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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Sousa . C. A. de Medeiros . Aragão . F. H. de Medeiros . Silva<br />

642<br />

comportamentos verbais do cliente, isto é, fazendo com que a pessoa formule descrições verbais<br />

acerca das contingências às quais está exposto. Em outras palavras, que elabore autorregras.<br />

Regras, <strong>em</strong> geral, são consideradas úteis diante de contingências complexas, logo, alguns<br />

profissionais defend<strong>em</strong> a utilização de regras como forma de intervenção terapêutica, pois viabiliza<br />

a <strong>em</strong>issão de respostas compatíveis com as contingências mais rapidamente do que se tais respostas<br />

foss<strong>em</strong> modeladas pelas contingências. Os possíveis probl<strong>em</strong>as, aqui, envolv<strong>em</strong> a reconhecida<br />

insensibilidade às mudanças nas contingências dos comportamentos governados por regras, além<br />

dos fatores expostos por Medeiros (2010): possível relação de dependência entre cliente e terapeuta,<br />

manutenção de um padrão comportamental de baixa assertividade, punição/não-reforçamento<br />

do seguimento de regra (estes são possíveis riscos de quando as regras <strong>em</strong>itidas pelo terapeuta são<br />

seguidas pelo cliente); formulação de autorregras incompatíveis com o comprometimento com a<br />

terapia; <strong>em</strong>issão de tatos distorcidos; e possível reação agressiva do cliente diante de um terapeuta<br />

que lhe manda o que fazer (quando as regras não são seguidas).<br />

Medeiros (2010) ainda afirmou que mudanças nas regras – sejam <strong>em</strong>itidas por terapeutas sejam<br />

reformuladas pelo cliente – não resultam necessariamente <strong>em</strong> alterações nas respostas não-verbais.<br />

Diante disso investigou-se a extensão do controle verbal sobre o padrão de comportamentos de<br />

seis clientes. Em outras palavras, verificaram-se quais regras seriam mais seguidas – aquelas <strong>em</strong>itidas<br />

pelos terapeutas estagiários ou aquelas formuladas pelos próprios clientes.<br />

Foi possível observar que boa parte do repertório comportamental dos participantes era governado<br />

por regras, e que estas continuavam a exercer controle sobre seus comportamentos. Haja vista o<br />

grande número de <strong>em</strong>issão de regras formuladas antes do período terapêutico b<strong>em</strong> como a alta<br />

incidência de seguimento das mesmas. Catania (1998/1999) constatou a partir de estudos <strong>em</strong>píricos<br />

que comportamento verbal instruído assim como comportamento não-verbal instruído são mais<br />

insensíveis às consequências e ocorr<strong>em</strong> menos correspondência entre comportamentos verbal e nãoverbal,<br />

ao passo que respostas verbais modeladas são s<strong>em</strong>elhantes às respostas não-verbais modeladas<br />

– apresentam mais sensibilidade às contingências e geralmente ocorre maior correspondência com<br />

o comportamento não-verbal. Portanto, insensibilidade às contingências, característica atribuída<br />

frequent<strong>em</strong>ente a comportamentos governados por regras, pode ser estendida também a respostas<br />

verbais, e foi constatada <strong>em</strong> todas as categorias aqui apresentadas.<br />

A discrepância entre a <strong>em</strong>issão de regras e o seguimento das mesmas <strong>em</strong> todas as categorias reitera<br />

que modificações nas respostas verbais não são necessariamente acompanhadas de mudanças nos<br />

comportamentos não-verbais correspondentes. É necessário que a comunidade verbal disponibilize<br />

contingências que estabeleçam a correspondência entre respostas verbais e respostas não-verbais.<br />

Por fim, há evidências de que os indivíduos segu<strong>em</strong> mais as autorregras formuladas por eles<br />

mesmos do que aquelas <strong>em</strong>itidas pelos terapeutas. Tanto a análise entre os participantes como a<br />

análise das categorias de uma mesma díade-participante levam a tal conclusão.<br />

O presente estudo permitiu o levantamento de alguns questionamentos importantes do uso de<br />

regras e autorregras na prática clínica. Embora, seja necessária a realização de mais estudos de<br />

maneira que se possa chegar a conclusões mais confiáveis a respeito das discussões levantadas a<br />

partir dos resultados do experimento. Fatores como idade, t<strong>em</strong>po de terapia, t<strong>em</strong>po de prática clínica<br />

do terapeuta pod<strong>em</strong> influenciar os resultados e dev<strong>em</strong> ser levados <strong>em</strong> consideração <strong>em</strong> estudos<br />

posteriores. Vale ressaltar que não se pretende esgotar o assunto e sim propor novas investigações<br />

e reflexões acerca do alcance das intervenções terapêuticas na vida dos clientes b<strong>em</strong> como das suas<br />

limitações. É importante que o psicólogo esteja atento a isso de maneira a proporcionar aos seus<br />

clientes atendimentos com mais qualidade e, assim, criar condições para que estes encontr<strong>em</strong> outras<br />

formas de interação com o meio que lhe proporcion<strong>em</strong> um contato maior com reforçadores positivos<br />

e a retirada mais duradoura de estímulos aversivos.

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