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Introdução à Teoria Geral da Administração· IDALBERTO CHIAVENATO

A PALAVRA. CONTINGÊNCIA SIGNIFICA ALGO inceno

ou eventual, que pode suceder ou não, dependendo

das circunstâncias. Refere-se a uma proposição

cuja verdade ou falsidade somente pode ser conhecida

pela experiência e pela evidência, e não pela

razão. A abordagem contingencial salienta que não

se alcança a eficácia organizacional seguindo um único

e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não

existe uma forma única e melhor para organizar no

sentido de se alcançar os objetivos variados das organizações

dentro de um ambiente também variado.

Os estudos recentes sobre as organizações complexas

levaram a uma nova perspectiva teórica: a estrutura

da organização e seu funcionamento são dependentes

da sua interface com o ambiente externo. Diferentes

ambientes requerem diferentes desenhos organizacionais

para obter eficácia. Torna-se necessário

um modelo apropriado para cada situação. Por

outro lado, diferentes tecnologias conduzem a diferentes

desenhos organizacionais. Variações no ambiente

ou na tecnologia conduzem a variações na estrutura

organizacional. Estudos de Dill, l Burns e

Stalker,2 Chandler,3 Fouraker e Stopford,4 Woodward,5

Lawrence e Lorsch,6 entre outros, demonstraram

o impacto ambiental sobre a estrutura e o

funcionamento das organizações. O paradigma mostrado

é similar ao modelo de estímulo-resposta proposto

por Skinner ao nível individual, que se preocupa

com a adequação da resposta, deixando de lado

os processos pelos quais um estímulo resulta na emissão

de uma resposta. Para Skinner,7 o comportamento

aprendido opera sobre o ambiente externo para

nele provocar alguma mudança. Se o comportamento

causa uma mudança no ambiente, então a mudança

ambiental será contingente em relação àquele

comportamento. A contingência é uma relação do

tipo se-então.

O conceito skinneriano de contingência envolve

três elementos: um estado ambiental, um comportamento

e uma conseqüência. Skinner enfatiza as

conseqüências ambientais como mecanismos controladores

do comportamento aprendido. O comportamento

atua sobre o ambiente para produzir

uma determinada conseqüência. Ele pode ser mantido,

reforçado, alterado ou suprimido de acordo

com as conseqüências produzidas. Portanto, o comportamento

é função de suas conseqüências. Essa

abordagem é eminentemente externa: enfatiza o

efeito das conseqüências ambientais sobre o comportamento

observável e objetivo das pessoas.

A abordagem contingencial marca nova etapa na

TGA pelas seguintes razões:

1. A Teoria Clássica concebe a organização

como um sistema fechado, rígido e mecânico

("teoria da máquina"), sem nenhuma conexão

com seu ambiente exterior. A preocupação

dos autores clássicos era encontrar a "melhor

maneira" (the best way) de organizar, válida

para todo e qualquer tipo de organização.

Com esse escopo, delineia-se uma teoria normativa

e prescritiva (como fazer bem as coisas),

impregnada de princípios e receitas aplicáveis

a todas as circunstâncias. O que era válido

para uma organização era válido e generalizável

para as demais organizações.

2. A Teoria das Relações Humanas - movimento

eminentemente humanizador da teoria das organizações

-, apesar de todas as críticas que fez

à abordagem clássica, não se livrou da concepção

da organização como um sistema fechado,

já que também sua abordagem era voltada para

o interior da organização. Nessa abordagem

introvertida e introspectiva, a maior preocupação

era o comportamento humano e o relacionamento

informal e social dos participantes em

grupos sociais que moldam e determinam o

comportamento individual. A tônica das relações

humanas foi a tentativa de deslocar o fulcro

da teoria das organizações do processo e

dos aspectos técnicos para o grupo social e os

aspectos sociais e comportamentais. O que era

válido para uma organização humana era válido

e generalizável para as demais organizações.

Da mesma forma, permaneceu o caráter normativo

e prescritivo da teoria, impregnada de

princípios e receitas aplicáveis a todas as circunstâncias.

3. A Teoria da Burocracia caracteriza-se também

por uma concepção introvertida, restrita e limitada

da organização, já que preocupada

apenas com os aspectos internos e formais de

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