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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Emerich . Rocha . Silvares<br />

168<br />

Moffatt, & Whalen, 2000; HiraSing, van Leerdam, Bolk-Bennink, & Koot, 2002; Rocha, Costa, &<br />

Silvares, 2008; Pereira, Costa, Rocha, Arantes, & Silvares, 2009).<br />

Outra questão ainda não consensual entre os estudiosos desta área é a explicação para a frequente<br />

co-ocorrência entre enurese e probl<strong>em</strong>as comportamentais. Em função disso, Von Gontard, Baeyens,<br />

Van Hoecke, Warzak e Bachman (2011) afirmaram que urologistas, pediatras ou qualquer profissional<br />

que atue com crianças com incontinência, como é o quadro de enurese, dev<strong>em</strong> ter uma compreensão<br />

básica sobre princípios psicológicos a fim de oferecer um tratamento adequado aos seus pacientes.<br />

Decorre do exposto a necessidade de se investir cada vez mais <strong>em</strong> estudos de avaliação com o<br />

objetivo de compreender melhor as experiências de crianças e de suas famílias que lidam diariamente<br />

com as conseqüências da enurese.<br />

A identificação do impacto psicológico sentido pela criança e da reação de sua família à enurese<br />

são de grande importância, uma vez que, pautado nestes aspectos, o clínico poderá identificar a<br />

melhor proposta de intervenção para cada caso. Some-se a essa constatação a de que as dificuldades<br />

comportamentais iniciadas na infância pod<strong>em</strong> se estender até a adolescência e a vida adulta (Stewart-<br />

Brown, 2003; Rutter, Kim-Cohen, & Maughan, 2006; Anselmi, et al., 2008; Copeland, Shanahan,<br />

Costello, & Angold, 2009), para se concluir que uma avaliação mais abrangente mostra-se ainda mais<br />

pertinente do que à primeira vista possa se pensar.<br />

Apesar de existir<strong>em</strong> diversos métodos para a avaliação das dificuldades comportamentais <strong>em</strong><br />

populações infantis, é crescente o reconhecimento da importância de que os instrumentos de avaliação<br />

psicológica devam ser <strong>em</strong>piricamente baseados. Dentre os vários instrumentos de avaliação desse<br />

tipo, encontram-se os inventários que compõ<strong>em</strong> o Sist<strong>em</strong>a de Avaliação Empiricamente Baseada<br />

de Achenbach (Achenbach Syst<strong>em</strong> of Empirically Based Assessment – ASEBA), que é o sist<strong>em</strong>a de<br />

avaliação baseada <strong>em</strong>piricamente mais usado e pesquisado no mundo (Achenbach & Rescorla, 2007).<br />

Duas das maiores vantagens deste modelo são: a possibilidade de comparar a percepção de<br />

diversos informantes e quantificar aspectos qualitativos do comportamento da criança que não<br />

pod<strong>em</strong> ser imediatamente acessados por outros meios (Achenbach, et al., 2008). Estas vantagens<br />

vão ao encontro de um dado amplamente consensual na literatura sobre a avaliação de probl<strong>em</strong>as de<br />

comportamento de crianças: independent<strong>em</strong>ente da queixa, as informações sobre um caso dev<strong>em</strong><br />

ser provenientes de vários informantes (Kra<strong>em</strong>er, Measelle, Ablow, Essex, Boyce, & Kupfer, 2003).<br />

Como as condições ambientais influenciam o comportamento da criança, e os comportamentos<br />

infantis variam <strong>em</strong> função da situação ou do padrão de relacionamento com a pessoa com qual a<br />

criança está se relacionando (McConaugh, 2005), é importante considerar informações de diversas<br />

fontes, b<strong>em</strong> como o nível de acordo e de discordância entre elas (Kra<strong>em</strong>er, Measelle, Ablow, Essex,<br />

Boyce, & Kupfer, 2003).<br />

Entretanto, as pesquisas que utilizam mais de uma fonte de informação têm encontrado baixas<br />

taxas de concordância e, quando muito, índices de correlação que variam de baixo a moderado<br />

(De los Reyes & Kazdin, 2005). Estes dados evidenciam que todos os métodos de avaliação estão<br />

sujeitos a vieses, e também nos levam à conclusão de que uma boa avaliação exige a combinação<br />

de diversos instrumentos de avaliação, incluindo questionários, observação, entrevistas e testes<br />

(Achenbach, et al., 2008).<br />

Considerando que as crianças geralmente passam por tratamento porque os adultos reconhec<strong>em</strong> a<br />

necessidade de intervenção e são incapazes de fornecê-la (Shirk & Saiz, 1992), julga-se que a inclusão<br />

de múltiplos métodos de obtenção de informações, além de múltiplas fontes, é bastante pertinente.<br />

A partir dessas considerações, destaca-se a importância de um momento de interação entre o<br />

clínico e a criança, de modo integrá-la no seu processo de avaliação e iniciar um vínculo terapêutico.<br />

Por meio da entrevista clínica, o psicólogo pode fazer uma observação direta do comportamento da<br />

criança, b<strong>em</strong> como de seus sentimentos e estilos de interação, além de ter dados sobre a percepção<br />

que a criança t<strong>em</strong> de suas próprias dificuldades, competências, de sua vida <strong>em</strong> geral e dos estímulos

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