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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Callonere . Rolim . Hübner<br />

92<br />

estudantes com desenvolvimento atípico, os familiares e a sociedade <strong>em</strong> geral. Estas categorias estão<br />

descritas nas figuras apresentadas neste artigo, as quais foram tabuladas <strong>em</strong> frequência para cada<br />

categoria e representadas <strong>em</strong> gráficos, ilustrando “que porção do total de dados cada categoria ocupa”<br />

(Hübner, 1984).<br />

A pesquisa foi compl<strong>em</strong>entada com a análise documental de 25 depoimentos de pais de crianças<br />

e adolescentes com desenvolvimento atípico, coletados num encontro <strong>em</strong> grupo de pais. Tais<br />

depoimentos são acerca da maneira como os pais enfrentavam o cotidiano escolar, familiar e social<br />

de seus filhos. Esses dados foram coletados numa UBS (Unidade Básica de Saúde) de um bairro de<br />

periferia da capital paulista, durante o mês de set<strong>em</strong>bro de 1995. Os fatores considerados relevantes<br />

pelos participantes foram destacados como favoráveis, ou não, ao processo de inclusão de estudantes<br />

com desenvolvimento atípico nas escolas comuns, sob o enfoque das relações entre familiares e<br />

professores.<br />

Nas Figuras 1 e 2 com referência a determinadas categorias, utilizou-se a denominação de realista<br />

e não-realista como indicativo dos aspectos de positividade ou negatividade da categoria de aceitação<br />

e conscientização das potencialidades e limitações dos filhos.<br />

Conforme a Figura 1, que apresenta respostas verbais positivas e negativas dos participantes<br />

do grupo de pais, o relato verbal (coletado <strong>em</strong> 1995) de pais sobre a escola e os professores é<br />

fundamentalmente negativo a respeito do desenvolvimento de seus filhos e da qualidade das relações<br />

estabelecidas entre os profissionais da escola e estas famílias. O professor foi citado como um agente<br />

dificultador do cotidiano escolar, da vida das crianças e de seus pais, e definido, <strong>em</strong> algumas falas,<br />

como insensível às dificuldades familiares e da criança. Esta visão do profissional é contraditória ao<br />

esperado, que deveria ser de facilitar a aprendizag<strong>em</strong> e compreender as dificuldades das crianças e<br />

pais, contando com auxílio de profissionais fora da escola numa atuação interdisciplinar. Skinner<br />

(1972) destaca que o professor conhece os modos mais adequados para o aprendizado, toma-os<br />

como referência para provocar mudanças naquele que aprende, de forma a levá-lo a se comportar de<br />

maneira mais eficiente do que se comportava outrora. Esta análise sobre o papel do professor merece<br />

maior atenção, a ser considerada no exame adiante da entrevista concedida pela docente.<br />

A escola também recebe críticas dos pais pesquisados ao <strong>em</strong>itir comportamentos incompatíveis<br />

com a inclusão e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, é considerada como garantia de um futuro melhor e fundamental<br />

para o desenvolvimento saudável dos filhos. Como agência de educação, a escola deveria responder<br />

pelo “estabelecimento de comportamentos que serão vantajosos para o indivíduo e para os outros <strong>em</strong><br />

algum momento futuro” (Skinner, 1974, p. 226).<br />

Com relação à contingência familiar, constatou-se que o pai foi definido como ausente ou<br />

desinteressado dos reais probl<strong>em</strong>as do filho, porém, isto não é visto como totalmente negativo,<br />

quando muitas mães descrev<strong>em</strong> o fato como normal e aceitável, conforme a organização nuclear<br />

de família segundo o modelo burguês (Ariès, 1981; Szymanski, 1998). Os irmãos de crianças com<br />

desenvolvimento atípico foram citados como agentes ativos na responsabilidade por elas, e observase<br />

uma desigualdade na criação dos filhos ao diferenciá-los entre si e d<strong>em</strong>onstrar a centralização da<br />

família <strong>em</strong> torno daquele com desenvolvimento atípico, <strong>em</strong> aparente “detrimento das necessidades<br />

dos d<strong>em</strong>ais m<strong>em</strong>bros” do lar (Glat, 1996).<br />

O relato dos participantes do grupo de pais com relação à percepção do fato e da validação da<br />

condição de desenvolvimento atípico dos filhos mostrou-se contraditória, especialmente no que se<br />

refere às expectativas depositadas neles (Amaral, 1995), n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre condizentes com as descrições<br />

das potencialidades das crianças. Por parte dos pais participantes, nota-se certa dificuldade <strong>em</strong> admitir<br />

a realidade dos filhos, suas potencialidades e limitações, ao superestimar com altas expectativas ou,<br />

<strong>em</strong> contrapartida, pela superproteção aquém das possibilidades do filho (Amiralian, 1986; Amaral,<br />

1995).<br />

No que se refere aos profissionais fora da escola, especialmente os que atuam na área de saúde, os<br />

participantes do grupo de pais d<strong>em</strong>onstraram aceitação e confirmaram a “incessante busca de algum

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