de</strong> várias fontes <strong>de</strong> informação, veremos que o texto jornalístico assenta num<br />

continuum <strong>de</strong> várias formas <strong>de</strong> discurso transposto (que aglutina as formas discursivas <strong>de</strong><br />

discurso directo e indirecto), combinações essas que permitem uma míria<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s na actualização <strong>de</strong> intervenções alheias. Decorre que, nem sempre é

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