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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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competência acadêmica. Zaider e Heimberg (2003) verificaram, ao intervir com fóbicos sociais, que<br />

ao melhorar suas interações sociais, esses reduziam os sintomas de ansiedade e melhoravam também<br />

o des<strong>em</strong>penho acadêmico. Edmondson, Conger e Conger (2007) encontraram que quanto maior o<br />

nervosismo e a tristeza, menor os escores de competência social e expressividade afetiva.<br />

Os estudos de intervenção reafirmam os achados das pesquisas de caracterização, tendo por <strong>foco</strong> o<br />

treino <strong>em</strong> comunicação (Cohen et. al, 2005; Gillingham, 2008), portanto, atestando <strong>em</strong> universitários<br />

que ensinar tal repertório melhora o rendimento acadêmico e a saúde mental. No entanto, n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre a universidade dispõe de serviços que auxili<strong>em</strong> o estudante. Os achados de Morrison, Clift<br />

e Stosz (2010) são preocupantes, pois esses pesquisadores, ao conduzir<strong>em</strong> uma pesquisa junto a<br />

33 universidades da Inglaterra, verificaram que apenas 15 delas disponibilizavam serviços para<br />

universitários com probl<strong>em</strong>as de saúde mental.<br />

Como estudos de caracterização pode-se citar Xyangyang et. al (2003) que notaram, a partir de<br />

estudo com 2.500 universitários chineses, que saber lidar com pressão de colegas de grupo e negociar<br />

relacionamento sexual foi associado com saúde física e mental. Interessante que essa pesquisa não<br />

avaliou a comunicação, e sim outros comportamentos socialmente habilidosos.<br />

Mallinckrodt e Wei (2005) avaliaram 430 universitários e encontraram relações entre variáveis<br />

de competência social, processos interpessoais e saúde mental: (a) ansiedade foi diretamente<br />

correlacionada com evitação e angústia; (b) ansiedade foi inversamente correlacionada com autoeficácia,<br />

conhecimento <strong>em</strong>ocional e suporte social; (c) evitação teve correlação inversa com autoeficácia,<br />

conhecimento <strong>em</strong>ocional e suporte social e está diretamente correlacionada com angústia<br />

psicológica (saúde mental); (d) conhecimento <strong>em</strong>ocional foi inversamente correlacionado com<br />

angústia e diretamente com suporte social; (e) suporte social foi inversamente correlacionado com<br />

angústia psicológica.<br />

De maneira geral, como visto, os estudos indicam a relação entre habilidades sociais, saúde<br />

mental e competência acadêmica. No entanto, encontram-se também resultados que apresentam<br />

achados contrários, como é o caso de Herbert, Hope e Bellack (1992) que avaliaram 23 universitários<br />

com diagnóstico de transtornos de ansiedade generalizada, incluindo fobia social e transtorno de<br />

personalidade esquiva, e encontraram alto nível de ansiedade, mas não verificaram correlação com<br />

habilidades sociais (habilidades sociais gerais, o conteúdo da fala, o comportamento não-verbal e<br />

comportamento paralinguísticos).<br />

Constantine, Okasaki e Utsey (2004) também não encontraram tal associação. Eles descobriram<br />

que habilidades sociais de auto-eficácia não serv<strong>em</strong> como mediadores na relação entre experiências<br />

de estresse e sintomatologia depressiva. Fitts, Sebby e Zlokovich (2009) examinaram, junto a 132<br />

alunos universitários americanos, se o estilo de humor e competência social estão relacionados com<br />

timidez e solidão, e encontraram correlações entre estilo de humor e competência social, mas não<br />

verificaram relações entre competência social e timidez/solidão.<br />

Outras pesquisas verificaram apenas parcialmente a tese de relação entre habilidades sociais<br />

e saúde mental, tal como apresentado a seguir. Wenzel, Graff-Dolezal, Macho e Brendle (2005) é<br />

um ex<strong>em</strong>plo <strong>em</strong> que tais associações foram verificadas de forma parcial. Os autores examinaram<br />

a capacidade de usar habilidades de comunicação e habilidades sociais <strong>em</strong> contextos de relações<br />

amorosas entre indivíduos ansiosos e não ansiosos. Os pesquisadores descobriram que, <strong>em</strong> conversas<br />

negativas, os indivíduos socialmente ansiosos apresentaram muito mais comportamentos negativos<br />

que os indivíduos não ansiosos, e <strong>em</strong> todas as conversas eles apresentaram menos comportamentos<br />

positivos que os indivíduos não ansiosos. Por outro lado, os pares dos indivíduos socialmente<br />

ansiosos e não ansiosos não diferiram quanto à qualidade de comunicação.<br />

Outro ponto a ser destacado diz respeito à percepção prejudicada que os estudantes com fobia<br />

social têm de si, pois eles tend<strong>em</strong> a se avaliar<strong>em</strong> menos competentes que outros estudantes (Horley,<br />

Williams, Gonçalves & Gordon, 2003). Christensen, Stein e Means-Christensen (2003) notaram que<br />

Bolsoni-Silva . Rocha . Cassetari . Daroz . Loureiro<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

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