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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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do mecanismo de ação ser s<strong>em</strong>elhante entre os diversos representantes dessa classe de medicação,<br />

eles se diferenciam entre si por características como meia-vida e metabólito ativo, que vai definir o<br />

t<strong>em</strong>po de efeito daquele fármaco no organismo; lipossolubilidade, que implica a velocidade que a<br />

medicação vai atravessar a barreira h<strong>em</strong>atoencefálica e conseqüent<strong>em</strong>ente iniciar sua atividade no<br />

sist<strong>em</strong>a nervoso central; e por fim na metabolização hepática.<br />

A ansiedade é uma <strong>em</strong>oção normal, adaptativa, presente <strong>em</strong> situações de perigo, real ou imaginado,<br />

e que faz parte do circuito evolucionário de luta e fuga. T<strong>em</strong> funções de proteção e de melhora do<br />

nosso des<strong>em</strong>penho. Os transtornos de ansiedade envolv<strong>em</strong> quadros <strong>em</strong> que a ansiedade t<strong>em</strong> uma<br />

apresentação disfuncional, seja pela intensidade, pela duração, pelos prejuízos funcionais ou pelo<br />

sofrimento associado. Até alguns anos atrás se entendia como tratamento medicamentoso para os<br />

transtornos de ansiedade o uso de calmantes, particularmente os benzodiazepínicos, muitas vezes<br />

<strong>em</strong> doses elevadas, com redução dos sintomas à custa de efeito sedativo importante.<br />

Atualmente, pode-se dizer que as medicações com efeito serotoninérgico, como é o caso dos ISRS<br />

e IRSN, têm um potencial melhor para o tratamento continuado e no longo prazo dos quadros de<br />

ansiedade, com redução gradativa dos sintomas, particularmente no transtorno de pânico, obsessivocompulsivo,<br />

transtorno de ansiedade social e de ansiedade generalizada. Já os benzodiazepínicos<br />

são bastante úteis para o alívio da ansiedade situacional, como numa crise de pânico ou <strong>em</strong> uma<br />

condição de enfrentamento.<br />

Quando o enfrentamento envolve situações <strong>em</strong> que é difícil fazer uma hierarquia, como <strong>em</strong><br />

viagens aéreas, por ex<strong>em</strong>plo, o benzodiazepínico torna-se bastante útil. Vale ressaltar que, quando<br />

utilizado antes de enfrentamentos, é s<strong>em</strong>pre importante trabalhar com o paciente para que não fique<br />

refém da medicação, pois nesse caso seu uso poderia atrapalhar o processo de dessensibilização.<br />

Poderíamos entender, dentro da psicoterapia comportamental, que realizar um enfrentamento sob<br />

o uso da medicação, representaria um degrau na hierarquia de enfrentamentos e, posteriormente,<br />

seria um degrau mais elevado lidar com a mesma situação s<strong>em</strong> o uso do benzodiazepínico. Se<br />

imaginarmos, um paciente com transtorno de ansiedade social que não consegue falar <strong>em</strong> público<br />

n<strong>em</strong> fazer perguntas <strong>em</strong> sala de aula, ele poderia utilizar o benzodiazepínico <strong>em</strong> uma dosag<strong>em</strong> que<br />

aliviasse parcialmente os sintomas ansiosos, s<strong>em</strong> causar sedação, e então tentar fazer perguntas<br />

durante a aula. Quando estivesse habituado com esse grau de enfrentamento, seria a hora de tentar<br />

a mesma atividade com doses menores e posteriormente s<strong>em</strong> o uso da medicação. O sono causado<br />

pela medicação geralmente é dose-dependente, dessa forma é preciso descobrir previamente com<br />

o paciente <strong>em</strong> qual dosag<strong>em</strong> da medicação há redução dos sintomas ansiosos s<strong>em</strong> a ocorrência de<br />

sonolência.<br />

É importante ressaltar que, apesar dos benzodiazepínicos ter<strong>em</strong> <strong>em</strong> geral uma ação rápida e ser<strong>em</strong><br />

b<strong>em</strong> tolerados, apresentam riscos de dependência fisiológica, abstinência e potencial de abuso,<br />

sobretudo quando utilizados por períodos longos e <strong>em</strong> doses elevadas. É comum ainda a prescrição<br />

de benzodiazepínicos para ser<strong>em</strong> utilizados à noite, como tratamento da insônia, e esse é o caminho<br />

que mais frequent<strong>em</strong>ente leva à dependência e ao fenômeno de tolerância.<br />

Além disso, apresentam interação com bebida alcoólica, com potencialização recíproca e risco<br />

de insuficiência respiratória quando combinados <strong>em</strong> grande quantidade. O paciente <strong>em</strong> uso de<br />

benzodiazepínico deve estar b<strong>em</strong> orientado para não associar o uso da medicação com a ingestão de<br />

bebida alcoólica. Assim, essa classe de medicações deve ser usada com cautela e sob acompanhamento.<br />

Por fim, nos casos mais graves e nas situações <strong>em</strong> que está difícil trabalhar com o paciente, seja<br />

porque ele não consegue vir regularmente ao consultório, seja porque a ansiedade t<strong>em</strong> um papel<br />

paralisante na vida do indivíduo, o uso de psicofármacos pode acelerar o processo de melhora, sendo<br />

fundamental que haja uma boa interação entre psiquiatra e psicoterapeuta envolvidos.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Santos Filho . Freitas . Gomes<br />

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