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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Neves . Santos . Araújo . Borges . Quinta . Martins<br />

458<br />

conseqüências e que grande parte deles é aprendida e não reflexa. Skinner d<strong>em</strong>onstrou a função<br />

desses comportamentos e não os atribuiu a um estado mental ou a uma estrutura interna, mas à<br />

relação do organismo com o ambiente que o circunda e as consequências de seu comportamento. O<br />

condicionamento operante é um processo que se tornou possível pela própria seleção natural e que<br />

permite aos organismos, ao longo de suas vidas, lidar<strong>em</strong> com ambientes mutáveis. Para os analistas<br />

do comportamento, a modelag<strong>em</strong> do comportamento funciona exatamente da mesma forma que a<br />

evolução das espécies (Baum, 1994). No ambiente natural, certos comportamentos são modelados<br />

pelas contingências de acordo com a seleção natural.<br />

No entanto, a vida do indivíduo é muito curta perante ao grande repertório que ele precisa aprender.<br />

Assim, Skinner aponta a importância do papel das variáveis provenientes da comunidade verbal na<br />

qual o indivíduo esta inserido. A cultura é entendida, então, como um conjunto de contingências<br />

especiais mantidas por um ambiente social evoluído (Skinner, 1953). Os comportamentos são, <strong>em</strong><br />

grande parte, adquiridos a partir da nossa comunidade verbal. Para haver cultura, é necessário ter<br />

uma característica que seja própria dos seres humanos, ou seja, o comportamento verbal, pelo qual<br />

se dá o reforçamento social dos comportamentos mantidos <strong>em</strong> uma cultura. Skinner (1957) propõe<br />

estudar o comportamento verbal como uma maneira alternativa de compreender a linguag<strong>em</strong>,<br />

tratando-a como comportamento aprendido na interação com o meio social.<br />

O comportamento verbal é o comportamento cujo reforço é mediado por outra pessoa<br />

especialmente treinada por sua comunidade para esta mediação (Skinner, 1957). Devido à eficácia<br />

no processo de comunicação proveniente do comportamento verbal, aumentou-se a habilidade de<br />

conhecer as coisas e de se autoconhecer. Assim, a busca das variáveis de controle do comportamento<br />

humano é muitas vezes baseada <strong>em</strong> comportamento verbal, ou seja, <strong>em</strong> relatos verbais.<br />

Os autorrelatos foram definidos por Skinner (1957) como um comportamento verbal <strong>em</strong>itido<br />

pelo indivíduo <strong>em</strong> relação a si mesmo. Os autorrelatos têm sido amplamente utilizados como<br />

ferramentas de investigação e intervenção <strong>em</strong> Medicina, Psicologia e outras áreas que lidam com<br />

o hom<strong>em</strong> (de Rose, 1997). Ser capaz de descrever o comportamento e as variáveis que o controlam<br />

pode ser o início de um processo de “estar cônscio”, que também é denominado autoconhecimento<br />

(Catania, Lowe & Horne,1990; Horne & Lowe, 1996). Destarte, pode-se dizer que o indivíduo se<br />

autoconhece quando ele próprio relata seu comportamento e as condições <strong>em</strong> que ocorre (Marçal,<br />

2004). Pesquisas <strong>em</strong>píricas utilizando procedimentos de manipulações das relações entre dizer-fazer<br />

e dizer-dizer têm sido realizadas para investigar o autoconhecimento e suas implicações na mudança<br />

do comportamento <strong>em</strong> diferentes contextos, <strong>em</strong> especial na clínica (Beckert, 2005).<br />

O objetivo do presente estudo foi fazer uma investigação, a partir do relato verbal de crianças,<br />

sobre a percepção que elas têm da causa de sua obesidade e a noção de multicausalidade deste<br />

probl<strong>em</strong>a. Assim, investigou-se o que as crianças acreditam que precisam fazer para perder peso,<br />

o que elas já fizeram para atingir este objetivo e a correspondência entre estas variáveis (causas,<br />

mudanças necessárias e mudanças realizadas). A análise proposta no presente trabalho foi, portanto,<br />

de correspondência entre relatos verbais, entre o dizer-dizer.<br />

Método<br />

Participantes<br />

O critério utilizado para o recrutamento foi a identificação do aspecto físico das crianças e préadolescentes<br />

que viviam no meio dos pesquisadores ou nas escolas que autorizaram a realização da<br />

pesquisa. Participaram deste estudo 50 crianças e pré-adolescentes, sendo: 24 meninas e 26 meninos,<br />

de sete a onze anos com diagnóstico de sobrepeso ou obesidade de acordo com o IMC (Índice de<br />

Massa Corpórea)*, que variou de 20 a 39,8 (Halpern & Rodrigues, 2006). Para classificação do IMC

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