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254 Introdução à Teoria Geral da Administração· IDALBEiUO CHIAVENATO

NO INÍCIO DO SÉCULO XX, MAX WEBER,

um sociólogo alemão, publicou uma bibliografia a

respeito das grandes organizações da sua época.

Deu-lhes o nome de burocracia e passou a considerar

o século XX como o século das burocracias, pois

achava que essas eram as organizações características

de uma nova época, plena de novos valores e de

novas exigências. O aparecimento das burocracias

coincidiu com o despontar do capitalismo, graças a

inúmeros fatores, dentre os quais a economia do

tipo monetário, o mercado de mão-de-obra, o aparecimento

do estado-nação centralizado e a divulgação

da ética protestante (que enfatizava o trabalho

como um dom de Deus e a poupança como forma

de evitar a vaidade e a ostentação).

As burocracias surgiram a partir da era vitoriana .

como decorrência da necessidade que as organizações

sentiram de ordem e de exatidão e das reivindicações

dos trabalhadores por um tratamento justo e

imparcial. O modelo burocrático de organização

surgiu como uma reação contra a crueldade, o nepotismo

e os julgamentos tendenciosos e parcialistas,

típicos das práticas administrativas desumanas e

injustas do início da Revolução Industrial. Basicamente,

a burocracia foi uma invenção social aperfeiçoada

no decorrer da Revolução Industrial, embora

tenha suas raízes na Antigüidade histórica, com a

finalidade de organizar detalhadamente e de dirigir

rigidamente as atividades das empresas com a maior

eficiência possível. Rapidamente, a forma burocrática

de Administração alastrou-se por todos os tipos

de organizações humanas, como indústrias, empresas

de prestação de serviços, repartições públicas e

órgãos governamentais, organizações educacionais,

militares, religiosas, filantrópicas etc., em uma crescente

burocratização da sociedade. O século XX representa

o século da burocracia. A organização burocrática

é monocrática e está sustentada no direito

de propriedade privada. Os dirigentes das organizações

burocráticas - sejam os proprietários ou não ­

possuem um poder muito grande e elevado status

social e econômico. Passaram a constituir uma poderosa

classe social.

A respeito dessa nova classe de dirigentes, Burnham

1 parte do princípio de que nem o capitalismo

nem o socialismo terão longa duração. O sistema do

futuro será o gerencialismo (managerialism) e a

nova classe dirigente do mundo, os administradores.

O capitalismo, no sentido de propriedade, está

ultrapassado e tende a desaparecer, constituindo

apenas uma pequena fração no tempo da história

humana. A classe dos gerentes nos levará a uma Revolução

Gerencial e, com ela, a uma sociedade dirigida

por gerentes, isto é, por administradores profissionais.

O capitalismo está com seus dias contados

devido à sua incapacidade de resolver os grandes

problemas da humanidade, como o endividamento

público e privado, o desemprego em massa,

a depressão econômica, a precária distribuição da

riqueza etc. Os fundamentos básicos do capitalismo,

como a propriedade privada, a iniciativa privada

e o individualismo, não seriam mais aceitos na

sociedade do porvir. Também o socialismo estaria

falido e prestes a desaparecer. A classe operária estaria

se esvaziando e se tornando classe média. Os

países socialistas estariam dominados por uma classe

dominante, divorciada dos interesses do povo: os

burocratas. Para Burnham, os gerentes seriam, no

futuro, a nova classe dominante, a política seria dominada

pela administração e pela economia, as posições-chave

seriam ocupadas por gerentes profissionais.

Uma nova ideologia seria desenvolvida: maior

ênfase no planejamento em detrimento da liberdade

individual, mais responsabilidades e ordem do

que direitos naturais, mais empregados do que oportunidades

de emprego, o Estado torna-se proprietário

dos principais meios de produção.

No fundo, Burnham retrata o início de uma nova

preocupação .dentro da teoria administrativa: a visão

de uma nova sociedade de organizações. O primeiro

teórico das organizações foi incontestavelmente

Max Weber. Weber estudou as organizações

sob um ponto de vista estruturalista, preocupando-se

com sua racionalidade, isto é, com a relação

entre os meios e recursos utilizados e os objetivos a

serem alcançados pelas organizações burocráticas.

A organização por excelência, para Weber, é a burocracia.

Com o aparecimento, crescimento e proliferação

das burocracias, a teoria administrativa - até então

introspectiva e voltada apenas para os fenômenos

internos da organização - ganhou uma nova dimen-

& :.

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