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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Callonere . Rolim . Hübner<br />

98<br />

Considerações finais<br />

O movimento pela inclusão no Brasil não nasceu de uma prática cultural, mas de normas<br />

impostas por setores da sociedade, desesperados com o descaso, o que desfavorece sua aceitação e se<br />

apresenta imaturo na sociedade e na escola. Haveria melhores possibilidades de sucesso se estivesse<br />

fundamentada numa própria história de conquistas e lutas pelo direito ao acesso à educação das<br />

crianças com desenvolvimento atípico, o que também não é a realidade. Nisto, para mudar o atual<br />

cenário, torna-se necessário, antes de tudo, muito estudo, competência, uma longa história de ensino<br />

e vivência sobre a defesa de direitos civis.<br />

Ao buscar uma análise das contingências que afetam o processo de inclusão escolar, fica nítida<br />

a necessidade de uma melhoria das relações humanas com as diferenças individuais e considerase,<br />

a partir dos dados atualizados, um limitado avanço nesta questão da aceitação e da formação<br />

de conceitos/valores para uma sociedade menos preconceituosa e maior tolerância por parte dos<br />

agentes (professores, profissionais e pais daqueles com desenvolvimento atípico) envolvidos neste<br />

processo. Embora haja um apelo popular motivado pela mídia sobre a questão da inclusão, esta ainda<br />

não é benquista pelos que deveriam ser seus maiores promotores.<br />

Os dados colhidos por Callonere (2002) se mostram importantes e atuais na compreensão das<br />

relações e limitações que envolv<strong>em</strong> os modos de convivência com a diferença. Os diversos relatos<br />

sobre os probl<strong>em</strong>as cotidianos enfrentados são inerentes a este processo <strong>em</strong> construção, tanto no<br />

campo da educação como na sociedade (Rocha e Costa, 2009).<br />

São inúmeras as contingências que interfer<strong>em</strong> no desenvolvimento de um filho diferente do<br />

esperado desde o nascimento, os pais conviv<strong>em</strong> com sentimentos que oscilam entre amor e raiva no<br />

enfrentamento da situação (Amaral, 1995; Amiralian, 1986). Se tais sentimentos interfer<strong>em</strong> <strong>em</strong> outras<br />

contingências da vida desses pais, foi observado que educadores envolvidos neste processo também<br />

pod<strong>em</strong> oscilar <strong>em</strong> sentimentos contraditórios, baseados <strong>em</strong> crenças e conceitos que governam suas<br />

ações <strong>em</strong> relação aos estudantes com desenvolvimento atípico. Há comprometimento na qualidade<br />

das relações entre os envolvidos.<br />

Ao propor-se esta análise de uma situação probl<strong>em</strong>ática de inclusão, são revelados limitações<br />

e comportamentos incompatíveis com a prática, com os quais deve ser tomado algum cuidado<br />

para evitá-los. A ausência de contato com determinadas contingências pode gerar sentimentos de<br />

preconceito e medo (Goffman, 1988, Amaral, 1995; Mazzotta, 1999) e provoca algum distanciamento<br />

afetivo da situação ameaçadora e geradora de ansiedade, paralisando a possibilidade de ações<br />

construtivas no enfrentamento da situação inicial. Esta esquiva pode ser natural, mas impede contato<br />

com novas contingências, as quais poderiam trazer reforçadores.<br />

Ainda, os eventos encobertos (<strong>em</strong>oções antagônicas) inferidas a partir dos relatos verbais da<br />

docente pod<strong>em</strong> tornar-se tão limitadores do processo de ensino e aprendizado quanto das regras<br />

que reg<strong>em</strong> o comportamento dos professores diante do fracasso presumido do aluno estigmatizado.<br />

A ausência de respaldo técnico, a acessibilidade nas escolas e a parceria com a família pod<strong>em</strong> ser<br />

justificativas racionalmente viáveis para o fracasso da inclusão, porém não exim<strong>em</strong> os profissionais<br />

de seu compromisso com o desenvolvimento dos estudantes incluídos.<br />

Assim, a contradição parece clara quando professores e pais defend<strong>em</strong> a inclusão como um direito<br />

daquele com desenvolvimento atípico e uma forma de enriquecer o processo de aprendizag<strong>em</strong> e<br />

modificar o comportamento social com relação ao diferente (Aranha, 2000; Guhur,1994), mas<br />

colocam <strong>em</strong>pecilhos e destacam dificuldades para aplicação do processo. Ambos (escola e família)<br />

se afastam de um real envolvimento pessoal e afetivo e delegam a responsabilidade para as outras<br />

agências de controle -- sociedade (mantenedora de preconceitos) e governo (respaldo técnico e<br />

acessibilidade). A sociedade é acusada de preconceituosa, mas no próprio sist<strong>em</strong>a familiar o filho<br />

com desenvolvimento atípico n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é visto de modo construtivo com suas potencialidades

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