13.04.2013 Views

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Rolim<br />

568<br />

marciano? Acho que era porque eu não me encaixava. Depois comecei a aprender a ser como os<br />

outros”. Barros (2003) ressalta que o operante intraverbal pode ser considerado respostas verbais<br />

padronizadas, aprendidas <strong>em</strong> outras situações. Nesta cena, o menino reproduz várias falas do pai<br />

num esqu<strong>em</strong>a intraverbal, respondendo às perguntas dos agentes sociais. Essas falas não parec<strong>em</strong><br />

ensaiadas, porém, com maior probabilidade de ser<strong>em</strong> reforçadas pela comunidade verbal presente.<br />

O probl<strong>em</strong>a no uso constante deste operante estaria na perda da espontaneidade do falante, visto que<br />

este busca satisfação da audiência.<br />

4.3 Modelag<strong>em</strong> do comportamento verbal com tatos correspondentes à<br />

realidade<br />

Para instalar comportamentos verbais com tatos puros, ou seja, precisos com os fatos, o ouvinte<br />

precisa tirar proveito da dinâmica do episódio verbal. Para De Rose e Gil (2003), as pessoas pod<strong>em</strong><br />

aumentar seu controle sobre o ambiente e comportar-se mais efetivamente quando se tornam<br />

falantes. Ao tomar o papel de falante, perante aquele que <strong>em</strong>ite tatos distorcidos, o novo falante pode<br />

descrever as contingências para relatos correspondentes (tatos puros) estabelecendo os estímulos<br />

discriminativos e consequenciá-los quando ocorrer os relatos fidedignos.<br />

“À medida que o comportamento de falante se torna mais sofisticado, há um enorme aumento<br />

na habilidade de produzir modificações no ambiente através das ações dos outros” (De Rose & Gil,<br />

2003, p. 376), como na cena <strong>em</strong> que pai e filho conversam no corredor, enquanto aguardam o início<br />

da reunião com a assistência social. O menino está t<strong>em</strong>eroso, pois se for ele mesmo, não o deixarão<br />

ficar com o novo pai. “Não, não, não. O que quer que diga, vai ficar tudo b<strong>em</strong>”, conforta o pai, que<br />

abraça o menino e percebe que ele t<strong>em</strong> pesos amarrados nos tornozelos. “Seja você mesmo”. Este é<br />

um convite do pai para que ele viva as contingências do jeito que ele aprendeu a vivê-las.<br />

Medeiros (2002b) propõe que o comportamento verbal promove o autoconhecimento, que não é<br />

inato, mas construído por meio das d<strong>em</strong>andas da comunidade verbal. Se o relato é consequenciado<br />

por punição, este repertório comportamental se enfraquece e possibilita marg<strong>em</strong> para distorções<br />

de comportamento verbal (tatos e intraverbais), as quais dev<strong>em</strong> ser evitadas por prejudicar o<br />

autoconhecimento. Esta busca é possível através de ferramentas disponíveis na terapia analíticocomportamental,<br />

quando a pessoa pode descrever seu comportamento e as variáveis das quais o<br />

autoconhecimento é função.<br />

O terapeuta na clínica analítico-comportamental pode trabalhar para que o cliente <strong>em</strong>ita uma<br />

correspondência mais coerente entre o estímulo discriminativo e a resposta verbal. O cliente pode<br />

aprender a <strong>em</strong>itir o comportamento verbal sobre o que sente com maior precisão, a fim de que<br />

alcance seus reforçadores de modo mais efetivo.<br />

Quanto à <strong>em</strong>issão de comportamento verbal distorcido, o terapeuta deve buscar o motivo pelo<br />

qual o cliente <strong>em</strong>ite relatos imprecisos (fantasias e/ou mentiras), discutir com o falante novas<br />

possibilidades de comportamento verbal e sugerir modelos alternativos. Os relatos correspondentes<br />

dev<strong>em</strong> ser valorizados, o que poderia fazer com que o comportamento verbal de “contar a verdade”<br />

aumente <strong>em</strong> frequência (Chamati & Pergher, 2009).<br />

O procedimento de extinção pode ser aplicado para o uso frequente de comportamento verbal<br />

distorcido (tatos e intraverbais), porém deve considerar seus efeitos concomitantes. O comportamento<br />

verbal distorcido não deve receber reforçamento na prática clínica analítico-comportamental. O<br />

operante intraverbal não correspond<strong>em</strong> a fatos <strong>em</strong> si ou contingências reais, o que enfraquece o<br />

reconhecimento dos mantenedores deste comportamento e sua função no contexto.<br />

Acredita-se que a clareza e a objetividade de um comportamento verbal de relatar pod<strong>em</strong> ser<br />

desenvolvidas numa terapia analítico-comportamental, que associado a uma audiência não punitiva<br />

(ambiente acolhedor e <strong>em</strong>pático), permite a <strong>em</strong>issão de repertórios verbais mais precisos (assertividade<br />

e correspondência) do falante, ou seja, tatos puros que enriqueceriam suas relações sociais.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!