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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Percebeu-se que Júlio possuía um histórico de fracassos <strong>em</strong> relação à mat<strong>em</strong>ática e tinha<br />

desenvolvido uma série de autorregras a respeito de si e da matéria: “Eu não sou capaz de aprender<br />

mat<strong>em</strong>ática”, “É muito difícil e nunca vou entender nada”, “Gosto só de matérias humanas”, “Odeio<br />

estudar e fazer exercícios de mat<strong>em</strong>ática” (sic), entre outras verbalizações. Além disso, d<strong>em</strong>onstrava<br />

frustração <strong>em</strong> relação ao próprio des<strong>em</strong>penho ao relatar não conseguir corresponder às expectativas<br />

dos pais como gostaria. Júlio relatava, ainda, que o pai o “pressionava muito” (sic), pois dizia que ele<br />

teria que passar de ano e ir b<strong>em</strong>, principalmente <strong>em</strong> mat<strong>em</strong>ática.<br />

No primeiro momento da intervenção, o acompanhante terapêutico tinha como objetivo coletar<br />

informações a respeito do contexto <strong>em</strong> que estava inserido, para, <strong>em</strong> seguida, estabelecer as diretrizes<br />

do trabalho a ser desenvolvido com Júlio <strong>em</strong> sua casa. Este levantamento se deu a partir de dados<br />

de observação, b<strong>em</strong> como perguntas acerca do ambiente e do material de estudo, das dificuldades<br />

concretas vivenciadas, do contexto escolar (professores, amigos, estrutura pedagógica, avaliações),<br />

questões de vida social, entre outros aspectos.<br />

A partir do levantamento realizado, foi proposto o delineamento dos atendimentos domiciliares<br />

que se organizaria cronologicamente da seguinte maneira: preparação do ambiente e material de<br />

estudo, revisão das prioridades do dia, momento do estudo propriamente dito e, finalizando, o<br />

momento de lazer pós-estudo –todas as etapas realizadas ao longo de todos os atendimentos (Pergher<br />

& Velasco, 2007).<br />

Referente ao ambiente e material de estudo, verificou-se que Júlio possuía um lugar adequado<br />

para estudar, composto por uma bancada grande, b<strong>em</strong> iluminado e com pouco barulho. O próprio<br />

Júlio relatava que gostava de estudar <strong>em</strong> seu quarto. Sua agenda era b<strong>em</strong> organizada, os registros<br />

eram feitos por conta própria de todas as atividades escolares como provas, trabalhos e até dos<br />

compromissos pessoais. Além disso, seus cadernos se apresentavam organizados e divididos por<br />

matérias, anotando detalhadamente o que o professor tinha escrito na lousa e/ou o pedido para<br />

copiar do livro, entre outras tarefas.<br />

A partir dessas observações, o profissional considerou que Júlio atingiu os critérios esperados na<br />

preparação do ambiente e material, haja vista que, quando o profissional chegava a sua residência,<br />

ele elencava as prioridades (tarefas as quais tinha dificuldade de realizar naquele dia) e já mostrava a<br />

agenda, enfatizando seus compromissos escolares.<br />

Entretanto, no decorrer dos atendimentos, percebeu-se que Júlio dificilmente relatava que tinha<br />

alguma lição, prova e/ou trabalho de mat<strong>em</strong>ática, mas comentava que não tinha nenhuma tarefa a<br />

ser feita e/ou que já tinha feito com o professor, padrão comportamental com a mesma função dos<br />

comportamentos observados pela terapeuta nas sessões de consultório, quando Júlio esquecia com<br />

freqüência livros e cadernos solicitados. A partir daí, e considerando a provável aversão à matéria<br />

mat<strong>em</strong>ática, o profissional relatou que gostaria de verificar o livro/caderno de mat<strong>em</strong>ática. Após a<br />

<strong>em</strong>issão de diversas verbalizações com possível função “<strong>em</strong>pática” (“Gostaria que você me mostrasse<br />

o seu livro/caderno da matéria, pois sei que mat<strong>em</strong>ática é uma matéria que você elegeu como uma<br />

das mais complicadas, mas vamos ver juntos, estou aqui para te ajudar”), Júlio mostrou o caderno e<br />

falou que não tinha vontade de fazer nada.<br />

Neste momento do processo, Júlio relatava com frequência o medo de não passar de ano<br />

novamente e que não estava gostando de refazer todas as matérias, t<strong>em</strong>endo ficar para recuperação<br />

<strong>em</strong> mat<strong>em</strong>ática, como acontecera nos anos anteriores. Percebeu-se que Júlio apresentava também<br />

respostas autonômicas quando falava sobre mat<strong>em</strong>ática: seus lábios tr<strong>em</strong>iam, falava de modo rápido/<br />

confuso e suas pernas não paravam de balançar. Júlio se dizia muito preocupado com o que o pai<br />

pensaria dele e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, esperançoso de que a matéria mat<strong>em</strong>ática seria mais fácil do que<br />

no ano anterior, ano <strong>em</strong> que ele fora reprovado.<br />

Diante das considerações mencionadas, o profissional percebeu quanto a matéria tornou-se<br />

aversiva e elaborou hipóteses envolvidas no quadro de ansiedade mat<strong>em</strong>ática relatado:<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Colombini . Shoji . Pergher<br />

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