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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Matos . Bernardes<br />

398<br />

descrições de eventos encobertos; na condição “duplas”, seis das oito crianças (formando duplas)<br />

esperaram e, nas duplas que esperaram, uma criança pode ter servido a função de agente controlador<br />

sobre a outra, manipulando variáveis (verbais, por ex<strong>em</strong>plo) para controlar o comportamento<br />

da outra de esperar. Diferent<strong>em</strong>ente dos dados obtidos no estudo de Kerbauy e Buzzo (1991), os<br />

participantes que esperaram <strong>em</strong>itiram um número maior de respostas por minuto do que os que não<br />

esperaram.<br />

As pesquisas do grupo de Mischel (Mischel & Ebbesen, 1970; Mischel et al., 1972), assim como<br />

suas replicações por analistas do comportamento (Bernardes; 2011; Grosh & Neuringer, 1981;<br />

Kerbauy, 1981; Kerbauy & Buzzo, 1991) sobre o modelo de autocontrole pelo atraso da gratificação,<br />

portanto, apresenta s<strong>em</strong>elhanças com o que se t<strong>em</strong> na literatura de Análise do Comportamento sobre<br />

comportamentos de autocontrole, na medida <strong>em</strong> que, <strong>em</strong> ambos os casos, tais comportamentos<br />

pod<strong>em</strong> ser definidos como escolha do reforçador maior (ou mais preferido) atrasado sobre o<br />

reforçador menor (ou menos preferido) imediato. O fato de o grupo de Mischel (Mischel & Ebbesen,<br />

1970; Mischel et al., 1972) ter manipulado qualidade do reforço <strong>em</strong> vez de magnitude é importante<br />

por ilustrar possíveis outras variáveis que pod<strong>em</strong> estar envolvidas (além de magnitude e atraso) nas<br />

investigações experimentais sobre comportamentos denominados de autocontrole.<br />

Além disso, certas pesquisas relatadas (Kerbauy, 1981; Kerbauy & Buzzo, 1991; Bernardes, 2011)<br />

serv<strong>em</strong> para ilustrar como o contexto da tomada de decisão de seres humanos é mais complexo do<br />

que o que se verifica nos contextos experimentais das pesquisas com animais não-humanos como<br />

pombos (Rachlin, 1994). Neste sentido, vale destacar que as descrições de contingências (regras)<br />

influenciam bastante a tomada de decisão de humanos. Diferentes descrições pod<strong>em</strong> controlar<br />

diferentes escolhas e contingências relevantes derivadas da história de vida exerc<strong>em</strong> bastante<br />

influência sobre a tomada de decisão <strong>em</strong> humanos (Rachlin, 1994).<br />

É possível, ainda, outra consideração importante referente ao modelo de autocontrole pelo atraso<br />

da gratificação: a descrição de contingência por parte do experimentador sobre pedir às crianças<br />

que pensass<strong>em</strong> <strong>em</strong> como uma guloseima como um pretzel é crocante e salgadinho, salientando<br />

suas características reais (Mischel, Shoda & Rodriguez, 1989), serviria a função de uma operação<br />

estabelecedora que aumentaria o valor reforçador do pretzel e do outro reforçador ao qual as crianças<br />

poderiam ter acesso caso esperass<strong>em</strong> 15 minutos (marshmallow) (Mallot & Mallot, 1991).<br />

Em suma, o t<strong>em</strong>a do autocontrole t<strong>em</strong> sido explorado por autores dentro e fora da análise do<br />

comportamento. Investigações sobre os modelos discutidos até aqui (experimentais ou não)<br />

influenciaram e influenciam pesquisadores com interesse no t<strong>em</strong>a. Como, por ex<strong>em</strong>plo, a discussão<br />

realizada por Matos e Bernardes (2010) sobre uma série de variáveis manipuladas nas situações<br />

de autocontrole com humanos (especialmente crianças) através do levantamento de pesquisas<br />

experimentais sobre comportamentos de autocontrole (dissertações e qualificações de mestrado)<br />

de um programa de pós-graduação <strong>em</strong> Psicologia Experimental. A importância desse tipo de<br />

estudo se apoia na proposta de Hanna e Todorov (2002), <strong>em</strong> que o estudo de comportamentos de<br />

autocontrole implica análises de muitos parâmetros (variáveis) e o que t<strong>em</strong> sido feito (no laboratório)<br />

parece insuficiente para dar conta do conceito de autocontrole e de tudo que Skinner (1953/2003)<br />

considerou como comportamentos de autocontrole. Neste sentido, o presente artigo apresenta-se<br />

como mais uma contribuição para o entendimento das variáveis envolvidas no autocontrole.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Bernardes, L. A. (2011). O que acontece durante o período de espera? Contribuições para o estudo<br />

do autocontrole. Dissertação de mestrado, Programa de Estudos Pós-Graduados <strong>em</strong> Psicologia<br />

Experimental: Análise do Comportamento, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

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