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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Segundo Skinner (1953/2003) e Sidman (1989/2003), a punição é um dos meios menos eficazes<br />

para se conseguir o controle de comportamentos. Os efeitos são t<strong>em</strong>porários e só há o controle do<br />

comportamento indesejado diante do agente punidor. Os efeitos colaterais que ela produz pod<strong>em</strong> ser<br />

os mais diversos, dentre eles a hostilidade e/ou a reação de lutar contra o estímulo/agente punidor.<br />

O melhor meio para conseguir o controle do comportamento é pelo Estabelecimento de Regras<br />

(Marcon & Bueno, 2007) e Economia de Fichas (Patterson, 1996/2008), além do THS (Caballo,<br />

2003). A Tabela 4 aponta para a eficácia no controle de classes específicas de comportamentos através<br />

do uso das técnicas disponibilizadas pela literatura. O Participante I conseguiu aderir, inicialmente, a<br />

algumas das regras estabelecidas. Depois ampliou sua adesão à outras regras no decorrer do processo<br />

terapêutico. Tais dados confirmam ainda mais a literatura.<br />

Um bom nível de habilidades sociais para o manejo de contingências aversivas é primordial para<br />

que ocorra uma melhor adaptação de qualquer indivíduo à sociedade. Os indivíduos pod<strong>em</strong> se<br />

comportar como se comportam, não por negligência ou ‘doença’ - como no caso da esquizofrenia - e<br />

sim por uma gama de fatores, dentre elas, a falta de habilidades sociais perante contingências aversivas<br />

(Caballo, 2003). A Tabela 5 aponta para a aquisição de um repertório básico de habilidades sociais,<br />

o qual permitiu ao cliente uma melhor organização de seus comportamentos. Esses dados reforçam<br />

a literatura, pois João passou a apresentar padrões mais assertivos de comportamentos, conforme o<br />

avanço do processo terapêutico (Britto, 2004; Lindsley & Skinner, 1954; 2005; Santos, 2007).<br />

A falta de habilidades sociais parentais pode afetar diretamente a educação de um filho, o que<br />

pode favorecer o desenvolvimento de classes comportamentais agressivas, indiferentes e, até mesmo,<br />

alheias às contingências ambientais. Também a inabilidade <strong>em</strong> saber manejar a desorganização<br />

de comportamentos diversos pode ser fator desencadeante do estabelecimento de contingências<br />

ambientais desorganizadas (Caballo, 2003; Pinheiro et al., 2006). Outro dado relevante observado<br />

por este estudo diz respeito às variações de contingências ambientais: a Participante II que assumira a<br />

responsabilidade pela aquisição dos objetos reforçadores a João, quando da troca dos tokens, deixou de<br />

disponibilizá-los, a partir da 17ª sessão, por questões financeiras, s<strong>em</strong> permitir qualquer substituição.<br />

Ainda que compreendendo a situação, João mostrou-se irritado pela falta de criatividade da mãe.<br />

Por fim, os dados aqui expostos suger<strong>em</strong> que os objetivos do presente estudo foram parcialmente<br />

alcançados, pois identificou-se uma das contingências favorecedoras do surgimento e manutenção<br />

dos comportamentos-probl<strong>em</strong>a do Participante I: ambiente não-assertivo. Também favoreceu a<br />

João o aprendizado de novas classes comportamentais à sua adaptação ao ambiente social no qual<br />

se insere, porém não foi possível a total ressocialização de João, visto que ambos os Participantes<br />

são dependentes um do outro, e João ainda não é capaz de ter uma vida adulta independente. Por<br />

ex<strong>em</strong>plo, a Participante II precisará melhorar suas atividades como co-terapeuta; e o Participante I<br />

ter reinstalados outros papéis sociais que não apenas o de filho e de cristão, necessários à aquisição<br />

de comportamentos de autonomia, próprios à cronologia de idade <strong>em</strong> que se encontrava.<br />

Maria foi instruída à terapia individual. João deve manter-se nesse tratamento terapêutico, sendo<br />

que a Participante II foi instruída para que os processos terapêuticos dela e do Participante I não<br />

foss<strong>em</strong> interrompidos.<br />

Referências<br />

Associação Americana de Psiquiatria. (2003). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais<br />

- DSM-IV-TR. Tradução organizada por C. Dornelles. 4ª Edição. Porto Alegre: Artes Médicas.<br />

(Trabalho original publicado <strong>em</strong> 2000).<br />

Banaco, R. A. (2004). Punição Positiva. Em: C. N. Abreu & H. J. Guilhardi (Orgs.), Terapia<br />

Comportamental e Cognitivo-Comportamental: práticas clínicas (pp. 62-71). São Paulo: Roca.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Nogueira . Bueno<br />

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