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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Hessel . Borloti . Haydu<br />

284<br />

comportamentos. Quando o indivíduo apresenta as respostas <strong>em</strong>ocionais do medo ou da ansiedade,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, tais <strong>em</strong>oções afetam tudo que o organismo estiver fazendo naquele ambiente e <strong>em</strong> outros<br />

relacionados. Assim, por ex<strong>em</strong>plo, o indivíduo pode apresentar diarréia, dor de cabeça (perturbações<br />

fisiológicas), gaguejar, “ter brancos” no pensamento (perturbações do repertório verbal) ou ficar de<br />

“perna bamba” (perturbação do repertório motor), além de apresentar aumento de probabilidade de<br />

fugir ou esquivar-se da situação, agredir etc.<br />

Para um analista do comportamento, a afirmação do senso comum de que a ação do indivíduo<br />

ansioso foi “causada” pela ansiedade não ajuda a compreender e a promover mudanças de<br />

comportamento. Para isso ocorrer é necessário que se determin<strong>em</strong> as relações de contingência, ou<br />

seja, que se especifiqu<strong>em</strong> as varáveis que levam o indivíduo a se comportar daquela forma. Uma<br />

vez que se tenha conhecimento dessas variáveis, passa a existir a possibilidade de alterá-las e, assim,<br />

conduzir um processo terapêutico.<br />

Os transtornos da ansiedade afetam a população geral com maior frequência do que qualquer<br />

outro transtorno psicológico. Segundo Lepine (2002), só nos Estados Unidos, o número de pessoas<br />

que sofre ou sofreu com transtornos de ansiedade chega a 15,7 milhões. No Brasil, os dados não são<br />

muito diferentes: as fobias e a ansiedade são os principais probl<strong>em</strong>as de saúde mental da população<br />

urbana, com prevalência global de distúrbios psiquiátricos (EPG) variando de 8 a 18% (Almeida<br />

Filho et al., 1992). Portanto, a ansiedade compõe um comportamento <strong>em</strong>ocional comum nas várias<br />

experiências, envolvendo exigências, responsabilidades, d<strong>em</strong>andas e outras contingências aversivas<br />

sociais das quais a esquiva é, muitas vezes, impossível, o que justifica a necessidade de explorar tal<br />

assunto com o objetivo de contribuir para a compreensão desse comportamento <strong>em</strong>ocional a partir<br />

das contingências que o mantêm. Com base na visão comportamental da ansiedade – como “um<br />

conjunto de predisposições <strong>em</strong>ocionais atribuídas a um tipo especial de circunstâncias” (Skinner,<br />

2000 p. 198) <strong>em</strong> relações de contingência – será apresentada, no presente capítulo, a análise funcional<br />

geral da ansiedade, focalizando, de modo específico, a função que os eventos privados do tipo pensar<br />

têm nesse tipo de contingência.<br />

Definição de ansiedade<br />

A ansiedade, como componente de um comportamento <strong>em</strong>ocional, é um conjunto de estados<br />

corporais eliciados por estímulos aversivos, que “perturba” ou “desintegra” o des<strong>em</strong>penho operante,<br />

no sentido de mudar a probabilidade do operante diante da “situação de perigo” que indica a ocasião<br />

para um “dano iminente” ao organismo (Skinner, 1991, p. 18). Assim, na definição da <strong>em</strong>oção<br />

ansiedade é necessário considerá-la como “um estado particular de alta ou baixa frequência de uma<br />

ou mais respostas induzidas por qualquer uma dentre uma classe de operações [motivacionais,<br />

envolvendo controle aversivo]” (Skinner, 2000 p. 182). É necessário compreender todas as<br />

circunstâncias envolvidas na <strong>em</strong>oção e não apenas se limitar ao nome dado à condição sentida<br />

ou ao estado corporal. “Medo” e “ansiedade”, por ex<strong>em</strong>plo, ilustram a limitação dos nomes e, com<br />

frequência, são bastante confundidos: a ansiedade descreve a condição sentida diante do aumento<br />

da probabilidade do estímulo aversivo ocorrer de novo, e o medo descreve a condição sentida diante<br />

da diminuição da probabilidade de <strong>em</strong>issão de uma resposta operante que, se fosse <strong>em</strong>itida, poderia<br />

produzir o estímulo aversivo (Skinner, 1991).<br />

Quando um analista do comportamento diz que uma pessoa é fóbica, compreende-se que ele<br />

tateou uma série de interações dela com um objeto fóbico, b<strong>em</strong> como propriedades dessa série de<br />

comportamentos: respostas reflexas incondicionais e condicionais, como, por ex<strong>em</strong>plo, palidez, suor,<br />

mudança nas pulsações cardíacas e nas contrações da musculatura do rosto e do corpo; respostas<br />

operantes de fuga ou esquiva; propriedades de respostas operantes, tais como, desconcentração e<br />

desinteresse; maior probabilidade de respostas, tais como sobressaltar-se com sons repentinos e olhar

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