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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Augusto de Medeiros . Alves de Medeiros<br />

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com o sonho, o que você deveria fazer para parar de sofrer?”. O pensamento pragmático consistiria<br />

<strong>em</strong> perguntas como as dessa sequência que provavelmente levariam o terapeutizando a concluir que<br />

ele deveria desistir da relação falida e aceitar a rejeição. O que não quer dizer que ele necessariamente<br />

faria isso.<br />

O Comportamento Verbal e o Autoconhecimento<br />

O autoconhecimento é definido por Skinner (1953/1994) como descrições verbais do<br />

comportamento e de suas variáveis controladoras <strong>em</strong>itidas pela própria pessoa que se comporta.<br />

Como exposto acima, o autoconhecimento é útil ao favorecer a modificação do comportamento<br />

descrito, já que é possível identificar o que o mantém. Porém, isso não é condição necessária n<strong>em</strong><br />

suficiente para a modificação do comportamento descrito, porque as respostas de autoconhecimento<br />

e as respostas descritas estão sob o controle de variáveis distintas (Sousa et al., 2010; Beckert, 2005).<br />

Meramente discriminar as variáveis controladoras não implica a mudança das mesmas. Com base<br />

nisso, a PCP buscará estabelecer o repertório de autoconhecimento s<strong>em</strong> se resumir a isso.<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po, caso o terapeuta tente estabelecer o repertório de autoconhecimento por meio<br />

de <strong>em</strong>issão de regras, ocorrerão os mesmos riscos descritos por Medeiros (2010). Na PCP, pretendese<br />

estabelecer o repertório de autoconhecimento e não apenas respostas de autoconhecimento. Em<br />

outras palavras, é esperado que o terapeutizando aprenda a analisar por si só o próprio comportamento<br />

e possa fazê-lo com novos comportamentos ainda não discutidos <strong>em</strong> terapia. Essa é uma das grandes<br />

vantagens dos procedimentos de questionamento reflexivo e pensamento pragmático, pois confer<strong>em</strong><br />

ao terapeutizando um papel mais ativo na produção de autorregras de autoconhecimento.<br />

A Ênfase na Relação Terapêutica<br />

Conforme discutido acima, os comportamentos-alvo do terapeutizando se repetirão ao longo de<br />

suas interações com o terapeuta (Ferster, 1979/2007; Koh<strong>em</strong>berg & Tsai, 1991/2001; Delitti, 2005;<br />

Alves & Isidro-Marinho, 2010). De acordo com Alves e Isidro-Marinho, a maioria das contingências<br />

relacionadas aos comportamentos-alvo é social. Como a relação entre o terapeuta e o terapeutizando<br />

é social, é muito provável que os comportamentos-alvo sejam <strong>em</strong>itidos dentro das sessões.<br />

Quando ocorr<strong>em</strong>, o terapeuta fica <strong>em</strong> condições favoráveis para reagir de forma a modelar os<br />

comportamentos-alvo dos terapeutizandos, fortalecendo os desejáveis e enfraquecendo os desejáveis<br />

(Ferster, 1979/2007; Alves & Isidro-Marinho, 2010).<br />

A PCP utiliza dois procedimentos para esse fim, o reforçamento diferencial natural e o<br />

questionamento reflexivo, sendo a relação terapeuta/terapeutizando o t<strong>em</strong>a do episódio verbal.<br />

Reforçamento diferencial natural<br />

Os comportamentos indesejáveis são funcionais e foram estabelecidos nas relações sociais do<br />

terapeutizando ao longo da vida. Provavelmente, esses comportamentos continuam a ser mantidos<br />

por contingências vigentes, ainda que produzam consequências reforçadoras apenas no curto prazo.<br />

Isso significa que, se o terapeuta reagir de forma similar às pessoas com as quais o terapeutizando se<br />

relaciona, provavelmente manterá os comportamentos indesejáveis ao invés de modificá-los.<br />

Uma alternativa comum é a aplicação de estímulos punitivos imediatos e contingentes ao<br />

comportamento indesejável. Independent<strong>em</strong>ente da rapidez com que o controle aversivo funcione,<br />

os efeitos colaterais serão indesejáveis (Ferster, Cullbertson & Perot-Boren, 1968/1977; Sidman,<br />

1989/1995; Moreira & Medeiros, 2007). Dentre eles é possível citar o comprometimento do vínculo<br />

terapêutico, a distorção do comportamento verbal, a diminuição da assiduidade e até o abandono

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