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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Samelo<br />

574<br />

estabelecimento de reforçamento acidental. Essa possibilidade poderia sugerir uma inviabilidade de<br />

se estudar os efeitos da incontrolabilidade, porém, segundo Hunziker (2003, p.5), “não há nenhuma<br />

evidência de que todos os estímulos incontroláveis se tornam parte de contingências acidentais”.<br />

Nesse procedimento,<br />

O reforçamento acidental ocorre às vezes, mas precisa de contiguidade constante para se manter, o<br />

que é difícil na ausência de contingência. Assim, nos parece bastante adaptativo que os indivíduos<br />

sejam sensíveis à incontrolabilidade, deixando de <strong>em</strong>itir respostas frente a situações que não pod<strong>em</strong> ser<br />

modificadas por eles (Hunziker, 2003, p.79).<br />

Nos estudos com animais, a possibilidade de reforçamento acidental durante o tratamento com<br />

estímulos incontroláveis não foi confirmada experimentalmente (Hunziker, 1982). Capelari (2002),<br />

utilizando ratos como sujeitos, mediu a frequência da resposta de focinhar um orifício localizado na<br />

parede da caixa experimental diante de choques incontroláveis. A frequência desta resposta mantevese<br />

baixa variando de zero a cinco respostas ao longo de doze blocos de cinco tentativas. Os sujeitos<br />

que podiam terminar o choque <strong>em</strong>itindo esta resposta apresentaram <strong>em</strong> torno de 30 a 40 respostas<br />

por bloco de tentativas.<br />

Segundo Seligman (1975/1977), a hipótese do desamparo aprendido propõe que é possível ao<br />

indivíduo discriminar quando a ocorrência dos estímulos está ou não sob seu controle. Do mesmo<br />

modo, Hunziker (2003) explica a racional dos estudos da incontrolabilidade argumentando que “se<br />

o sujeito pode identificar que um estímulo segue a sua resposta, então é de se esperar que também<br />

possa identificar que alguns estímulos pod<strong>em</strong> ser independentes das suas respostas” (p.79). Nesta<br />

lógica, os organismos seriam sensíveis tanto a relações de dependência quanto de independência<br />

entre resposta e estímulo.<br />

O comportamento pode variar e, contudo, ser contíguo com um reforçador independente do<br />

comportamento. Por outro lado, o comportamento deve ter ao menos um aspecto correlacionado mais<br />

ou menos constant<strong>em</strong>ente com o reforçador. Se os animais for<strong>em</strong> sensíveis a essa diferença, eles poderão<br />

detectar aqueles eventos sobre os quais seu comportamento não t<strong>em</strong> controle real<br />

(Herrnstein, 1966, p.42).<br />

Discriminar a presença ou ausência de relações parece depender de como a situação experimental<br />

é estabelecida. A pesquisa sobre efeitos de contingências mostra quanto os organismos são sensíveis<br />

às consequências de seu próprio comportamento. Essa sensibilidade pode depender das relações<br />

detalhadas ou das propriedades globais entre a taxa de respostas e os reforçadores, ou mesmo de<br />

ambas <strong>em</strong> combinações (Catania, 1999). Deste modo, é provável que, para estabelecer uma condição<br />

de incontrolabilidade ou reforçamento acidental, variáveis do arranjo experimental torn<strong>em</strong>-se<br />

relevantes.<br />

Comportamento supersticioso e desamparo aprendido: Diferenças no arranjo<br />

experimental<br />

Quais variáveis do procedimento facilitariam o estabelecimento destas condições distintas? Para<br />

que o estudo sobre o comportamento supersticioso ocorra, é necessário que reforçamentos acidentais<br />

aconteçam sist<strong>em</strong>aticamente, selecionando um padrão de respostas. De forma oposta, o estudo<br />

sobre o desamparo aprendido necessita que contiguidades sist<strong>em</strong>áticas não ocorram, determinando<br />

uma condição de fato incontrolável. No primeiro caso, o reforçamento acidental mostrou-se como<br />

variável independente crítica. No desamparo, esta se refere à incontrolabilidade. Em uma condição<br />

t<strong>em</strong>os a presença de contiguidades sist<strong>em</strong>áticas, na segunda a ausência das mesmas. Portanto como

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