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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Sampaio . Bueno<br />

584<br />

A recorrência do comportamento de ansiedade no ambiente universitário de sala de aula pode ser<br />

avaliada como fruto da excessiva valorização que se dá nos dias atuais à competição e à realização<br />

individual. Nesse contexto, os indivíduos esforçam-se para desenvolver padrões comportamentais<br />

que atendam às expectativas alheias quanto a ser ou não aceitos, sob pena de vir<strong>em</strong> a sofrer rejeição<br />

e desvalorização se não atender<strong>em</strong> aos padrões impostos à boa avaliação de seu des<strong>em</strong>penho (Bueno<br />

& Melo, 2007; Zimbardo, 1982/2002).<br />

Assim, o bom des<strong>em</strong>penho, ou tirar notas boas, não representa necessariamente um esforço para<br />

obter o reforço positivo, mas uma esquiva às notas baixas, portanto, uma esquiva à reprovação social.<br />

Isso implica que essa classe de comportamento passa a ser o objetivo central do aluno, uma vez que o<br />

erro é repreendido (punição) e o acerto, ignorado (punição/extinção) (Craske & Barlow, 1993/1999;<br />

Sidman, 1989/2003).<br />

Assim, a ansiedade experimentada frente ao público afeta a atuação do indivíduo, atuação esta<br />

que, por sua vez, influencia a maneira como os outros irão avaliá-lo. A consequência posterior: esse<br />

resultado incidirá sobre como essa pessoa avaliará a si mesma. Em decorrência disso, os alunos com<br />

esse tipo de ansiedade têm dificuldades de participar de s<strong>em</strong>inários, não faz<strong>em</strong> perguntas para sanar<br />

suas dúvidas e não são capazes de pedir ajuda para seus probl<strong>em</strong>as. A consequência dessa gama de<br />

comportamentos é o baixo des<strong>em</strong>penho acadêmico, reprovação ou até mesmo a desistência do curso<br />

universitário (Oliveira & Duarte, 2004; Zimbardo, 1982/2002).<br />

Pesquisas apontam que poucas pessoas, dentre as que afirmam ser<strong>em</strong> afetadas pelas consequências<br />

dos comportamentos de esquiva das interações, recorr<strong>em</strong> a tratamentos psicológicos ou combinados<br />

(psicológico e farmacológico). D’El Rey e Pacini (2005) coletaram dados na cidade de São Paulo com<br />

uma amostra de 452 pessoas com esse perfil. Desse total, 143 foram caracterizadas como tendo medo<br />

substancial de falar <strong>em</strong> público e, desse grupo, apenas 11% estavam <strong>em</strong> tratamento para diminuição<br />

do desconforto.<br />

Estratégias comportamentais<br />

A terapia comportamental é apontada como terapêutica eficaz para o controle de respostas ansiosas,<br />

características de fobia à exposição oral (Bueno & Britto, 2003; Bueno & Melo, 2007; Oliveira &<br />

Duarte, 2004). Tal terapêutica t<strong>em</strong> seus instrumentos todos b<strong>em</strong> formulados dentro de moldes<br />

científicos, e são utilizados no processo terapêutico de acordo com as queixas e d<strong>em</strong>andas do cliente<br />

(Wolpe, 1973/1976). As técnicas ag<strong>em</strong> com o objetivo de eliminar as influências ambientais que<br />

reforçam o comportamento-probl<strong>em</strong>a e reforçar os padrões de comportamento desejados (Bueno,<br />

2005; Bueno & Melo, 2007; Eysenck, 1979/1994).<br />

A utilização de técnicas como o ensaio comportamental, o treino de habilidades sociais e o manejo<br />

da ansiedade são amplamente utilizados <strong>em</strong> tratamentos direcionados a transtornos de ansiedade<br />

devido a sua alta eficácia na redução das respostas fisiológicas aversivas e na aquisição de respostas<br />

socialmente adaptadas (Bueno, Ribeiro, Oliveira, Alves & Marcon, 2008; Rangé, 1998; Wolpe,<br />

1973/1976; Wright, Basco & Thase, 2006/2008).<br />

Objetivo<br />

O objetivo do presente trabalho foi o de identificar as variáveis causadoras e mantenedoras<br />

da resposta de ansiedade extr<strong>em</strong>a <strong>em</strong> contingência de exposição oral <strong>em</strong> ambiente acadêmico.<br />

Objetivou-se, também, intervir com instrumentos da análise comportamental, visando o controle<br />

dos comportamentos ansiosos específicos, b<strong>em</strong> como o desenvolvimento de comportamentos<br />

assertivos e incompatíveis com as queixas da participante.

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