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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Mudança de estilo de vida<br />

O crescente aumento do número de indivíduos obesos está relacionado às mudanças no estilo de<br />

vida e de hábitos alimentares (Rosenbaum & Leibel, 1998). Em sociedades de hábitos ocidentais,<br />

o consumo calórico total da dieta deriva, predominant<strong>em</strong>ente, de alimentos processados de alta<br />

densidade energética, com elevados teores de lipídios e carboidratos (Coutinho, 2007). Nos Estados<br />

Unidos, por ex<strong>em</strong>plo, estima-se que nos últimos c<strong>em</strong> anos o consumo de gorduras tenha aumentado<br />

<strong>em</strong> 67% e o de açúcar, 64%. Já o consumo de verduras e legumes diminuiu 26% e o de fibras, 18%<br />

(Coutinho, 2007).<br />

Essa mudança no estilo de vida, observada também no Brasil, e que pode ser rotulada como<br />

transição nutricional provocou uma alteração gradual no comportamento alimentar nas últimas<br />

décadas, acompanhada da crescente modernização e industrialização. O padrão alimentar<br />

“tradicional” dos brasileiros, baseado no consumo de grãos e cereais, cada vez mais é substituído<br />

por alimentos e refeições industrializadas como salgadinhos, tortas, biscoitos, refrigerantes, lanches,<br />

doces e sorvetes. E, cada vez mais, notam-se hábitos nutricionais menos adequados ao estilo de vida<br />

saudável, como alto consumo de alimentos ricos <strong>em</strong> gorduras, sódio e açúcares, e pobres <strong>em</strong> fibras,<br />

vitaminas e minerais (Costa et al., 2008; Coutinho, Gentil, & Toral, 2008). Estudando padrões de<br />

consumo da população brasileira, Sichieri, Castro e Moura (2003) relataram uma redução de 30%<br />

no consumo de arroz com feijão, enquanto o consumo de refrigerantes aumentou <strong>em</strong> 268% no Rio<br />

de Janeiro.<br />

O meio ambiente predominante <strong>em</strong> todos os países ocidentais ou com hábitos de vida ocidentalizados<br />

caracteriza-se por oferta ilimitada de alimentos baratos, palatáveis, práticos e de alta concentração<br />

energética. Une-se a isso um sedentarismo crescente (Hill & Peters, 1998) condicionado ao uso de<br />

diversos itens de conforto como os eletrodomésticos, controle-r<strong>em</strong>oto, vídeo-game, computador e<br />

televisão que contribu<strong>em</strong> de forma significativa para a diminuição do gasto energético total (Damiani,<br />

Carvalho, & Oliveira, 2000).<br />

Alguns estudos com crianças relataram uma média de 28 horas de televisão por s<strong>em</strong>ana,<br />

d<strong>em</strong>onstrando uma relação direta deste ato com o risco de obesidade (Gortmaker, et al., 1996). Apesar<br />

da existência de experiências b<strong>em</strong>-sucedidas de intervenções comunitárias visando promover hábitos<br />

alimentares mais saudáveis, principalmente na infância (Birch & Fisher, 1998), sua impl<strong>em</strong>entação<br />

esbarra na forte influência que a propaganda de alimentos exerce sobre as preferências alimentares<br />

das crianças.<br />

As escolhas alimentares e a prática de atividade física frequente feita pelas crianças são<br />

moduladas por fatores individuais, sociais e culturais, isolados ou combinados, além da<br />

modelag<strong>em</strong> de comportamentos por parte dos cuidadores, especialmente os pais (Baranowski,<br />

Cullen, & Baranowski, 1999; Pliner, 1982). Estas escolhas são feitas dentre os alimentos colocados<br />

à disposição das crianças dentro e fora do lar (Oliveira & Fisberg, 2003). Os alimentos colocados<br />

à disposição não dev<strong>em</strong> pertencer aos grupos alimentares considerados com alto teor calórico,<br />

ricos <strong>em</strong> açúcares simples e gordura. Uma forma alternativa de mudar estas escolhas alimentares é<br />

aumentar o custo comportamental para obter tais alimentos. E mudar escolhas de atividades físicas,<br />

oferecendo alternativas ao uso excessivo do vídeogame e da televisão (Goldfield & Epstein, 2002). O<br />

comportamento de pais, familiares e cuidadores, que serv<strong>em</strong> como modelo para o comportamento<br />

dos filhos, também constitui um fator que pode contribuir para escolhas de alternativas mais<br />

saudáveis de alimentação (Baranowski, Cullen, & Baranowski, 1999; Pliner, 1982).<br />

Se for<strong>em</strong> analisados os motivos que pod<strong>em</strong> ter colaborado para o aumento dos índices de<br />

obesidade, nota-se que vários fatores contribuíram para sua etiologia, tornando, assim, a obesidade<br />

especialmente complexa (Brownell & O’Neil, 1999). Dos casos de obesidade, 99% são considerados<br />

de causa exógena, ou seja, resultantes de ingestão impulsiva de alimentos, quando comparada ao<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Macedo . Escobal . Goyos<br />

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