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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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Enquadramento Teórico<br />

sendo que o momento <strong>da</strong> enunciação 9 (ME) e o momento <strong>da</strong> situação (MS) adquirem um<br />

papel referencial <strong>de</strong>terminante.<br />

Reichenbach, nos anos 60, <strong>de</strong>senvolveu um trabalho pioneiro em que <strong>de</strong>finiu, para<br />

além dos dois intervalos <strong>de</strong> tempo supra mencionados, um terceiro que <strong>de</strong>signou por<br />

“reference point” – ponto <strong>de</strong> referência - e cuja interpretação não é pacífica e tem suscitado<br />

ampla discussão no meio linguístico, sendo tido como um ponto intermédio <strong>de</strong> localização<br />

entre a enunciação a situação. (Mira Mateus et alli. 2003: 131).<br />

Diversos têm sido os estudos <strong>de</strong>senvolvidos tendo por base a noção <strong>de</strong> que vários<br />

intervalos <strong>de</strong> tempo contribuem para a localização temporal <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado evento.<br />

Wolfgang Klein (1994) <strong>de</strong>fine no seu trabalho Time in Language a existência <strong>de</strong> três<br />

intervalos que, segundo o autor, permitem fazer o enquadramento semântico-temporal <strong>de</strong><br />

uma forma verbal: TSit, TU e TT, respectivamente “time of situation, time of utterance,<br />

topic time.” Um pressuposto essencial <strong>de</strong> que parte a teoria <strong>de</strong> Klein é <strong>de</strong> que a forma<br />

verbal não localiza especificamente o ponto <strong>da</strong> situação, relativamente ao ME:<br />

Tense does not directly specify the “time of the situation”; rather it imposes a temporal<br />

constraint on the time for which the assertion is ma<strong>de</strong> (Klein 1994: 3)<br />

Assim, o intervalo <strong>de</strong> tempo localizado não é, para Klein, TSit mas sim TT, ou seja, o<br />

intervalo <strong>de</strong> tempo a que a acção é confina<strong>da</strong>. Nesse sentido, TT é o ponto <strong>de</strong> ancoragem <strong>de</strong><br />

Tsit, que é um componente in<strong>de</strong>finido, não interpretado temporalmente, ou seja, é uma<br />

situação que ocupa um <strong>de</strong>terminado intervalo <strong>de</strong> tempo, que será <strong>de</strong>scrito selectivamente<br />

por TT. Klein fornece vários exemplos para ilustrar esta relação. Vejamos dois <strong>de</strong>les, que<br />

nos parecem bastante elu<strong>da</strong>ci<strong>da</strong>tivos <strong>da</strong> perspectiva <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> pelo autor. No enunciado<br />

“The light was on”, TSit correspon<strong>de</strong> a “the be on of the light” e TT correspon<strong>de</strong> ao<br />

componente <strong>de</strong>finido, ou seja, é o momento a que a forma verbal <strong>de</strong> Past Simple “was”<br />

confina TSit. Outro exemplo a consi<strong>de</strong>rar é o seguinte: “What did you see when you entered<br />

the room?”, em que é claramente fixado um TT, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente através <strong>da</strong> oração<br />

temporal.<br />

A literatura <strong>da</strong> especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> tem abor<strong>da</strong>do e interpretado <strong>de</strong> forma profícua o<br />

conceito <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> referência introduzido por Reichenbach. As análises elabora<strong>da</strong>s para a<br />

9 É na própria activi<strong>da</strong><strong>de</strong> enunciativa que se gera um marco referencial temporal inequívoco (Fonseca 1994:<br />

177).<br />

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