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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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aseada nos relatos das crianças <strong>em</strong> tratamento no hospital que relatam que seus comportamentos<br />

são sist<strong>em</strong>aticamente punidos no contexto escolar, comportamentos como falar, se expor, errar,<br />

interagir. Estas estimulações aversivas part<strong>em</strong> de seus pares como zombaria, falta de atenção,<br />

chacota e até agressão verbal e física. Concomitante a este quadro, nos deparamos com escolas<br />

pouco preparadas para lidar com esta população, e pais pouco envolvidos com a questão da<br />

aprendizag<strong>em</strong> de seus filhos.<br />

Uma série de estudos sobre esta população (Hunt, Burden, Hepper, Stevenson & Johnston, 2006;<br />

Kapp-Simon, 2004; Baker, Owens, Stern & Willmot, 2009) aponta que diversas variáveis estão<br />

envolvidas no ajustamento psicológico ou na adaptação da criança fissurada, tais como, adaptação<br />

da família à condição da criança, autoestima, aparência, interação social e modelos de enfrentamento<br />

dos pais. Uma vez que estas crianças estão mais vulneráveis a comentários, chacotas por parte de<br />

seus pares, decorre-se estresse psicológico. Com os estudos sobre esta população t<strong>em</strong>-se mais<br />

clara a importância do envolvimento dos pais e da escola no desenvolvimento de repertórios de<br />

enfrentamento, de interação e de des<strong>em</strong>penho acadêmico destas crianças.<br />

Os portadores de fissura lábiopalatina têm mais dificuldades de aprendizag<strong>em</strong> se comparadas à<br />

população geral (Richman & Millard, 1997; Broder, Richman & Matheson, 1998). Contudo, sabe-se<br />

que esta deformidade não acarreta nenhum tipo de comprometimento cognitivo, logo, pod<strong>em</strong>os<br />

concluir que as dificuldades de aprendizag<strong>em</strong> são produtos de contingências pouco favoráveis de<br />

ensino-aprendizag<strong>em</strong> a que estas crianças são expostas.<br />

Os objetivos da psicopedagogia neste contexto hospitalar são: auxiliar na aprendizag<strong>em</strong> e<br />

adequação escolar da criança portadora de deformidade craniofacial; orientar os familiares e a escola<br />

<strong>em</strong> que ela está inserida sobre melhores estratégias <strong>em</strong> relação à vida escolar e para que o ambiente<br />

da aprendizag<strong>em</strong> seja mais reforçador e eficaz.<br />

Avaliação inicial<br />

Um primeiro e importante passo é a entrevista inicial com os pais para que estes nos tragam<br />

informações sobre: a queixa escolar; qu<strong>em</strong> encaminhou para atendimento; quais são as dificuldades<br />

dos pais <strong>em</strong> relação à criança; como foi o desenvolvimento motor e cognitivo da criança, para que<br />

possamos entender se ela t<strong>em</strong> repertórios para atender às exigências da escola; eventos importantes na<br />

vida da criança como separação dos pais, nascimento de um irmão, mudança de escola; as condições<br />

de estudo, tais como local, material, estimulação necessários para o sucesso escolar (Hübner &<br />

Marinotti, 2000); enfrentamento, aceitação e adaptação do portador e sua família a esta condição;<br />

b<strong>em</strong> como a avaliação de conteúdos acadêmicos de base como leitura, escrita e cálculo. Para tal<br />

construímos um protocolo padrão, uma entrevista inicial de pais que busca facilitar a comunicação<br />

e a descrição das contingências operantes <strong>em</strong> casa e na escola.<br />

As queixas relatadas pelos pais <strong>em</strong> relação ao des<strong>em</strong>penho de seus filhos na escola, geralmente,<br />

descrev<strong>em</strong> comportamentos isolados, tais como: não saber ler e escrever, falta de atenção e<br />

concentração, agressividade e dificuldades de socialização. Contudo, observamos que estes relatos dos<br />

pais pouco descrev<strong>em</strong> as contingências de reforçamento que instalaram e mantém o comportamento<br />

de não aprender, por duas razões: os pais têm uma visão mentalista do fenômeno da aprendizag<strong>em</strong><br />

e os relatos suger<strong>em</strong> um distanciamento dos pais da escola, ou seja, a procura por um atendimento<br />

psicológico é sugestão ou imposição das escolas, que muitas vezes não têm condições de propiciar<br />

contingências eficazes de ensino.<br />

O psicólogo, então, t<strong>em</strong> a função de auxiliar os pais a se conscientizar<strong>em</strong> dos comportamentos<br />

que contribu<strong>em</strong> para a manutenção dos comportamentos inadequados dos filhos <strong>em</strong> relação à vida<br />

escolar. Realizadas estas análises funcionais, os pais são orientados <strong>em</strong> como auxiliar e acompanhar<br />

as tarefas escolares, à criação de um ambiente que valoriza a aprendizag<strong>em</strong>, ao acompanhamento e<br />

interesse pela vida escolar de seu filho, à interação com a escola e professores, entre outros.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Koeke . Menzzano<br />

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