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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Matos . Bernardes<br />

392<br />

Rachlin et al. (1987) discut<strong>em</strong> seus resultados relacionando-os com os dados da pesquisa de<br />

Rachlin e Green (1972) da seguinte maneira: as fichas vermelhas tiveram uma função s<strong>em</strong>elhante ao<br />

T (t<strong>em</strong>po entre os elos) da pesquisa de Rachlin e Green (1972) quando T consistia, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong><br />

0.5 segundo. Os pombos preferiam A no primeiro elo e preferiam o reforçador menor imediato na<br />

segunda condição de escolha. Os participantes humanos da pesquisa de Rachlin et al. (1987) apostavam<br />

cada ficha vermelha <strong>em</strong> A. Por ser<strong>em</strong> fichas com alta probabilidade, passavam frequent<strong>em</strong>ente para<br />

o segundo elo (nova condição de escolha) e escolhiam consistent<strong>em</strong>ente o reforçador menor e mais<br />

provável (01 dólar).<br />

As fichas azuis de Rachlin et al. (1987), por outro lado, seriam s<strong>em</strong>elhantes ao T longo (16<br />

segundos) de Rachlin e Green (1972). Nesta pesquisa, quando isso acontecia, os pombos escolhiam<br />

principalmente B (primeiro elo), comprometendo-se (no segundo elo) com o reforçador de maior<br />

magnitude e maior atraso. Em Rachlin et al., as fichas azuis eram sist<strong>em</strong>aticamente apostadas <strong>em</strong><br />

B (primeiro elo). Essa escolha representava (quando ocorria a passag<strong>em</strong> de um elo para o outro) o<br />

compromisso com o reforçador maior e menos provável do segundo elo (05 dólares).<br />

Ainda que as duas pesquisas tenham sido desenvolvidas com diferentes participantes ou sujeitos<br />

(pombos X seres humanos), Rachlin et al. (1987) conclu<strong>em</strong> que o atraso e a probabilidade seriam<br />

parâmetros funcionalmente s<strong>em</strong>elhantes. Um reforçador atrasado é como um reforçador pouco<br />

provável, e um reforçador imediato (ou menos atrasado) é como um reforçador muito provável. Os<br />

dados reforçam o argumento de que a sensibilidade a reforçadores imediatos ou altamente prováveis é<br />

significativamente maior <strong>em</strong> comparação à sensibilidade a reforçadores atrasados ou pouco prováveis<br />

<strong>em</strong> uma situação de escolha com esqu<strong>em</strong>as concorrentes. Aumentar a sensibilidade a reforçadores<br />

atrasados ou pouco prováveis <strong>em</strong> uma situação de escolha implica, para Rachlin e Green (1972) e<br />

Rachlin et al. (1987), a necessidade de algum tipo de compromisso quando ambos os reforçadores<br />

de cada esqu<strong>em</strong>a são atrasados ou pouco prováveis. No caso de Rachlin et al. (1987), a partir do<br />

momento <strong>em</strong> que os participantes contavam unicamente com fichas azuis (de baixa probabilidade)<br />

para distribuir entre A e B no primeiro elo, ambos os reforçadores do momento que se seguia a A ou o<br />

reforçador do momento que se seguia a B tornavam-se menos prováveis, o que, nesse caso, foi crítico<br />

para a escolha de B no primeiro elo, quando se apostavam as fichas azuis.<br />

A próxima pesquisa a ser relatada (Siegel & Rachlin, 1995) apresenta características distintas<br />

quando comparadas com as duas outras pesquisas sobre compromisso. Não se fala mais, nesse<br />

momento, sobre respostas de compromisso e o procedimento não envolveu esqu<strong>em</strong>as concorrentes<br />

encadeados com dois elos. Autocontrole é ainda definido como a escolha de um reforçador maior<br />

atrasado sobre outro menor imediato. No entanto, não se fala aqui sobre um tipo de compromisso<br />

que elimine a possibilidade futura de escolha do reforçador menor imediato no momento <strong>em</strong> que<br />

ambos os reforçadores (maior e menor) ainda são atrasados.<br />

Conforme já foi discutido, um alcoolista, por ex<strong>em</strong>plo, não necessariamente t<strong>em</strong> que se encarcerar<br />

<strong>em</strong> uma clínica para eliminar a possibilidade de controle pelo imediato (bebida agora). As pessoas<br />

pod<strong>em</strong> d<strong>em</strong>onstrar comportamentos de autocontrole mesmo quando estão inseridas no ambiente<br />

<strong>em</strong> que a “tentação” (álcool, por ex<strong>em</strong>plo) se faz disponível. O autocontrole <strong>em</strong> casos como esse não<br />

envolve um tipo de compromisso estrito, mas parte do princípio de que, quando nos comportamos<br />

frequent<strong>em</strong>ente de outras maneiras, tend<strong>em</strong>os a formar padrões comportamentais bastante<br />

resistentes à mudança.<br />

Tome-se outro caso: alguém pode claramente preferir chocolate à salada. Comer chocolate<br />

<strong>em</strong> vez de salada envolve, nesse caso, uma mera questão de preferência. No entanto, alguém que<br />

declare preferir chocolate, mas come a salada, está se autocontrolando. Na medida <strong>em</strong> que a pessoa<br />

passa a comer alimentos saudáveis como salada tão sist<strong>em</strong>aticamente, isso tende a formar padrões<br />

de comportamento muito fortalecidos. Romper com os mesmos envolve um custo. O padrão<br />

eventualmente pode ser quebrado (a pessoa eventualmente come o chocolate), mas isso envolve um

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