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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Bolsoni-Silva . Rocha . Cassetari . Daroz . Loureiro<br />

80<br />

O interesse pelo estudo das interações sociais dos estudantes se justifica, portanto, porque o ingresso<br />

na universidade traz mudanças e transformações sociais à medida que esse novo contexto exige novas<br />

d<strong>em</strong>andas de conhecimento, habilidades e competências, requerendo um processo de adaptação para<br />

se obter sucesso acadêmico e social. A aquisição das habilidades sociais também é importante para<br />

a vida profissional do indivíduo após o término da faculdade, por isso torna-se imprescindível que<br />

o treinamento dessas habilidades sociais garanta generalização dos comportamentos socialmente<br />

competentes para diversas situações sociais e para toda a vida dos indivíduos (Del Prette, Del Prette<br />

& Barreto, 1998).<br />

Habilidades Sociais e Saúde Mental do Universitário<br />

Habilidades sociais pobres apresentam estreita relação com a saúde mental do indivíduo. Segundo<br />

Becker (2003), <strong>em</strong> uma fase <strong>em</strong> que a d<strong>em</strong>anda do ambiente está acima das competências do<br />

indivíduo pod<strong>em</strong> ocorrer experiências desgastantes como o estresse, e os fatores estressores e o<br />

desajuste social facilitam o aparecimento e a recidiva de quadros depressivos (Cole, et al., 1986;<br />

Dubovsky & Dubovsky, 2004).<br />

Para examinar possíveis relações entre habilidades sociais e saúde mental, <strong>em</strong> primeiro lugar serão<br />

apresentados estudos junto à pessoas com transtornos psiquiátricos e, na sequência, descrever-se-á<br />

pesquisas com a população universitária, sejam de caracterização, sejam de intervenção.<br />

No caso dos pacientes psiquiátricos encontram-se relações entre promoção de repertório de<br />

habilidades sociais e a melhoria da saúde mental (Dam-Baggen & Kraaimaat, 2000; Oe & Okagami,<br />

1998; Woods, Reed & Collins, 2003; Seo, Ahn, Byun & Kim, 2007; Stravynski et. al., 2000) no que se<br />

refere à avaliação de pacientes internos <strong>em</strong> hospitais psiquiátricos. Outras pesquisas, também com<br />

pacientes psiquiátricos (Alden & Mellings, 2004; Voges & Addington, 2005), encontraram relações<br />

negativas entre ansiedade social (saúde mental) e funcionamento social (que inclu<strong>em</strong> habilidades<br />

sociais).<br />

Ex<strong>em</strong>plificando, destaca-se o estudo de Seo, Ahn, Byun e Kim (2007) que examinaram os efeitos<br />

do treinamento de habilidades sociais sobre a promoção de habilidades sociais (conversação,<br />

assertividade e resolução de probl<strong>em</strong>as) e de auto-estima junto a 66 pacientes com esquizofrenia<br />

crônica. A relação de conversação interpessoal e habilidades de assertividade e auto-estima do grupo<br />

experimental mostraram melhora significativa, enquanto as habilidades de resolução de probl<strong>em</strong>as<br />

não melhoraram. Essa pesquisa indica resultados interessantes, mas não avaliou amplamente as<br />

habilidades sociais, tais como as que envolv<strong>em</strong> expressão de sentimentos positivos.<br />

Analisando-se os estudos referidos pode-se afirmar que as habilidades sociais estão associadas<br />

à saúde mental <strong>em</strong> pacientes psiquiátricos. Nota-se também que a maioria dos estudos, sejam de<br />

caracterização ou de intervenção, teve por <strong>foco</strong> pacientes fóbicos ou ansiosos, e poucos estudos<br />

abordaram tais relações junto a pacientes depressivos ou psicóticos.<br />

Nos estudos relativos às HS e a universidade encontram-se resultados na mesma direção do que já<br />

foi apontado anteriormente, ainda que para alguns autores a relação entre habilidades sociais e saúde<br />

mental não se verifique.<br />

Diversas pesquisas atestam que vivências acadêmicas, quando não garant<strong>em</strong> ao universitário uma<br />

boa qualidade de vida, tornam-se experiências estressantes, podendo tanto influenciar no rendimento<br />

acadêmico como facilitar o aparecimento de quadros depressivos (Becker, 2003; Ciarrochi, Deane<br />

& Anderson, 2002; Cole, Lazarick & Howard, 1986; Furtado et. al., 2003), além de favorecer a<br />

tendência ao abandono escolar (McGaha & Fitzpatrick, 2005). Baker (2003), <strong>em</strong> uma amostra de<br />

104 estudantes, verificou correlação positiva entre resolução de probl<strong>em</strong>as e ajustamento, motivação<br />

e des<strong>em</strong>penho acadêmico. Veenman, Wilhelm e Beishuizen (2004) identificaram que habilidades<br />

de autorregulação, autocontrole e monitoria do próprio comportamento foram preditivas de

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