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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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“O comportamento verbal aumentou consideravelmente a importância de um terceiro tipo de seleção<br />

por consequências: a evolução dos ambientes sociais ou culturais. O processo presumivelmente se inicia<br />

no nível do indivíduo. Uma melhor maneira de fabricar uma ferramenta, de produzir alimentos ou de<br />

ensinar a uma criança é reforçada por suas consequências – respectivamente, a ferramenta, os alimentos<br />

ou um ajudante útil. A cultura evolui quando práticas que se originam dessa maneira contribu<strong>em</strong><br />

para o sucesso de um grupo praticante <strong>em</strong> solucionar os seus probl<strong>em</strong>as. É o efeito sobre o grupo, e<br />

não as consequências reforçadoras para seus m<strong>em</strong>bros, o responsável pela evolução da cultura. Em<br />

suma, então, o comportamento humano é o produto conjunto de a) contingências de sobrevivência<br />

responsáveis pela seleção natural das espécies, e b) contingências de reforçamento responsáveis pelos<br />

repertórios adquiridos por seus m<strong>em</strong>bros, incluindo c) contingências especiais mantidas por um<br />

ambiente cultural evoluído. (Em última análise, obviamente, tudo isso é uma questão de seleção natural,<br />

uma vez que o condicionamento operante é um processo evoluído, do qual as práticas culturais são<br />

aplicações especiais)” (Skinner, 1981/2007, pag. 131).<br />

O ambiente, de acordo com o exposto anteriormente, não é algo fixo ou estático, mas também<br />

um resultado “provisório” de uma interação, ou seja, é aquilo que existe, assim como aquilo que<br />

passa a existir a partir da resposta/ação de um organismo sobre o meio (Skinner, 1972). Os eventos<br />

ambientais inclu<strong>em</strong> aqueles antecedentes à ação do organismo (situações compostas por classes de<br />

estímulos antecedentes), quanto os que são decorrentes dessas ações (situações compostas por classes<br />

de estímulos consequentes). Segundo Botomé (2001), a complexidade das relações que constitu<strong>em</strong> e<br />

defin<strong>em</strong> cada comportamento é ainda acrescida de um ambiente <strong>em</strong> constante modificação.<br />

O aspecto crítico para um analista do comportamento é procurar descrever/d<strong>em</strong>onstrar a relação<br />

existente entre eventos ambientais e respostas, mais especificamente entre propriedades de uma classe<br />

de respostas e propriedades de uma classe de eventos ambientais – descrever o comportamento.<br />

Entendendo-se classe como todos os eventos ou todas as dimensões dos eventos que possam definir<br />

ou fazer existir uma relação (Botomé, 2001). Skinner (2003) destaca que para uma análise adequada<br />

da interação entre um organismo e seu ambiente é preciso especificar três coisas: a ocasião <strong>em</strong><br />

que a resposta ocorre, a própria resposta, e as consequências reforçadoras. Na figura 1 a seguir são<br />

apresentados esqu<strong>em</strong>aticamente os três componentes envolvidos na relação entre o que o organismo<br />

faz e o ambiente <strong>em</strong> que o faz.<br />

Situação antecedente Classe de Respostas Situação consequente<br />

O que acontece antes ou<br />

junto da ação do organismo<br />

Aquilo que um organismo faz<br />

O que acontece depois da<br />

ação de um organismo<br />

Figura 1<br />

Especificação dos três componentes da definição do comportamento como relação<br />

entre o que um organismo faz e o ambiente (anterior e posterior à ação) <strong>em</strong> que faz, e<br />

seus diferentes tipos de relação. (Botomé, 2001)<br />

Segundo Neno (2003), com a apresentação do modelo de seleção por consequências, a análise<br />

funcional passa a estar associada à noção selecionista, e não mais à mecanicista de causalidade.<br />

Ao invés de buscar um agente (interno ou externo) que origina o comportamento, a análise estará<br />

voltada para o reconhecimento “da múltipla e complexa rede de determinações de instâncias de<br />

comportamento, representada pela ação <strong>em</strong> diferentes níveis (filogênese, ontogênese e cultura) das<br />

consequências do comportamento sobre a probabilidade de respostas futuras da mesma classe” (Neno,<br />

2003, pag. 153). Ainda segundo a autora, o princípio de variação e seleção é derivado dos estudos<br />

sobre comportamento operante que d<strong>em</strong>onstram a modelag<strong>em</strong> e a manutenção de comportamentos<br />

complexos por contingências complexas.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Prado<br />

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