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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Um sist<strong>em</strong>a de escravidão tão b<strong>em</strong> concebido que não gera revolta constitui<br />

a verdadeira ameaça. A literatura da liberdade t<strong>em</strong> pretendido tornar o hom<strong>em</strong><br />

“consciente” das formas de controlo aversivo, mas, <strong>em</strong> conseqüência da sua escolha de<br />

métodos, acabou por não libertar o escravo feliz (Skinner, 1971/2000, p. 37)<br />

Admitir que o controle existe permite descrever e analisar como, por que e para que ele ocorre,<br />

possibilitando ao indivíduo dominar técnicas e criar condições para manipular as contingências,<br />

visando melhorias não apenas para si, mas para a sociedade como um todo. Skinner (1971/2000)<br />

atenta para o fato de que o probl<strong>em</strong>a consiste <strong>em</strong> libertar o hom<strong>em</strong>, não de todo o controle (até porque<br />

isso seria impossível), mas sim de certas espécies de controle. E “pod<strong>em</strong>os ficar com a observação de<br />

que, quanto menos nosso comportamento for modelado por punição e ameaça de punição – quanto<br />

mais nossas escolhas for<strong>em</strong> guiadas por reforço positivo – tanto mais nos sentir<strong>em</strong>os livres e felizes”<br />

(Baum, 1994/2006, p. 192).<br />

Considerações Finais<br />

Estou convencido das minhas próprias limitações - e esta convicção é minha força.<br />

(Mahatma Gandhi)<br />

Deveríamos nos considerar como livres ou não livres a partir das coisas que faz<strong>em</strong>os ou das relações<br />

que estabelec<strong>em</strong>os com o mundo? A discussão fundamental é sobre o nosso próprio comportamento<br />

verbal de tato nas condições que denominamos como livres. O que é que chamamos de liberdade? E<br />

como o behaviorismo entende o que as pessoas chamam de liberdade?<br />

A consciência (conhecimento, descrição e análise) das variáveis que controlam o comportamento<br />

é que proporciona ao indivíduo possibilidades reais de manipulação do ambiente, e talvez isso<br />

seja liberdade: saber e usar os “limites do seu próprio poder”. Neste sentido, consideramos o<br />

autoconhecimento como um potencializador da aprendizag<strong>em</strong> do repertório de autocontrole.<br />

Talvez uma grande função do autocontrole seja evitar que a pessoa viva uma “falsa liberdade”,<br />

controlada por reforçadores imediatos que pod<strong>em</strong> ser, na verdade, “armadilhas de reforço”, e pod<strong>em</strong><br />

ter consequências futuras aversivas. Neste sentido, o autocontrole liberta?!<br />

Conseguindo identificar as razões pelas quais nos comportamos, pod<strong>em</strong>os também “moldar” nossas<br />

vidas de acordo com as possibilidades que o ambiente nos fornece, aprender a lidar assertivamente<br />

<strong>em</strong> situações de conflito e prever as possíveis conseqüências de nossas escolhas -- isto pode gerar este<br />

sentimento de liberdade, que também é percebido quando não se é punido pelas próprias escolhas.<br />

Cada pessoa t<strong>em</strong> uma história de aprendizag<strong>em</strong> diferente, e dependendo da cultura à qual pertence,<br />

valoriza-se mais ou menos a consciência – identificação/descrição das variáveis que controlam os<br />

comportamentos. Numa cultura <strong>em</strong> que este repertório é pouco valorizado, as pessoas pod<strong>em</strong> ter<br />

mais dificuldade de desenvolver repertório de autoconhecimento (identificação e descrição das<br />

variáveis que controlam o seu comportamento).<br />

A missão do psicólogo deveria ser, então, auxiliar o desenvolvimento/aprendizag<strong>em</strong> do<br />

autoconhecimento, repertório primordial para que as pessoas possam aprender a prever as<br />

consequências de cada ato, levando <strong>em</strong> consideração as variáveis pregressas, o contexto no qual ele<br />

ocorre, e, quando necessário, aprender a utilizar seus repertórios de autocontrole, ou seja, lidar de<br />

forma mais proveitosa com situações de conflito e ampliar suas possibilidades de “sentir-se livre”.<br />

E, além disso, participar ativamente, propondo e discutindo sobre mudanças nas políticas públicas<br />

de diversos t<strong>em</strong>as, estruturas e práticas comuns das agências controladoras etc., visando contribuir<br />

para a criação de um ambiente que possibilite que seus indivíduos sejam e sintam-se livres, com o<br />

mínimo possível de controle aversivo.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Andrade . Regis Neto<br />

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