13.04.2013 Views

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Bolsoni-Silva . Rocha . Cassetari . Daroz . Loureiro<br />

82<br />

participantes ansiosos socialmente viam-se negativamente e acreditavam que os outros também<br />

os viam dessa forma. Embora vistos como mais nervosos pelos outros, esses indivíduos não foram<br />

vistos como menos agradáveis. Por outro lado, esses resultados não foram atribuíveis aos sintomas<br />

depressíveis dos estudantes. Esse é um ex<strong>em</strong>plo <strong>em</strong> que à percepção social, condizente ao repertório<br />

de habilidades sociais, foi relacionada à ansiedade, mas não com a depressão.<br />

De maneira geral e não exaustiva, pode-se afirmar que as pesquisas sobre habilidades sociais<br />

e saúde mental não apresentam resultados conclusivos, sobretudo quanto à influência desses<br />

comportamentos para pacientes com depressão. Na literatura verifica-se vários estudos sobre<br />

ansiedade e fobia social, mas poucos sobre depressão e pacientes psicóticos. Outro aspecto a ser<br />

mencionado é que os constructos habilidades sociais e competência social são tratados de maneira<br />

diferenciada entre os autores, sendo focalizados diferentes comportamentos (por ex<strong>em</strong>plo,<br />

comunicação, assertividade, lidar com relacionamento amoroso, lidar com pressão de colegas de<br />

grupo e negociar relacionamento sexual, resolução de probl<strong>em</strong>as, comportamentos não verbais,<br />

percepção social), não tendo sido identificado um estudo que tenha mensurado um conjunto amplo<br />

de comportamentos de habilidades sociais correlacionando-os à saúde mental.<br />

Implicações para avaliação e intervenção com universitários<br />

Tendo <strong>em</strong> vista a importância das Habilidades Sociais para a vida acadêmica e ocupacional,<br />

b<strong>em</strong> como suas implicações para a saúde mental do indivíduo, considera-se relevante avaliar tais<br />

habilidades <strong>em</strong> estudantes universitários e as consequentes relações interpessoais estabelecidas. A<br />

avaliação nos permite identificar padrões comportamentais e contextuais que favoreçam a obtenção<br />

de reforçadores, b<strong>em</strong> como a presença de indicadores de risco para manifestações de fobia social<br />

(Bolsoni-Silva, Loureiro, Rosa & Oliveira, 2010).<br />

Segundo Angélico, Crippa e Loureiro (2006) o déficit <strong>em</strong> habilidades sociais não aparece <strong>em</strong><br />

muitos fóbicos sociais, entretanto, é recomendável que a sua avaliação seja realizada, de modo a<br />

caracterizar o repertório desses indivíduos, propiciando condições para instrumentalizar programas<br />

de intervenções efetivos que atendam às d<strong>em</strong>andas interpessoais e acadêmicas.<br />

Bolsoni-Silva et. al. (2010), ao avaliar<strong>em</strong> 85 estudantes de diferentes anos do curso de Desenho<br />

Industrial de uma universidade pública do Estado de São Paulo, identificaram que os estudantes<br />

dos primeiros e segundos anos necessitavam de mais intervenções, pois apresentavam maiores<br />

dificuldades de comunicação, expressividade e resolução de conflitos.<br />

Para além disto, a intervenção mostra-se importante pois pode atuar na prevenção e auxiliar na<br />

adaptação dos universitários (Baker, 2003), evitando futuros transtornos decorrentes de dificuldades<br />

encontradas na transição para a vida universitária e durante os anos de convívio com outros<br />

estudantes.<br />

Em um trabalho com estudantes de Psicologia, Magalhães e Murta (2003) apontaram que a aplicação<br />

de um programa de Treinamento <strong>em</strong> Habilidades Sociais foi efetiva, pois foi constatada melhoria do<br />

grupo e dos participantes individualmente quanto os escores de Habilidades Sociais. Bolsoni-Silva,<br />

L<strong>em</strong>e, Lima, Costa-Júnior e Correia (2009), com base <strong>em</strong> um estudo conduzido com 15 estudantes<br />

universitários e três recém-formados <strong>em</strong> uma clínica-escola de uma universidade pública do centrooeste<br />

paulista, observaram ganhos nos repertórios de habilidades sociais referentes ao contexto de<br />

relacionamento universitário (colegas e professores) e amoroso, os quais foram identificados como<br />

queixas iniciais. Também apontaram que o programa (Bolsoni-Silva, 2009) pode ser considerado<br />

como preventivo, pois foi divulgado e composto por participantes que inicialmente não estavam na<br />

lista de espera da clínica-escola e que também não apresentavam diagnóstico para transtornos de<br />

ansiedade e depressão, mas que se identificaram como necessitando de ajuda.<br />

Outro ponto importante relacionado à intervenção apontado por Boas et al., (2005) é que o<br />

treinamento pode contribuir para a auto-observação e para ampliar o autoconhecimento dos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!