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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Fase 3 (entre a 30ª e a 33ª sessões): compreendeu quatro passos. (1) Hierarquização dos eventos<br />

aversivos: por desconforto e grau de ansiedade, caso impedida de realizar os rituais. Para a definição<br />

da ansiedade foi utilizada a escala arbitrária apresentada por Bueno e Britto (2003), onde 1 significa<br />

pouca ansiedade; 2, moderada; 3, muita; e 4, extr<strong>em</strong>a. (2) Educação sobre a EPR, com manejo da<br />

ansiedade (Bueno et al., 2008). (3) Aplicação imaginária da EPR, <strong>em</strong> estado de relaxamento. (4)<br />

Aplicação ao vivo da EPR (Barlow & Durand, 2005/2008; Cordioli, 2007a; Zamignani, 2001). Esse<br />

procedimento está descrito na Tabela 3.<br />

Avaliação Final<br />

Esta fase ocorreu entre a 34ª e a 36ª sessões. Nela houve a replicação dos instrumentos aplicados<br />

na Linha de Base e replicados na Avaliação Pós-férias. Foi realizada, ainda, análise qualitativa e<br />

quantitativa dos dados coletados nas fases deste estudo, com a finalidade de avaliá-los <strong>em</strong> relação aos<br />

objetivos propostos, inicialmente.<br />

Resultados<br />

Os resultados ora apresentados foram coletados ao longo de todas as fases desse estudo e serão<br />

ilustrados <strong>em</strong> forma de tabelas, figuras e relatos textuais.<br />

A história de vida da participante, apresentada na Tabela 4, aponta as variáveis de construção<br />

e manutenção de seus comportamentos-probl<strong>em</strong>a. Ela foi obtida através de dados no QHV e de<br />

descrições verbais e textuais ao longo deste estudo.<br />

Tabela 4<br />

História de Vida de Bárbara<br />

Primeira Infância (0 a 5 anos)<br />

Sua gravidez foi desejada, porém a mãe tinha medo dos movimentos que o feto fazia <strong>em</strong> seu ventre. Próximo<br />

de completar um ano, certa noite chorou por vários minutos seguidos, s<strong>em</strong> receber a assistência da mãe. No<br />

dia seguinte, a mãe notou que Bárbara tinha vomitado. Nos dias seguintes, recusou a assistência da mãe, e<br />

quando esta insistia <strong>em</strong> tê-la no colo, Bárbara chorava compulsivamente. A mãe costumava corrigi-la e às<br />

irmãs, utilizando punição física e verbal. Os pais da participante passavam a maior parte do dia fora de casa,<br />

trabalhando; período <strong>em</strong> que as filhas ficavam aos cuidados de uma funcionária, muitas vezes até sozinhas.<br />

Perto dos 5 anos, Barbara disse à irmã que uma amiga dela era feia. A irmã ameaçou contar à amiga. Bárbara<br />

passou a sentir muito medo da amiga da irmã, chegando a ficar por um grande período de t<strong>em</strong>po s<strong>em</strong> olhá-la.<br />

Como l<strong>em</strong>brança aversiva, relatou o fato de seu pai s<strong>em</strong>pre deixá-la fechada no carro quando saía com ela para<br />

resolver questões domésticas. Sentia medo de ser sequestrada, pois havia visto <strong>em</strong> <strong>em</strong>balagens de alimentos<br />

imagens de crianças desaparecidas. Outro medo relatado: o medo que sentia das pessoas a fazia evitá-las. “Me<br />

escondia no quarto para não vê-las.”. Justificou esses medos porque acreditava que as pessoas pudess<strong>em</strong> lhe<br />

fazer mal. Nessa mesma época costumava abrir a geladeira e ficava cont<strong>em</strong>plando os ovos, desejando ser um<br />

deles: “Eu nunca tinha visto um ovo solitário, s<strong>em</strong>pre tinha um monte na geladeira, um ao lado do outro. O ovo<br />

nunca estava sozinho.”. Sua mãe lhe passava medo dizendo: “Menino que teima, o diabo v<strong>em</strong> à noite e espeta<br />

a barriga dele.”. Suas irmãs também faziam brincadeiras eliciadoras de medo, tal como chamá-la para comer<br />

petas, da seguinte forma: “V<strong>em</strong> cá-peta.”.<br />

Segunda Infância (6 a 12 anos)<br />

Na escola, suas coleguinhas a amedrontavam dizendo-lhe que os personagens da Disney, que ela tanto gostava,<br />

eram diabólicos, especialmente Minnie e Mickey, e também a boneca Barbie. Seus pais eram muito protetores,<br />

ao que relatou: “Meu pai uma vez foi falar com um menino da escola, porque ele havia puxado o meu cabelo. Mas<br />

era coisa de criança mesmo.”. Quando tinha 9 anos, seus pais a deixaram no carro com a instrução que ficasse<br />

lá até eles retornar<strong>em</strong>. Ela os desobedeceu, indo ao encontro deles. Contudo, deparou-se com uma criança <strong>em</strong><br />

um caixão e a mãe ao lado dela, aos prantos. Desde então, passou a pensar repetidamente no menino morto e a<br />

ter muito medo de dormir sozinha. Apanhava da mãe que achava ser frescura dela não querer dormir no quarto<br />

sozinha. Passou a apresentar medos relacionados ao diabo; foi intensificado o medo que sentia de pessoas.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Luciano . Bueno<br />

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