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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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(Repetto & cols., 2003). Esse mesmo gene que ajudou os ancestrais a sobreviver<strong>em</strong> <strong>em</strong> períodos de<br />

fome é, atualmente, um desafio, pois a comida é abundante o t<strong>em</strong>po todo (CDC, 2009) e o padrão de<br />

vida t<strong>em</strong> sido cada vez mais sedentário (Repetto & cols., 2003).<br />

A ontogênese no processo do desenvolvimento da obesidade infantil pode ser observada no<br />

aumento do consumo de alimento calórico e um grande declínio da atividade física (Dehghan,<br />

Danesh & Merchant, 2005; Stein & Conditz, 2004), aliada a todos os processos comportamentais<br />

envolvidos nessas condições. Por fim, exist<strong>em</strong> também as práticas culturais que influenciam a forma<br />

de os pais conduzir<strong>em</strong> a alimentação dos seus filhos, como por ex<strong>em</strong>plo, oferecer cada vez mais fast<br />

foods aos filhos.<br />

Ao considerar a ontogênese e as práticas culturais como partes do desenvolvimento do sobrepeso e<br />

da obesidade infantil, é necessário apontar para a influencia da família nesse processo. Skinner (2003,<br />

p. 438) afirma que a dinâmica familiar é essencial ao desenvolvimento, pois, para ele, “a família<br />

funciona como uma agência educacional que ensina a criança a andar, a falar, a comer de uma dada<br />

maneira, a se vestir, e assim por diante”. Banaco (2005) compl<strong>em</strong>enta essa afirmação ao considerar a<br />

família um grupo social que t<strong>em</strong> a tarefa de formar indivíduos com habilidades para cuidar e manter<br />

o b<strong>em</strong>-estar dos m<strong>em</strong>bros do próprio grupo. Para que isto ocorra, o grupo social mais amplo investe<br />

a família de poderes de aplicação de vários reforçadores e punidores, ficando responsável pela seleção<br />

das respostas que comporão o repertório dos indivíduos da qual faz<strong>em</strong> parte (Banaco, 2005).<br />

Assim, cabe apontar que a maioria dos comportamentos infantis é controlado pelas contingências<br />

familiares, além de que a criança passa a maior parte do seu t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> casa, e isso faz com que nesse<br />

ambiente os comportamentos disfuncionais que pod<strong>em</strong> levar à obesidade estejam presentes. Por<br />

outro lado, deve-se considerar que esse é o ambiente mais propício para se iniciar qualquer mudança<br />

na alimentação das crianças.<br />

Para que ocorra qualquer mudança na alimentação da criança é importante criar condições para que<br />

a família entenda que as mudanças depend<strong>em</strong> de alterações consistentes, continuas e permanentes<br />

por parte também dos familiares, e não somente uma alteração que envolva a criança (Guedes &<br />

Banaco, 2002). E uma das formas para tentar aprimorar a alimentação da criança é aumentar o<br />

número de práticas positivas e diminuir o uso das práticas negativas na alimentação das crianças.<br />

Exist<strong>em</strong> diversas práticas de alimentação utilizadas pelos pais na alimentação dos seus filhos.<br />

Segundo Musher-Eizenman e Holub (2007), as 12 práticas de alimentação infantil que pod<strong>em</strong> ser<br />

utilizadas pelos pais são: (1) controle da alimentação feito pela criança: os pais deixam o controle<br />

da alimentação a cargo da criança; (2) controle das <strong>em</strong>oções: pais usam a comida para controlar<br />

os estados <strong>em</strong>ocionais da criança; (3) incentivo ao equilíbrio e à variedade: os pais proporcionam<br />

equilíbrio e variedade na alimentação dos seus filhos; (4) ambiente: os pais deixam alimentos saudáveis<br />

disponíveis <strong>em</strong> casa; (5) alimento como recompensa: pais utilizam a comida como recompensa ao<br />

bom comportamento dos filhos; (6) envolvimento: pais estimulam o envolvimento dos filhos no<br />

planejamento e na preparação das refeições; (7) modelo: pais com<strong>em</strong> alimentos saudáveis para<br />

dar ex<strong>em</strong>plo a seus filhos; (8) monitoramento: pais ficam atentos no consumo de alimentos menos<br />

saudáveis pelos filhos; (9) pressão: pais pressionam os filhos a comer mais nas principais refeições;<br />

(10) restrição por saúde: pais controlam o consumo de comida dos filhos com o propósito de limitar<br />

comidas menos saudáveis e doces para mantê-los mais saudáveis; (11) restrição para controle do<br />

peso: pais controlam o consumo de comida dos filhos com o objetivo de diminuir ou manter o peso<br />

deles; (12) ensino sobre nutrição: pais ensinam o valor nutricional dos alimentos aos filhos para<br />

incentivar o consumo de alimentos saudáveis.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Weber . Mayer . Faria<br />

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