13.04.2013 Views

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Kerbauy<br />

306<br />

Segundo Rachlin (2000) e Mischel (1972) autocontrole é a escolha (preferência) da alternativa de<br />

reforçamento maior e atrasado, sendo a escolha do estímulo reforçador menor e imediato chamado<br />

de impulsividade.<br />

V<strong>em</strong>os por essas conceituações que há solicitações do cotidiano que implicam autocontrole.<br />

Portanto, as variáveis para o trabalho com autocontrole são: 1) Identificar variáveis que influenciam<br />

o comportamento e, dentre estas, aquelas que possam ser manipuladas; 2) descrever claramente o<br />

comportamento a ser controlado; 3) especificar técnicas possíveis de se <strong>em</strong>pregar pela pessoa <strong>em</strong><br />

questão e por onde iniciar, pois é ela qu<strong>em</strong> planeja e executa. Em última instância, o controle é do<br />

ambiente que libera os reforçadores e o t<strong>em</strong>po vai tornando claros os eventos estimuladores que<br />

ocorr<strong>em</strong> regularmente e a dificuldade que apresentam. 4) Uma outra variável que requer atenção é a<br />

quantidade e qualidade dos reforçadores escolhidos e a verificação da possibilidade de manter<strong>em</strong> a<br />

importância no decorrer do t<strong>em</strong>po. Tenho observado que, quando as pessoas escolh<strong>em</strong> reforçadores<br />

materiais, estes, muitas vezes, perd<strong>em</strong> seu valor diante da atividade realizada, que passa a ser o maior<br />

reforçador. Ou seja, <strong>em</strong>itir o comportamento desejado é reforçador. Portanto, uma variável importante<br />

é a construção de ações e comportamentos verbais para a espera. Em crianças, estes comportamentos<br />

de espera pod<strong>em</strong> ser instalados através de brincadeiras; <strong>em</strong> adultos geralmente constitu<strong>em</strong>-se de<br />

um repertório verbal sofisticado permeado por análises da aprendizag<strong>em</strong> e dificuldades anteriores<br />

encontradas na <strong>em</strong>issão do comportamento.<br />

Por que o autocontrole falha<br />

Vou apontar alguns fatos decorrentes de experiência clínica. Entre eles nota-se a falta de um padrão<br />

ou modelo para especificar o comportamento desejado. Provavelmente, faltou a aprendizag<strong>em</strong><br />

de relatar o comportamento s<strong>em</strong> apresentar as desculpas pela dificuldade. Pode mesmo ser uma<br />

característica da cultura brasileira de justificar e desculpar. Geralmente, o ambiente geral é<br />

considerado o responsável e as ações de pessoas, desculpas incontornáveis.<br />

Falta um repertório de monitorar e descrever o comportamento – desde a situação, o<br />

comportamento e conseqüências – b<strong>em</strong> como pensamentos e <strong>em</strong>oções. Às vezes, um registro ou<br />

relato verbal na sessão permite esclarecer nuanças das dificuldades e possibilita um planejamento. O<br />

registro apresenta dificuldade e precisa ser modelado, iniciando-se <strong>em</strong> curto horário de t<strong>em</strong>po, com<br />

menos detalhes, e aos poucos, após o sucesso e o cliente perceber a importância destes, aumentamse<br />

colunas para registro e ped<strong>em</strong>-se mais informações. No caso do obeso, pesar-se no consultório é<br />

uma medida objetiva e que pode ser colocada <strong>em</strong> um gráfico. Aqueles clientes que detestam ver subir<br />

o peso no gráfico se beneficiam desse recurso para investir <strong>em</strong> alimentação balanceada e ou fazer<br />

exercícios ou caminhadas.<br />

Geralmente, são apresentados com facilidade, pelos clientes, relatos de pouco sono como condição<br />

para comer carboidrato, b<strong>em</strong> como stress, fadiga, desgosto por interação social. Como v<strong>em</strong>os, a<br />

análise dessas afirmações é relevante. E, claro, treino de comportamentos alternativos e analise<br />

cuidadosa sobre “desculpas” aceitáveis que no longo prazo prejudicam.<br />

Um ponto que se destaca é a dificuldade de mudar. Skinner fundamentou sua metodologia na<br />

variabilidade. As unidades de análise precisam ser definidas <strong>em</strong>piricamente e encontradas relações<br />

ordenadas. Precisamos modificar as definições e fazer observações para encontrar as relações. Nesse<br />

sentido, cada história de vida é um fenômeno naquele mundo real. Esses são os comportamentos<br />

que pod<strong>em</strong> ser conhecidos e modificados como passíveis de autocontrole. Daí a importância da<br />

auto-observação e automonitoria. Embora explicações da cultura sejam apresentadas pelos clientes,<br />

verificar <strong>em</strong> detalhe os comportamentos apresenta um caminho para resultados satisfatórios.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!