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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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mesolímbica, com significativa redução dos chamados sintomas positivos da psicose (delírios,<br />

alucinações, discurso e comportamento desorganizados).<br />

Infelizmente, não é possível bloquear os receptores D2 apenas na via mesolímbica, devido a essas<br />

drogas se distribuír<strong>em</strong> por todo o cérebro após a sua administração. O bloqueio de receptores D2<br />

de outras áreas do cérebro pode trazer efeitos colaterais indesejáveis para ao paciente. Nesse sentido,<br />

três vias dopaminérgicas bloqueadas pelos antipsicóticos típicos merec<strong>em</strong> destaque:<br />

• Via mesocortical: o bloqueio de receptores D2 nessa região é associado à chamada síndrome<br />

deficitária induzida por neuroléptico, marcada por lentificação psicomotora e <strong>em</strong>botamento<br />

afetivo, sintomas negativos já tão marcantes na evolução do quadro de esquizofrenia.<br />

• Via tuberoinfundibular: esta via controla a secreção de prolactina. Quando os receptores D2 são<br />

bloqueados nessa via pode haver hiperprolactin<strong>em</strong>ia, condição associada a galactorréia (secreção<br />

da mama) e amenorréia (atraso nas menstruações). Desta forma, o aumento de prolactina pode<br />

interferir com a fertilidade, principalmente na mulher.<br />

• Via nigroestriatal: quando os receptores D2 são bloqueados nessa via produz<strong>em</strong>-se distúrbios<br />

do movimento muito parecidos com os observados no mal de Parkinson, razão pela qual<br />

receb<strong>em</strong> a denominação de parkinsonismo induzido por drogas, <strong>em</strong>bora o termo “sintomas<br />

extrapiramidais” também seja utilizado, pois a via nigroestriatal faz parte do sist<strong>em</strong>a nervoso<br />

extrapiramidal. Pode haver tr<strong>em</strong>or nos m<strong>em</strong>bros, enrijecimento muscular e lentificação para se<br />

movimentar (bradicinesia).<br />

Desta forma, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que inúmeros ganhos psíquicos e interacionais foram obtidos<br />

com a descoberta e utilização dos antipsicóticos tradicionais, uma série de efeitos indesejáveis graves<br />

acompanharam os ganhos terapêuticos. Esses efeitos colaterais contribuíram, inclusive, para a idéia<br />

propagada, até mesmo <strong>em</strong> filmes, dos malefícios da intervenção farmacológica nos transtornos<br />

mentais. A psicofarmacologia realmente é uma ciência médica relativamente nova, e nas últimas<br />

décadas houve uma grande evolução no sentido do desenvolvimento de novos fármacos que<br />

trouxess<strong>em</strong> os melhores efeitos terapêuticos com minimização de efeitos colaterais, como é o caso<br />

dos chamados antipsicóticos atípicos.<br />

Antipsicóticos Atípicos<br />

Os antipsicóticos de nova geração, ou atípicos, são fármacos associados a um potencial menor<br />

de indução de sintomas extrapiramidais. Uma vez que estes sintomas são os mais perturbadores<br />

entre os efeitos colaterais dos antipsicóticos, o advento desses novos agentes constitui-se <strong>em</strong> grande<br />

avanço na psicofarmacologia. Outras características que estreitam a definição de atipicidade inclu<strong>em</strong><br />

a ausência de hiperprolactin<strong>em</strong>ia na maioria dos agentes e maior eficácia nos sintomas negativos.<br />

Do ponto de vista farmacológico, a redução dos efeitos adversos causados pelos agentes atípicos<br />

se deve ao antagonismo de serotonina e dopamina, <strong>em</strong> uma interação dinâmica nas diferentes vias<br />

dopaminérgicas do cérebro. Essa característica farmacológica representa o ponto de similaridade<br />

entre os antipsicóticos atípicos, como clozapina, risperidona, olanzapina, quetiapina e ziprazidona.<br />

O aspecto mais importante da administração dessas drogas trata-se de que, diferent<strong>em</strong>ente dos<br />

antipsicóticos convencionais, há bloqueio dopaminérgico predominante na via mesolímbica, o que<br />

é essencial para a melhora dos sintomas psicóticos positivos, mas não há predomínio do bloqueio<br />

dopaminérgico sobre a liberação da dopamina nas outras vias: mesocortical, nigroestriatal e<br />

tuberoinfundibular - associadas aos efeitos colaterais indesejados, como acentuação de sintomas<br />

negativos, parkinsonismo e hiperprolactin<strong>em</strong>ia. A possibilidade de a mesma droga trazer efeitos<br />

distintos <strong>em</strong> diferentes áreas cerebrais é possível pela influência do controle serotoninérgico na<br />

liberação de dopamina <strong>em</strong> cada via dopaminérgica.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Santos Filho . Freitas . Gomes<br />

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