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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

L<strong>em</strong>es . G. Nolêto Bueno . L. Nolêto Bueno<br />

340<br />

estímulos discriminativos verbais que têm por propriedade a descrição de uma dada contingência.<br />

Para ele, o comportamento governado por “(...) regras é chamado de verniz da civilização (...).<br />

(Skinner, 1974/2006, p. 110).<br />

Os processos de modelag<strong>em</strong> e imitação visam ampliar o repertório comportamental de um<br />

indivíduo por meio da aquisição de novas respostas. O primeiro consiste no “Reforçamento de<br />

aproximações sucessivas de uma resposta e extinção de aproximações anteriores de tal resposta, até<br />

que ocorra um comportamento novo desejado.” (Martin & Pear, 2007/2009, p. 491) Já na imitação, os<br />

indivíduos aprend<strong>em</strong> comportamentos novos ou modificam antigos por meio da observação de um<br />

modelo. No ambiente familiar, os pais são responsáveis tanto por modelar quanto por dar modelos<br />

aos filhos. Dessa forma, dependendo do repertório hábil ou inábil dos pais, os filhos vão aprender<br />

habilidades específicas (Oliveira et al., 2005; Skinner, 1953/2003).<br />

Assim, o que leva os pais ao fracasso na educação dos filhos relaciona-se com a falta de habilidades<br />

na manipulação das regras, no acompanhamento dos filhos, no uso inadequado do reforço positivo,<br />

na dificuldade de resolução de probl<strong>em</strong>as e na falta de comunicação. Essas inabilidades levam ao<br />

desenvolvimento de alguns comportamentos-probl<strong>em</strong>a apresentados pelos filhos, como birra,<br />

agressão, intolerância à frustração, oposição, dentre outros (Del Prette & Del Prette, 1999/2005).<br />

O reforçamento negativo e os métodos aversivos são agentes de controle com atuação relevante na<br />

manutenção dos comportamentos-probl<strong>em</strong>a dos filhos. Porém, como descreve McMahon (2008),<br />

eles têm um papel importante na intensificação e manutenção dos comportamentos coercitivos. Pais<br />

e filhos pod<strong>em</strong> se reforçar negativamente quando se comportam de forma coercitiva (p/ ex., a mãe<br />

dá uma ord<strong>em</strong>; a criança choraminga, grita e não obedece; a mãe retira a ord<strong>em</strong> para não ouvir mais<br />

a insistência). Como d<strong>em</strong>onstrado no ex<strong>em</strong>plo, o comportamento coercitivo (gritar e choramingar<br />

da criança) foi reforçado pelo desaparecimento de um acontecimento aversivo (a ord<strong>em</strong> que a mãe<br />

estava aplicando).<br />

Já os métodos aversivos (gritar; bater) são procedimentos reforçadores para os pais, pois suprim<strong>em</strong><br />

rapidamente o comportamento inadequado. No entanto, são pouco eficazes na instalação e<br />

manutenção de um repertório mais ajustado, b<strong>em</strong> como na extinção de comportamentos-probl<strong>em</strong>a.<br />

Assim, os filhos aprend<strong>em</strong> repertório inábil para enfrentar acontecimentos desagradáveis (Bolsoni-<br />

Silva, Del Prette & Oishi, 2003; Luiselli, 2005).<br />

Outros fatores que pod<strong>em</strong> levar ao surgimento dos comportamentos-probl<strong>em</strong>a nos filhos estão<br />

relacionados às variáveis oriundas dos pais, tais como: labilidade <strong>em</strong>ocional, depressão materna,<br />

conflitos conjugais, entre outros (Luiselli, 2005). Nessa perspectiva, os achados de Braz, Dessen e<br />

Silva (2005) apontam que relações conjugais satisfatórias favorec<strong>em</strong> o suporte a relações parentais<br />

de boa qualidade. Tal como compreenderam Gottman e Katz (1989, citados por Braz et al., 2005),<br />

<strong>em</strong> outro estudo, os pais que apresentavam insatisfação conjugal caracterizavam-se por um estilo<br />

parental frio e irritadiço.<br />

Marcon (2007), ao trabalhar com um sujeito de 21 anos diagnosticado como autista, apontou que o<br />

contexto social do participante proporcionou o estabelecimento de contingências moduladoras de seu<br />

repertório deficitário. No entanto, o treino dos pais e consequente uso das técnicas disponibilizadas<br />

(Marcon & Bueno, 2007), favoreceram a redução dos repertórios inadequados e a substituição por<br />

outros adequados.<br />

Os pais/cuidadores, que são os primeiros e mais relevantes recursos para aprendizag<strong>em</strong> do padrão<br />

comportamental de seus filhos, dev<strong>em</strong> ser percebidos como os principais agentes de mudança do<br />

repertório dos mesmos, posto que dispõ<strong>em</strong> de mais t<strong>em</strong>po com eles, b<strong>em</strong> como de maior controle<br />

sobre as contingências. Assim, as Habilidades Sociais Educativas – HSE –surg<strong>em</strong> como ferramentas<br />

adequadas para a modificação do repertório inábil dos pais e consequente mudança dos filhos (Marcon<br />

& Bueno, 2007; Olivares et al., 2005; Pinheiro, Haase, Del Prette, Amarante & Del Prette, 2006).

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