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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Em acréscimo aos efeitos sobre o comportamento observável, o controle aversivo (Baum, 1994)<br />

gera respostas dentro do organismo que não são acessíveis publicamente (respondentes), mas que<br />

expõ<strong>em</strong> o corpo do indivíduo a alterações <strong>em</strong> seu funcionamento interno controladas pela presença<br />

de eventos do ambiente externo que adquir<strong>em</strong> função disparadora destas alterações <strong>em</strong> condições<br />

aversivas (Camechi & Abreu-Rodrigues, 2005). Com isso, a exposição a eventos aversivos gera<br />

como efeitos comportamentos de fugir ou evitar e, <strong>em</strong> acréscimo, produz reações no organismo<br />

que pod<strong>em</strong> ser prejudiciais ao próprio individuo, dependendo da intensidade e duração do evento<br />

aversivo. Neste sentido, a consistência com a qual os conteúdos envolvendo perdas e estresses são<br />

relatados suger<strong>em</strong> que os pacientes do presente estudo foram e são expostos a eventos aversivos com<br />

potencial de gerar reações orgânicas adversas por longos períodos. A literatura sobre câncer indica<br />

que tal condição pode contribuir para o desenvolvimento da doença (i.e, Straub, 2005). Entretanto,<br />

os dados do presente estudo não permit<strong>em</strong> sustentar que indivíduos cujo desenvolvimento do<br />

repertório comportamental se deu <strong>em</strong> ambiente predominant<strong>em</strong>ente aversivo têm ou terão câncer,<br />

mas sugere que indivíduos com esta doença pod<strong>em</strong> ter o comportamento sob controle aversivo de<br />

modo predominante <strong>em</strong> relação ao controle por reforço positivo.<br />

Conclusão<br />

O presente trabalho permite concluir que exist<strong>em</strong> conteúdos recorrentes no relato verbal de<br />

pessoas com câncer que permit<strong>em</strong> inferir contingências comportamentais vividas pelos pacientes<br />

com potencial de influência no desenvolvimento e/ou agravamento da doença.<br />

Em momento nenhum foi considerado o objetivo de descrever de maneira conclusiva quais<br />

contingências geram ou agravam o câncer. Um estudo individualizado de cada participante teria que<br />

ser realizado para uma aproximação de tal objetivo, e ainda assim, seria impossível isolar todas as<br />

variáveis necessárias na vida de um ser humano, de forma a conseguir descrever quais são aquelas<br />

que teriam gerado ou agravado a doença. O objetivo deste presente trabalho foi apenas considerar<br />

as possíveis condições, no caso, através da análise de conteúdos recorrentes no relato verbal da vida<br />

de dez pessoas com câncer, que possam ter interferido e contribuído para o desenvolvimento da<br />

patologia.<br />

A prevenção é o objetivo último. Considera-se que, conhecendo as contingências que pod<strong>em</strong><br />

influenciar no desenvolvimento e agravamento do câncer, as pessoas <strong>em</strong> geral pod<strong>em</strong> tentar, de<br />

alguma forma, evitar tais contingências de risco ou ainda minimizar o seu efeito. O presente estudo<br />

permitiu inferir que contingências aversivas estão ou estiveram presentes de modo predominante<br />

na vida dos participantes, e isto sinaliza para a necessidade de buscar a criação de contingências<br />

alternativas, como a realização de atividades que reduzam o estresse, situações conflituosas,<br />

preocupações excessivas, doação excessiva ao outro <strong>em</strong> detrimento de si, dificuldades de expressão,<br />

entre outras. Neste caso, ressalta-se, inclusive, a possibilidade de procurar ajuda de profissionais da<br />

saúde, como o psicólogo, para prevenção e/ou minimização da probl<strong>em</strong>ática.<br />

Este trabalho pretende ainda <strong>em</strong>basar futuras pesquisas, como por ex<strong>em</strong>plo, a possibilidade<br />

de responder outras questões como a influência de pensamentos e sentimentos, e a realização de<br />

uma análise funcional de contingências específicas presentes na história de reforço e punição dos<br />

participantes oncológicos. As autoras vêm trabalhando nessas t<strong>em</strong>áticas e <strong>em</strong> outras, como a influência<br />

da fé, incluídas aí a religiosidade/espiritualidade (Fornazari & Ferreira, 2010), considerando que os<br />

participantes deste presente trabalho se referiram a tais aspectos com muita frequência.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Baum, W. M. (1994). Understanding behaviorism: Science, behavior and culture. New York, NY:<br />

Happer Collins College Publishers.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Ferreira . Fornazari . Silva<br />

201

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