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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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O professor pode programar contingências positivas com uma educação mais humanizada, criativa,<br />

considerando a história e o potencial dos alunos, porém deve adequar-se as normas pedagógicas<br />

exigindo provas, notas, fazendo cobranças, impondo o mesmo ritmo a todos os alunos que integram<br />

um universo diversificado (Roncaglio, 2004). Portanto, as práticas culturais do universo acadêmico<br />

imporão variáveis que pod<strong>em</strong> dificultar a relação e, consequent<strong>em</strong>ente, o processo de ensino e<br />

aprendizag<strong>em</strong>.<br />

Fatores institucionais como a questão salarial, a obrigação de ensinar disciplinas que, por vezes,<br />

não condiz<strong>em</strong> com seus pressupostos, probl<strong>em</strong>as na relação com outros professores e a falta de<br />

reconhecimento do seu trabalho pela comunidade <strong>em</strong> geral e a instituição pod<strong>em</strong> fazer com que o<br />

ambiente de trabalho adquira função aversiva, controlando o comportamento do professor <strong>em</strong> sala<br />

de aula e tornando deficientes as contingências presentes na relação. Estas contingências aversivas<br />

pod<strong>em</strong> estar diretamente ligadas ao comportamento dos alunos. Alunos desinteressados, que não<br />

apresent<strong>em</strong> resultados satisfatórios, que se mostram apáticos ao conteúdo ministrado e ao professor,<br />

e o sentimento de desvalorização vivenciado por este profissional pod<strong>em</strong> diminuir a probabilidade<br />

do professor se engajar na busca por uma relação saudável e agradável.<br />

O mesmo pode ser vislumbrado para o aluno. Contingências planejadas pelo professor e a<br />

instituição pod<strong>em</strong> ter função extr<strong>em</strong>amente aversivas, contribuindo para dificuldades na relação. A<br />

exposição dos alunos diante de questionamentos do professor e devolutivas coletivas sobre provas<br />

e trabalhos <strong>em</strong> sala de aula poderão gerar desde subprodutos <strong>em</strong>ocionais como medo, ansiedade<br />

(Sidman, 1995), a diminuição da frequência do comportamento de se expor, e generalizar-se para<br />

outras áreas de sua vida, além de não sanar dúvidas.<br />

Um professor com comportamentos autoritários que impede a manifestação dos alunos pode ser<br />

t<strong>em</strong>ido ao invés de respeitado. Neste contexto, professor e conteúdo ministrado pod<strong>em</strong> ser pareados<br />

aos estímulos aversivos verbais e não verbais <strong>em</strong>itidos por ele.<br />

As contingências aversivas presentes no cenário da educação foram amplamente criticadas por<br />

Skinner (1972). O ensino deve ser “um arranjo de contingências de reforço sob as quais o aluno<br />

aprende” (p.62). Porém, como analisado, variáveis institucionais e da própria relação com o aluno<br />

pod<strong>em</strong> constituir contingências aversivas. As próprias estratégias utilizadas como mecanismos de<br />

avaliação, cobranças e notas são variáveis que denotam propriedades aversivas.<br />

Segundo Skinner (1972), para atuar com eficiência como mediador da aprendizag<strong>em</strong>, o professor<br />

terá que atentar para ao menos dois fatores: (1) os comportamentos do aluno que estejam de acordo<br />

com os comportamentos-alvo, ou seja, os repertórios que a escola se propôs a ensinar; e (2) liberar<br />

consequências (reforçadoras) que possam fortalecer esses comportamentos-alvo. Caso a relação<br />

não seja pautada <strong>em</strong> reforçadores positivos, frequent<strong>em</strong>ente serão vistos comportamentos de<br />

contracontrole por parte dos alunos. Esta tentativa de aliviar ou escapar de estímulos que causam<br />

sofrimento pode ser descrita <strong>em</strong> forma de atrasos para as aulas, indiferença às explicações, conversas<br />

com colegas, realização de outras atividades no período de aula, evasão escolar. O “não aprender”<br />

parece se constituir numa forma de defesa contra as “agressões coercitivas” utilizadas pelo professor<br />

(Skinner, 1972; 1990).<br />

Por outro lado, se há a presença de contingências positivas na relação professor-aluno, o aprendizado<br />

parece ser facilitado, havendo maior compreensão do conteúdo, motivação, questionamentos e<br />

comunicação. Para a construção de uma relação pautada mais <strong>em</strong> reforçamento positivo e menos<br />

<strong>em</strong> punições ou reforçamento negativo, algumas variáveis parec<strong>em</strong> ser importantes. Poder ouvir e<br />

ser ouvido representa ferramenta fundamental para a construção de uma relação saudável, pautada<br />

na consideração e respeito mútuos. Bentes (2007) observou que para alunos com dificuldades de<br />

aprendizag<strong>em</strong>, o diálogo mostrou-se como uma compreensão do professor às suas necessidades e<br />

resultados de melhora na aprendizag<strong>em</strong>. Isto indica para o atentar do professor ser mais atencioso,<br />

receptivo, pronto a ouvir. Esta flexibilidade, com menor autoritarismo, parece contribuir para uma<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Chippari . Samelo . Capelari<br />

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