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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Simonassi . Cameschi . C. Coelho . A. E. V. B. Coelho . Fernandes<br />

622<br />

A primeira versão do behaviorismo formulada por Watson (1913, 1930) enfatizou a busca de<br />

métodos apropriados para o estudo do comportamento observável e influenciou algumas versões do<br />

behaviorismo filosófico (ou positivismo lógico) nas tentativas de se formular definições operacionais<br />

dos conceitos mentais com base no comportamento como, por ex<strong>em</strong>plo, as de Carnap e Ryle (Dutra,<br />

2000, 2004, 2005). Por outro lado, desde o início, a versão proposta por Skinner (1938, 1945, 1953,<br />

1957, 1969, 1974), denominada behaviorismo radical, se preocupou com o desenvolvimento de<br />

conceitos <strong>em</strong>piricamente derivados para resumir as relações funcionais observadas, ou seja, descrever<br />

as regularidades descobertas ao longo dos estudos das interações organismo-ambiente e ampliou o<br />

estudo científico do comportamento <strong>em</strong> uma abordag<strong>em</strong> behaviorista ao estudo dos fenômenos dos<br />

quais não se podiam investigar por consenso, os quais foram por ele denominados eventos privados<br />

(Baum, 1994; Skinner, 1945, 1953). Em função dessa diferença nas ênfases, ao longo de sua obra,<br />

Skinner refere-se às outras abordagens como versões do behaviorismo metodológico, incluindo<br />

as propostas de Hull (1943), Tolman (1948) e outras baseadas <strong>em</strong> modelos de processamento de<br />

informações, e sustenta que todas são variações da psicologia estímulo-resposta, ou SR, que se<br />

distingu<strong>em</strong> apenas pelas inferências invocando mediadores fisiológicos, mentais ou cognitivos na<br />

tentativa de explicar o comportamento.<br />

Primeira distinção importante: operante-respondente<br />

A primeira distinção conceitual importante formulada por Skinner (1938) foi entre comportamento<br />

respondente e comportamento operante, sendo o primeiro eliciado por estímulos antecedentes,<br />

enquanto o segundo é <strong>em</strong>itido <strong>em</strong> função de conseqüências reforçadoras passadas. Nestas duas classes<br />

têm sido observados ainda aspectos distintos com relação ao próprio processo de aprendizag<strong>em</strong>.<br />

Enquanto no comportamento respondente o processo de condicionamento leva à transferência da<br />

eliciação de uma resposta por outro estímulo (ou de respostas opostas), no comportamento operante<br />

o processo de conseqüenciação pode ser responsável pelo aparecimento de respostas novas e, muitas<br />

vezes, com topografia diversa da resposta inicialmente consequenciada (Mazur, 1994). Neste sentido,<br />

pode-se dizer que a variabilidade da resposta nova é mais restrita no condicionamento respondente<br />

que no operante. Esta distinção justificaria a proposição de um novo processo, o qual seria responsável<br />

pelo aparecimento de processos comportamentais complexos e explicaria, na abordag<strong>em</strong> de Skinner,<br />

o aparecimento de novos comportamentos (Skinner, 1969).<br />

Além disso, esse processo também teria repercussões na medida comportamental. Enquanto<br />

intensidade e latência frente a determinados estímulos eliciadores pod<strong>em</strong> ser tomadas como principais<br />

medidas para a análise do comportamento respondente, Skinner propõe que o condicionamento<br />

operante leva à mudança na probabilidade (ou frequência) da resposta consequenciada <strong>em</strong> relação<br />

às d<strong>em</strong>ais respostas presentes no repertório do indivíduo <strong>em</strong> um dado momento, não submetidas a<br />

esta consequenciação.<br />

Esta distinção promoveu muitas tentativas de reduzir um processo comportamental ao outro e viceversa,<br />

mas há muitas linhas de evidências <strong>em</strong>píricas que a sustentam (Catania, 1998). Também há na<br />

literatura muitas tentativas de refutação do princípio do reforço na explicação do comportamento<br />

operante, como o antigo e polêmico fenômeno da aprendizag<strong>em</strong> latente (Tolman & Honzik, 1930,<br />

citado por Catania, 1998), as ênfases <strong>em</strong> mediadores fisiológicos (Hull, 1943) ou cognitivos (Tolman,<br />

1948), e também o relato de Breland e Breland (1961) sobre a insurgência de padrões específicos da<br />

espécie sobrepondo-se às contingências operantes, a despeito de isso ocasionar perda de reforçadores.<br />

Há ainda uma série de estudos iniciados com os estudos de Williams e Williams (1969) sobre omissão<br />

de reforços no qual se observa que, dependendo das condições arranjadas experimentalmente,<br />

pombos bicam um disco trans-iluminado e perd<strong>em</strong> parte dos reforçadores comestíveis programados<br />

na sessão experimental. S<strong>em</strong> dúvida, responder para eliminar reforçadores seria um probl<strong>em</strong>a para

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