13.04.2013 Views

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

estabelecer essa distinção de procedimentos? Algumas variáveis específicas parec<strong>em</strong> ser relevantes:<br />

(1) natureza do estímulo; (2) natureza t<strong>em</strong>poral entre R e S; (3) frequência de apresentação do<br />

estímulo; (4) custo da resposta; (5) instrução verbal e (6) feedback de erro.<br />

Entre as variáveis que pod<strong>em</strong> ser responsáveis encontra-se a natureza do estímulo que é apresentado<br />

de forma independente da resposta (Matute, 1995). Os estudos sobre comportamento supersticioso<br />

utilizam no geral estímulos com função reforçadora positiva <strong>em</strong> contingências operantes (por<br />

ex<strong>em</strong>plo, ganho de pontos, doces, bolas de gude para participantes humanos e alimentos para<br />

pombos e ratos), diferindo dos estudos de desamparo aprendido que <strong>em</strong>pregam predominant<strong>em</strong>ente<br />

estímulos com função aversiva <strong>em</strong> contingências operantes (por ex<strong>em</strong>plo, choque elétrico e jato de ar<br />

quente com ratos e som agudo com humanos).<br />

Sabe-se que a natureza do estímulo apresentado aos sujeitos é crítica no estudo do desamparo<br />

aprendido. Parâmetros como a intensidade, frequência, duração e densidade do estímulo mostraramse<br />

relevantes para verificação do efeito (Hunziker, 1982). O desamparo é b<strong>em</strong> estabelecido<br />

experimentalmente dentro de contextos aversivos, com choques elétricos, mas ainda não se sabe a<br />

extensão da sua generalidade para contextos com outros estímulos. Para a ocorrência do desamparo<br />

seria então necessária a propriedade aversiva ao estímulo incontrolável? Se a resposta a essa questão<br />

for afirmativa, a área depara-se com uma restrição na generalidade do efeito.<br />

Capelari e Hunziker (2005) manipularam na fase de tratamento a liberação de água de forma nãocontingente<br />

(incontrolável). Na fase de teste, não houve interferência na aprendizag<strong>em</strong> de fuga. Ou<br />

seja, sob experiência com estímulo apetitivo incontrolável, não foi observado o efeito desamparo<br />

aprendido. Este dado confirma estudos anteriores (Calef & cols., 1984; Caspy & Lubow, 1981;<br />

Sonoda, Takahiro & Hirai, 1991), mas também diverge de outros que encontraram dificuldade de<br />

aprendizag<strong>em</strong> operante após tratamento com estímulos apetitivos não-contingentes (Goodkin, 1976;<br />

Sonoda & Hirai, 1992). A despeito de diferenças nos procedimentos, e do estímulo água utilizado,<br />

exigir uma resposta consumatória (lamber o bebedouro), o que diminui o grau de incontrolabilidade,<br />

estes dados apontam para a relevância na “compreensão do desamparo, especialmente da sua<br />

generalidade, saber se a incontrolabilidade é igualmente crítica se for relativa a estímulos aversivos<br />

ou a não aversivos” (Capelari, 2005, p. 105).<br />

Segundo Matute (1995), se a natureza do estímulo for uma variável realmente crítica, ambas<br />

as linhas de investigação, comportamento supersticioso e desamparo aprendido, precisarão ser<br />

modificadas, incluindo as especificidades do estímulo. Nas investigações sobre padrões de respostas<br />

mantidos por relação acidental com o reforço, <strong>em</strong>bora prevaleça a utilização de estímulos positivos,<br />

para Skinner (1953/2003) e Herrnstein (1966) o mesmo princípio vale para estímulos aversivos.<br />

Diante da presença do estímulo aversivo, os comportamentos <strong>em</strong>itidos pelo sujeito pod<strong>em</strong> coincidir<br />

t<strong>em</strong>poralmente com o seu término.<br />

Outra variável relevante para determinar uma situação com maior ou menor probabilidade<br />

de seleção de respostas por meio do reforçamento acidental é a natureza t<strong>em</strong>poral entre resposta<br />

e estímulo. Esta refere-se ao intervalo de t<strong>em</strong>po entre os eventos independentes da resposta. A<br />

proximidade t<strong>em</strong>poral entre os eventos, mesmo que não exata, possibilita o condicionamento de<br />

uma classe de respostas.<br />

Sabe-se que na produção do comportamento supersticioso, os intervalos nos quais o alimento<br />

é fornecido são importantes (Skinner, 1953/2003, p.95), sendo os intervalos pequenos entre<br />

apresentações do estímulo mais eficazes para aquisição do comportamento por reforçamento<br />

acidental (Skinner, 1948). Segundo Skinner (1953/2003), intervalos curtos garant<strong>em</strong> maior<br />

frequência do aparecimento dos eventos, tornando mais prováveis as relações de contiguidade entre<br />

resposta e estímulo. De forma inversa, <strong>em</strong> intervalos longos o efeito do reforço <strong>em</strong> grande parte<br />

se perde antes que outro possa ocorrer. O comportamento supersticioso, nesse caso, t<strong>em</strong> menos<br />

probabilidade de <strong>em</strong>ergir (Skinner, 1953/2003). Quanto mais longo o intervalo, maior é o número de<br />

respostas <strong>em</strong>itidas e não reforçadas, resultando num processo de extinção (Skinner, 1948).<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Samelo<br />

575

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!