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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Ferreira . Fornazari . Silva<br />

192<br />

Outro fator relevante refere-se a que o câncer, na sociedade ocidental, ainda é permeado por<br />

muitos estigmas. Receber um diagnóstico de câncer ou entrar <strong>em</strong> contato com pessoas significativas<br />

ou próximas, com câncer, é o mesmo que receber uma sentença de morte, predispondo a pessoa<br />

ao sofrimento, morte, desespero, medo, dor, mutilação, deformação, contágio, abandono, perda da<br />

capacidade produtiva, perda do atrativo sexual e outras que contribu<strong>em</strong> de certa forma para um<br />

afastamento do portador de neoplasia da sociedade (Chiattone, 1992; Martins, 2001).<br />

É relevante l<strong>em</strong>brar que esses estigmas e representações também acarretam barreiras psicológicas à<br />

prevenção do câncer, onde se destaca a cancerofobia: “padrão comportamental complexo de respostas<br />

não preventivas com suas respectivas variáveis antecedentes e conseqüentes e variáveis contextuais,<br />

que faz<strong>em</strong> parte da história de vida passada e de reforçamento de cada indivíduo” (Martins, 2001,<br />

p. 308), tais como: atitudes pessimistas e fatalistas diante da vida; padrão de comportamentos não<br />

assertivos e estilo passivo de enfrentamento de situações aversivas; dificuldades de relacionamentos<br />

interpessoais; deficiência de estrutura <strong>em</strong>ocional e de repertório comportamental para lidar com<br />

frustrações, dor, sofrimento e estresse, entre outros. A falta de conhecimento sobre o assunto pode<br />

dificultar processos preventivos ligados à doença. É necessária a consciência de que todos nós estamos<br />

sujeitos a passar por essa situação, desmistificando a noção de que o câncer é apenas sinônimo de<br />

morte e resignação.<br />

A comunidade científica começa, então, a perceber que tanto o surgimento do câncer quanto<br />

sua manutenção ou r<strong>em</strong>issão vão além da natureza biomédica do probl<strong>em</strong>a, e assim nasce a Psicooncologia,<br />

na qual se pode encontrar o espaço para analisar o câncer sob a vertente da Psicologia,<br />

com múltiplas abordagens (Löhr & Amorim, 1997). Pensando através da Análise do Comportamento<br />

Aplicada, a análise funcional faz parte das etapas da avaliação comportamental, buscando as causas<br />

do comportamento <strong>em</strong> um ambiente externo segundo a posição teórica behaviorista radical. Silvares<br />

e Meyer (2000) relatam que, dessa forma, busca-se investigar comportamentos na vida do paciente<br />

que possam ter uma relação com o desenvolvimento do câncer.<br />

Skinner (1953/1998, p. 38) entende que “as variáveis externas, das quais o comportamento é função,<br />

dão marg<strong>em</strong> ao que pode ser chamado de análise causal ou funcional”. De acordo com ele, a noção de<br />

controle está implícita <strong>em</strong> uma análise funcional: “Quando descobrimos uma variável independente<br />

que possa ser controlada, encontramos um meio de controlar o comportamento que for função<br />

dela” (Skinner, 1953/1998, p. 249). Analisar as contingências das quais um comportamento é função<br />

torna-se, portanto, extr<strong>em</strong>amente importante no controle comportamental e no desenvolvimento<br />

de comportamentos saudáveis (Fornazari, 2005). Todorov (1985, p.75) define contingência como<br />

“um instrumento conceitual utilizado na análise de interações organismo-ambiente”. Contingência<br />

pode significar qualquer relação de dependência entre eventos ambientais ou entre eventos<br />

comportamentais e ambientais (Catania, 1999; Souza, 2001).<br />

As interações organismo-ambiente vivenciadas por um indivíduo determinam fundamentalmente<br />

a topografia e a função de suas respostas. As relações entre os eventos ambientais e as respostas<br />

do organismo pod<strong>em</strong> estabelecer contingências, ou seja, relações condicionais entre classes de<br />

comportamento e as classes de estímulos que lhes são antecedentes ou conseqüentes”<br />

(Ferrari, Toyoda, Faleiros & Cerutti, 2001, p.188).<br />

Analisar a relação que o indivíduo com câncer t<strong>em</strong> com o ambiente, no sentido de investigar as<br />

contingências relevantes presentes na história de vida desse indivíduo e que pod<strong>em</strong> ter contribuído<br />

para o surgimento e manutenção da doença, é importante. Possibilita compreender as possíveis<br />

hipóteses sobre fatores que pod<strong>em</strong> colaborar no aparecimento da doença. Considerando a idéia da<br />

Promoção da Saúde, <strong>em</strong> detrimento à idéia de Prevenção de Doenças (Westphal, 2006), este objetivo<br />

é fundamental para o trabalho <strong>em</strong> prevenção, priorizando a prevenção primária e levando <strong>em</strong><br />

consideração também as prevenções secundária e terciária.

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