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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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A partir do que foi discutido sobre as pesquisas do grupo de Mischel (Mischel & Ebbesen,1970;<br />

Mischel et al., 1972), torna-se válido enfatizar que o contexto da escolha de seres humanos é complexo<br />

no sentido que não se deve simplesmente levar <strong>em</strong> conta parâmetros do reforço como atraso e<br />

magnitude no caso de humanos, mas deve-se atentar ao fato de que, <strong>em</strong> função da sensibilidade dos<br />

seres humanos a descrições verbais, as descrições de contingências (regras) também representam um<br />

importante parâmetro nas situações de escolhas (Rachlin, 1994).<br />

Como já se tinha destacado, o paradigma do atraso da gratificação foi também de interesse para<br />

analistas do comportamento, ainda que se tenha configurado como uma proposta cognitivista de<br />

escolhas <strong>em</strong> situações de autocontrole. E isso se verifica <strong>em</strong> trabalhos tanto fora como dentro do<br />

Brasil. Grosh e Neuringer (1981), por ex<strong>em</strong>plo, delinearam replicações dos experimentos do grupo<br />

de Mischel com pombos, manipulando variáveis s<strong>em</strong>elhantes as dos estudos de Mischel (Mischel &<br />

Ebbesen,1970; Mischel et al., 1972). A coleta foi feita <strong>em</strong> uma câmara experimental contendo um<br />

disco. Bicar no disco levava ao acesso a um grão menos preferido e imediato e, não bicar, implicava<br />

o acesso a um grão mais preferido e mais atrasado. Grosh e Neuringer (1981) investigaram, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, os efeitos de atividades, realizadas durante o período de espera, sobre o t<strong>em</strong>po de espera,<br />

introduzindo um novo disco sob esqu<strong>em</strong>a de FR20 <strong>em</strong> que o bicar sobre o mesmo resultaria no<br />

acesso a outro tipo de grão. Bicar nesse disco adicional era possível durante o período de atraso do<br />

reforço (espera pelo grão preferido) cujo acesso seria possível se o pombo não bicasse o primeiro<br />

disco. O resultado disso foi que os pombos de Grosh e Neuringer (2002) esperaram mais nessa<br />

condição, replicando, portanto, o trabalho de Mischel et al. (1972).<br />

Grosh e Neuringer (1981) manipularam ainda outras condições igualmente s<strong>em</strong>elhantes às<br />

condições de Mischel et al. (1972), gerando resultados s<strong>em</strong>elhantes. Entretanto, houve diferenças<br />

metodológicas como, por ex<strong>em</strong>plo, o fato de Grosh e Neuringer ter<strong>em</strong> colocado seus pombos <strong>em</strong><br />

contato com a contingência de espera pelo reforçador preferido por mais de uma vez.<br />

Dentro do Brasil, Kerbauy (1981) e Kerbauy e Buzzo (1991) produziram replicações das pesquisas<br />

de Mischel et al. com crianças. No primeiro estudo, manipularam-se as variáveis de qualidade e<br />

atraso do reforço (Kerbauy, 1981). As crianças escolhiam entre diferentes tipos de chocolate. No<br />

segundo estudo, manipularam-se as variáveis de magnitude (definida como quantidade) e atraso<br />

do reforço (Kerbauy & Buzzo, 1991). As crianças escolhiam entre seis e três balas. Nesse estudo, as<br />

crianças foram submetidas à contingência de espera por mais de uma vez e os efeitos disso, sobre o<br />

t<strong>em</strong>po de espera, foram avaliados pelas autoras. Foi verificado que as crianças esperaram mais sob<br />

essas circunstâncias.<br />

Mais recent<strong>em</strong>ente, Bernardes (2011) também conduziu replicações do modelo de atraso da<br />

gratificação <strong>em</strong> crianças. Uma vez que esse autor também manipulou as variáveis de magnitude e<br />

atraso do reforço, sua pesquisa teve, por objetivo, avaliar o t<strong>em</strong>po de espera pelo reforçador maior<br />

atrasado quando outra criança ou um fantoche estavam presentes na sala onde se deveria esperar. Ao<br />

todo, foram três as condições experimentais de Bernardes (2011):<br />

1. avaliar o t<strong>em</strong>po de espera com apenas uma criança presente na sala;<br />

2. avaliar se a presença de um fantoche aumentaria o t<strong>em</strong>po de espera e se serviria para evocar<br />

verbalizações de eventos encobertos;<br />

3. avaliar se o t<strong>em</strong>po de espera aumentaria quando duas crianças estivess<strong>em</strong> presentes na sala,<br />

considerando a possibilidade de que uma manipulasse variáveis de modo a controlar o<br />

comportamento da outra (Skinner, 1953/2003).<br />

Bernardes (2011) chegou aos seguintes resultados: das 15 crianças que participaram na pesquisa,<br />

11 esperaram os 15 minutos pelo reforçador maior atrasado. Na condição “sozinho”, duas das quatro<br />

crianças que participaram esperaram; na condição “fantoche”, todas as três crianças que participaram<br />

esperaram. Os dados suger<strong>em</strong> que o fantoche não funcionou como audiência para a <strong>em</strong>issão de<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Matos . Bernardes<br />

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