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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Andrade . Regis Neto<br />

54<br />

Portanto, presume-se que quando o indivíduo conhece, no sentido de saber descrever as variáveis<br />

que controlam determinado comportamento, abre-se mais uma possibilidade de ele próprio controlar<br />

as situações, pois “conhece” as variáveis sobre as quais pode agir. Como, então, conhecer e controlar<br />

o próprio comportamento?<br />

Na relação do hom<strong>em</strong> consigo mesmo ocorr<strong>em</strong> os mesmos processos que na relação do hom<strong>em</strong> com<br />

outro hom<strong>em</strong>; e ambas são mediadas pelo comportamento verbal. A sociedade é qu<strong>em</strong> dá as palavras<br />

(e seus sentidos) para que o indivíduo aprenda a autodescrever-se e descrever as contingências que<br />

controlam seu comportamento.<br />

Pode-se observar, então, que para adquirir este repertório de comportamentos de autocontrole é<br />

preciso que a pessoa desenvolva (aprenda/treine) o autoconhecimento (saber observar e descrever<br />

as variáveis – presentes e pregressas - que controlam ou controlaram seu próprio comportamento).<br />

Assim, o autoconhecimento permitiria a liberdade, pois possibilita que o indivíduo modifique sua<br />

forma de se comportar e sua relação com o ambiente, conduzindo-o a situações nas quais não seja<br />

controlado aversivamente. (Brandesburg & Weber, 2005, p. 90) No autocontrole, “<strong>em</strong> certo sentido,<br />

o indivíduo ‘obedece a si mesmo’” (SKINNER, 1953/2007, p. 259), porém, baseado <strong>em</strong> regras<br />

aprendidas socialmente. O autocontrole não é, portanto, um comportamento inato, e b<strong>em</strong> como<br />

outros tipos de comportamentos operantes, só é aprendido a partir de uma história de reforçamento<br />

diferencial. E todo este treino é realizado pela comunidade verbal à qual o indivíduo pertence.<br />

Nico (2001) afirma ainda que o autocontrole t<strong>em</strong> suas raízes na cultura e nas punições sociais e é<br />

mantido por meio de um processo de esquiva. “Parece, portanto, que a sociedade é responsável pela<br />

maior parte do comportamento de autocontrole. Se isto for correto, pouco controle final resta para o<br />

indivíduo” (SKINNER, 1953/2007, p. 264). Assim sendo,<br />

(...) dizer a um hom<strong>em</strong> que deve usar seu ‘poder de vontade’ ou seu ‘autocontrole’<br />

ajuda muito pouco (...) se chegou a um ponto <strong>em</strong> que se requer uma revisão<br />

compreensiva do conceito de responsabilidade [individual], não apenas <strong>em</strong> uma<br />

análise teórica do comportamento, mas também por suas conseqüências práticas.<br />

(SKINNER, 1953/2007, p. 264-265)<br />

Por isso, além da importância de os indivíduos desenvolver<strong>em</strong> o autoconhecimento, é importante<br />

também que as políticas públicas/técnicas de controle social sejam pensadas levando <strong>em</strong> consideração<br />

as influências ambientais (eventos públicos e privados) para restabelecer o compromisso social,<br />

principalmente das agências controladoras.<br />

5 Liberdades<br />

A noção de que poderíamos, possivelmente, existir s<strong>em</strong> coagir uns aos outros foi tão<br />

incompreensível que muitos leitores, de outros pontos de vista sensíveis, denunciaram Skinner<br />

porque acreditaram que ele estava atacando o próprio ideal de liberdade. Na realidade, ele estava<br />

defendendo a eliminação daqueles ‘fatos da vida’ dos quais todos nós desejávamos nos libertar<br />

– <strong>em</strong> particular, das técnicas coercitivas que usamos para controlar a conduta uns dos outros.<br />

(SIDMAN, 1989/2009, p. 43)<br />

Num trecho do presente artigo levantou-se a hipótese de que o autocontrole seria uma forma<br />

de o indivíduo governar a si mesmo, e que isso seria ser “livre”. Três textos de destaque que tratam<br />

esta questão são: (1) “Liberdade”, escrito <strong>em</strong> 1971 por Skinner; (2) “Liberdade”, escrito <strong>em</strong> 1994 por<br />

Willian Baum, e; (3) “Sentidos possíveis de ‘liberdade’ no behaviorismo radical”, artigo de 2010 do<br />

psicólogo e doutor <strong>em</strong> filosofia Alexandre Dittrich, professor na Universidade Federal do Paraná.

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