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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Ferreira . Fornazari . Silva<br />

200<br />

<strong>em</strong> pacientes com câncer e também indicar a que tais conteúdos se refer<strong>em</strong>. Com isso, algumas<br />

discussões pod<strong>em</strong> ser realizadas.<br />

Os resultados que indicam que os conteúdos dos relatos têm maior recorrência <strong>em</strong> situações e/<br />

ou vivências marcadas por estresse; por dificuldades e tristeza, preocupação; doação aos outros <strong>em</strong><br />

detrimento de si mesmo; e dificuldades de expressar sentimentos e pensamentos, pod<strong>em</strong> sugerir<br />

que a maioria dos pacientes do presente estudo passou e/ou passa por experiências incluídas nesses<br />

tipos de conteúdos. Os dados indicados pelas categorias suger<strong>em</strong> que perdas e estresse apareceram<br />

como t<strong>em</strong>as dentro dos quais os conteúdos recorrentes se concentram com maior incidência. O<br />

estresse e as perdas significativas desde há muito t<strong>em</strong>po são investigados como fatores de influência<br />

na história anterior à doença, como se pode observar <strong>em</strong> Straub (2005), Conde, Pinto-Neto, Freitas-<br />

Júnior e Aldrighi (2006) e Venâncio (2004). Com relação às d<strong>em</strong>ais categorias é possível indicar<br />

que as dificuldades ao longo da vida, as dificuldades nas relações, na expressão dos sentimentos<br />

e dos desejos, no trabalho, na família constituída e de orig<strong>em</strong>, b<strong>em</strong> como a não realização dos<br />

próprios objetivos são fatores que aparec<strong>em</strong> como importantes para a amostra estudada. Com isso,<br />

parece lícito sugerir que os t<strong>em</strong>as levantados com base nos conteúdos dos relatos de pessoas com<br />

câncer pod<strong>em</strong> servir como indicativos de condições comuns vivenciadas por estas pessoas nas suas<br />

histórias de vida. Portanto, considerando que um ponto comum entre os participantes é o câncer<br />

e que outro pode ser sustentado como os conteúdos recorrentes dentro das categorias indicadas<br />

no presente estudo, parece possível sugerir que as experiências vivenciadas, expressas através dos<br />

conteúdos relatados, suger<strong>em</strong> alguma relação com a doença. Tal relação pode ser especulada como<br />

esses conteúdos atuando como facilitadores do aparecimento e/ou manutenção do câncer (Straub,<br />

2005, Martins, 2001, Löhr e Amorim, 1997).<br />

Mais um dado importante a ser discutido refere-se à fase de tratamento dos participantes.<br />

As “diferentes fases de tratamento médico do câncer são: prevenção, diagnóstico, tratamento,<br />

reabilitação, pós-tratamento ou acompanhamento na fase terminal através de cuidados paliativos”<br />

(Löhr e Amorim, 1997, p. 30). Os participantes estudados estavam nas fases de tratamento, póstratamento<br />

e terminal, e as Tabelas 5 e 6 mostram que as maiores porcentagens de conteúdos<br />

recorrentes para pacientes <strong>em</strong> tratamento e pós-tratamento encontram-se nas categorias perdas e<br />

estresse. Outro dado importante mostrado nas Tabelas 5 e 6 indica que as maiores porcentagens de<br />

conteúdos recorrentes estão <strong>em</strong> estresse e relações. Considerando que esses pacientes, de uma forma<br />

ou de outra, passaram por um tratamento que envolveu quimioterapia e/ou radioterapia, muitas<br />

vezes incluindo procedimentos invasivos como cirurgias, é possível sugerir que suas experiências<br />

tenham influenciado o conteúdo de seus relatos verbais com relação aos eventos passados, ou seja,<br />

a forma como o indivíduo descreve hoje a experiência passada pode ser diferente da forma como<br />

descreveria s<strong>em</strong> passar por tais experiências. Mas os dados permit<strong>em</strong> indicar que condições vividas<br />

de perda e estresse são altamente presentes nos relatos verbais durante e depois do tratamento dos<br />

pacientes com câncer que participaram do presente estudo, sugerindo que experiências na história<br />

passada que envolvam tais t<strong>em</strong>as pod<strong>em</strong> ter relação com a doença.<br />

Do ponto de vista de uma interpretação dos resultados com base na Análise do Comportamento,<br />

os dados obtidos no presente estudo permit<strong>em</strong> apenas especulações teóricas. Os conteúdos<br />

recorrentes dos relatos verbais categorizados suger<strong>em</strong> que os pacientes passaram por uma história<br />

de vida marcada por interações com o ambiente que produziram como consequência para seus<br />

comportamentos quantidade maior de punição <strong>em</strong> relação ao reforçamento positivo (Skinner, 1953;<br />

Catania, 1999). Os relatos concentrados <strong>em</strong> perdas e estresse pod<strong>em</strong> corroborar esta análise, pois<br />

sinalizam para experiências passadas com contingências (Souza, 2001) que envolveram eventos<br />

aversivos, que pod<strong>em</strong> ter atuado como antecedentes e/ou consequências de ações, e estabeleceram<br />

padrões comportamentais caracterizados como fuga e esquiva que pod<strong>em</strong> gerar efeitos danosos se<br />

mantidos como predominantes no repertório de um individuo (Sidman, 1989).

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