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cuidado_condicoes_atencao_primaria_saude

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O CUIDADO DAS CONDIÇÕES CRÔNICAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDEA clínica colaborativa e centrada na pessoa marca, de forma importante, asdiferenças da APS prestada pelo modelo tradicional e pela ESF. A APS tradicionalconforma-se com base na tríade de médicos especialistas que são formados namesma estrutura técnica e ideológica da pós-graduação de especialistas, com forteprevalência dos elementos do flexnerianismo, o que significa uma visão biomédica,não holística, centrada na doença e prescritiva. O modelo tradicional dificilmentevaloriza a dimensão não biomédica das enfermidades e dificulta, se não impossibilita,a instauração do princípio da longitudinalidade. Diferentemente, espera-se que aformação dos profissionais da ESF, dentre eles o médico de família e comunidade, sejaradicalmente diferente, inscrita num paradigma pós-flexneriano e focada numa visãoholística e não prescritiva que é a base da atenção colaborativa e centrada na pessoa.Um dos pontos mais importantes na crítica aos sistemas fragmentados de atençãoà saúde, com foco nas condições agudas e nas agudizações das condições crônicas,é a destituição das pessoas usuárias como agentes de sua saúde, o que se expressa,rotineiramente, na queixa sistemática dessas pessoas de que não são ouvidas pelaequipe de saúde e de que não participam proativamente de seu tratamento (288, 695) .Nesse sentido, o uso corriqueiro da palavra paciente, para referir aquele a quem os<strong>cuidado</strong>s de saúde são prescritos, caracteriza muito bem as pessoas que se apresentam,de forma passiva, à atenção à saúde. Isso porque paciente, na sua expressãodicionarizada, é aquele que perdeu sua condição de agente.Por outro lado, a atenção à saúde prescritiva e centrada na doença é, também,frustrante para os profissionais de saúde, especialmente os da ESF, porque eles têmpequeno controle sobre o seu processo de trabalho e porque estão permanentementepressionados por metas de produtividade e estressados pela pequena variabilidadede sua prática clínica cotidiana (288) .Há evidências que atestam a passividade das pessoas usuárias nas suas relaçõescom as equipes de saúde. Um estudo de 1.000 consultas filmadas, realizadas por124 médicos, mostrou que as pessoas usuárias participaram das decisões clínicasem, apenas, 9% do tempo (696) . Outro estudo evidenciou que, enquanto metadedas pessoas usuárias gostaria deixar a decisão clínica final para seus médicos,96% prefeririam receber opções de escolhas e ter suas opiniões consideradas pelosmédicos (697) . Uma pesquisa atestou que as pessoas tendem a participar maispositivamente na atenção à sua saúde quando são encorajadas a fazê-lo por seusmédicos (698) . As decisões de participar proativamente na atenção à saúde podemvariar em diferentes países, segundo as culturas particulares, sendo de 91% naSuíça e de 44% na Espanha (699) . 50% a 70% das consultas, mesmo para doençascrônicas, são meramente informativas porque estão organizadas na lógica da245

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