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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Na avaliação funcional da ansiedade é preciso descrever a interferência que ocorre no repertório<br />

geral e, também, como ela se manifesta <strong>em</strong> termos de frequência e intensidade a partir de entrevista<br />

clínica ou inventários formais e informais. Essa análise deve produzir dados sobre a condição<br />

eliciadora (específica ou generalizada), a condição reforçadora (reforço positivo e negativo), sobre<br />

o tipo (antecipatória ou circunstancial), a duração (passageira ou duradoura), a intensidade, a<br />

imprevisibilidade e seus impactos na qualidade de vida da pessoa (Andrade et. al. 1997; Castillo,<br />

Recondo, Asbahr, & Manfro, 2000). A ansiedade deve ser considerada um probl<strong>em</strong>a a partir do<br />

momento que ela passa a prejudicar as interações sociais e o des<strong>em</strong>penho da pessoa <strong>em</strong> suas<br />

atividades cotidianas.<br />

Conforme foi destacado anteriormente, o analista do comportamento, ao fazer uma análise<br />

funcional, deve considerar que os componentes respondentes topográficos da ansiedade também<br />

faz<strong>em</strong> parte de outros estados <strong>em</strong>ocionais (ira, expectativa, medo, excitação, ciúme etc.). Assim, a<br />

ansiedade só pode ser inferida por dedução, a partir de uma descrição verbal do estado corporal<br />

e da(s) condição(ões) onde ela ocorre, comparando-se a descrição feita com a nossa experiência<br />

<strong>em</strong> contingências s<strong>em</strong>elhantes, nas quais um estado corporal, também s<strong>em</strong>elhante, foi chamado<br />

de ansiedade (Gentil, 1997). Isso parece arbitrário, mas é funcionalmente útil. Para diminuir essa<br />

arbitrariedade, pode-se mensurar a ansiedade por meio de escalas e inventários, sabendo-se que<br />

eles med<strong>em</strong> apenas aspectos topográficos da ansiedade (Karino 2010) e coletam comportamentos<br />

verbais que pod<strong>em</strong> estar sob controle de uma variedade muito grande de contingências que não<br />

são as que controlam o comportamento alvo da intervenção. O Inventário Beck de Ansiedade (BAI;<br />

Beck, Epstein, Brown, & Steer, 1988) é o inventário mais conhecido entre os psicoterapeutas e mede a<br />

gravidade da ansiedade, na última s<strong>em</strong>ana, <strong>em</strong>: Leve - “Não me incomodou muito”, Moderada - “Foi<br />

desagradável, mas pude suportar” e Severa - “Quase não suportei”.<br />

Os testes psicológicos pod<strong>em</strong> apresentar uma amostrag<strong>em</strong> do repertório do cliente, e o terapeuta<br />

pode fazer análises desses dados. Guilhadi (s.d.) sugere que os testes e outros instrumentos pod<strong>em</strong>:<br />

(...) ser entendidos como um conjunto de estímulos textuais, verbais, com diferentes funções, eficazes<br />

para controlar os comportamentos do terapeuta e do cliente. Assim, deixa de ter importância a avaliação<br />

quantitativa e passa a ser enfatizada a avaliação qualitativa de cada it<strong>em</strong> dos instrumentos. Desta<br />

maneira, cada it<strong>em</strong> é apresentado e o cliente responde a ele, de acordo com seu repertório de entrada,<br />

sua linha de base. O terapeuta analisa com o cliente, então, quais contingências estão <strong>em</strong> operação para<br />

levá-lo a <strong>em</strong>itir aquela resposta. (p. 2)<br />

A análise funcional do comportamento descreve as relações funcionais entre os eventos ambientais<br />

e o comportamento, permitindo identificar quais são as variáveis que o mantêm. Segundo Matos<br />

(1999) e Starling (2006), os passos para uma análise funcional são: 1) identificar o comportamento de<br />

interesse (observação e relatos de familiares); 2) descrever o comportamento (registro de frequência<br />

de ocorrência, duração etc.); 3) especificar relações ordenadas entre os eventos da contingência<br />

(antecedentes e consequentes do comportamento); 4) identificar as variáveis ecológicas (biológicas,<br />

sociais, culturais) e motivacionais; 5) identificar as funções dos eventos relacionados (estímulos<br />

discriminativos, eliciadores, reforçadores, punitivos, operações estabelecedoras, regras, classes<br />

de estímulos equivalentes); 6) identificar reforçadores potenciais; 7) identificar as barreiras para a<br />

aquisição do comportamento-alvo ou de comportamentos alternativos.<br />

Relações funcionais são descrições das relações entre variáveis independentes e dependentes. Elas<br />

não são mera narração, mas descrição de regularidades – regularidades entre o organismo e o ambiente.<br />

Ao analisar as relações funcionais dos comportamentos, considera-se que o comportamento pode<br />

ser função de eventos físicos e/ou sociais, históricos e/ou cont<strong>em</strong>porâneos, públicos e/ou privados,<br />

conhecidos e/ou desconhecidos. “Um analista do comportamento afirma que essas ações e eventos<br />

são assumidos como constitutivos de relações apenas quando é possível especificar a função que<br />

des<strong>em</strong>penham <strong>em</strong> relação uns aos outros”. (Tourinho, 2006, p.3).<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Hessel . Borloti . Haydu<br />

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