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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Neves Neto<br />

470<br />

(Al<strong>em</strong>anha), entre outros, categorizando-os <strong>em</strong> 12 estados de relaxamento distintos, sendo estes:<br />

(1) aceitação (accepting), (2) à vontade, calmo, mentalmente relaxado (at ease, peaceful, mentally<br />

relaxed), (3) consciente, focado, claro (aware, focused, clear), (4) desprendido, sentindo-se distante,<br />

indiferente, distante (disengaged, feeling distant, indifferent, far away), (5) alegre (joyful), (6) mistério,<br />

vivenciando o “mistério profundo das coisas” (mystery, experiencing the “deep mystery of things”), (7)<br />

otimista (optimistic), (8) fisicamente relaxado (physically relaxed), (9) quieto, mente tranqüila, s<strong>em</strong><br />

pensamentos (quiet, mind still, without thought), (10) reverente, devoto (reverent, prayerful), (11)<br />

sonolento (sleepy), (12) at<strong>em</strong>poral, ilimitado, infinito, uno (timeless, boundless, infinite, at one).<br />

Apesar de muitos alunos e profissionais da saúde encarar<strong>em</strong> as práticas de relaxamento de forma<br />

simplista, fica evidenciada a sua complexidade, e o estudo dos seus efeitos no ser humano se torna<br />

uma atividade complexa, envolvendo uma abordag<strong>em</strong> multifatorial e multidisciplinar.<br />

O uso das diversas técnicas de relaxamento <strong>em</strong> TCC, s<strong>em</strong> um marcador histórico preciso,<br />

provavelmente aparec<strong>em</strong> durante os primeiros estudos sobre dessensibilização sist<strong>em</strong>ática aplicada<br />

ao tratamento das fobias específicas e outros transtornos de ansiedade conduzidos por Joseph Wolpe<br />

(1974) que integrou o relaxamento muscular progressivo desenvolvido por Edmund Jacobson<br />

(1938) ao seu método de tratamento. Provavelmente, também de forma imprecisa, a criação dos<br />

novos campos da Psicologia da Saúde (anos 1978) e da Medicina Comportamental (anos 1977) nos<br />

EUA, aceleraram o desenvolvimento e a integração de outros métodos de relaxamento, tais como:<br />

respiração diafragmática (Fried, 1999), hipnose (Jonas & Levin, 1999; Shannon, 2002), atenção<br />

plena (mindfulness) (Ro<strong>em</strong>er & Orsilo, 2010), treino autógeno, imaginação guiada e/ou visualização<br />

criativa, biofeedback e neurofeedback (Neves Neto, 2010d), utilização de sons e músicas para<br />

relaxamento, entre outros (Rakel, 2007).<br />

De forma ainda deficitária, <strong>em</strong> nosso meio as técnicas de relaxamento são ensinadas, ou melhor<br />

informadas, por literaturas ultrapassadas (Sandor, 1982; Hossri, 1978; Criqui, 1966), s<strong>em</strong> a devida<br />

ênfase nas bases científicas e psicofisiológicas dos métodos, ou mesmo na falta de evidências<br />

científicas sobre a aplicação clínica, a eficácia –efetividade e a segurança. Outro probl<strong>em</strong>a é o<br />

desinteresse e a minimização do papel das técnicas de relaxamento <strong>em</strong> TCC. Na prática docente<br />

é possível observar alunos e colegas menosprezar<strong>em</strong> esse recurso, relegado a um papel secundário<br />

na formação profissional, e também o perigo da associação de práticas de relaxamento ainda não<br />

validadas cientificamente (Neves Neto, 2010a, 2009, 2003b,c).<br />

Apesar das práticas de relaxamento ou exercícios respiratórios ser<strong>em</strong> encontrados <strong>em</strong> diversas<br />

tradições médicas antigas (por ex<strong>em</strong>plo, medicinas ayurvédica, chinesa, hipocrática, indígena, entre<br />

outras), alguns médicos cont<strong>em</strong>porâneos reflet<strong>em</strong>: “Na escola médica, aprend<strong>em</strong>os sobre a anatomia<br />

do sist<strong>em</strong>a respiratório e sobre as doenças do trato respiratório, mas eu nada escutei sobre o poder da<br />

respiração.” (Weil, 2005, p. 12). Também na prática da psicologia clínica ou psicoterapia, a utilização<br />

do treino de respiração não é muito enfatizado, sendo muitas vezes relegado a um papel inferior<br />

dentro do treinamento das técnicas de relaxamento tradicionais, tais como: relaxamento muscular<br />

progressivo de Jacobson, relaxamento autógeno de Schultz, hipnose clássica, imaginação guiada<br />

ou visualização, meditação de concentração ou de insight (mindfulness), entre outros (Davis et al,<br />

2008; Astin et al, 2003; Lehrer, Carrington, 2003), exceção talvez ocorra <strong>em</strong> algumas abordagens<br />

psicoterápicas corporais, tais como: vegetoterapia de Reich, bioenergética de Lowen, biossíntese de<br />

Boadella, entre outros (Kignel, 2005). Ainda segundo Friedman et al (1983) e Fried (1999), as técnicas<br />

de relaxamento, incluindo os treinos baseados na respiração, vêm se expandindo na formação médica<br />

norte-americana, inclusive como uma proposta de integrar as terapias compl<strong>em</strong>entares na medicina<br />

oficial, sendo que das 62 escolas médicas avaliadas, 58% já ofereciam algum treinamento no uso<br />

terapêutico de técnicas de relaxamento <strong>em</strong> cursos regulares e/ou eletivos.<br />

Na Unidade de Medicina Comportamental do Departamento de Psicobiologia da Universidade<br />

Federal de São Paulo (UNIFESP), são oferecidos cursos eletivos regulares para os acadêmicos de

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