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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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ao redor; e menor probabilidade de respostas comuns, tais como falar, brincar, rir etc. Até mesmo ver<br />

algum objeto que l<strong>em</strong>bre o objeto fóbico pode controlar todas as respostas descritas anteriormente<br />

(Skinner, 2000). Uma descrição completa da fobia, segundo Skinner (2000), precisaria referir-se a<br />

todas elas, e isso requer uma descrição de todo o repertório comportamental do indivíduo.<br />

A experiência ansiosa (ou de ansiar) não é parte apenas das fobias ou dos d<strong>em</strong>ais transtornos da<br />

ansiedade. A ansiedade é um estado <strong>em</strong>ocional de apreensão ou tensão, que faz parte da vivência<br />

normal de muitas das experiências humanas (Andrade & Gorenstein, 1998; Karino, 2010). Essa<br />

experiência t<strong>em</strong> dois componentes básicos: os respondentes (taquicardia, sudorese etc.) e os<br />

operantes motores (correr, colocar as mãos na cabeça etc.) e verbais (rezar, pensar no pior etc.).<br />

Componentes respondentes da ansiedade<br />

Os componentes respondentes da <strong>em</strong>oção na ansiedade são um conjunto de respostas eliciadas<br />

por um estímulo aversivo com função incondicional ou condicional. Inicialmente, essas respostas se<br />

faz<strong>em</strong> presentes pela eliciação incondicional como uma função do estímulo incondicional. Depois,<br />

com o <strong>em</strong>parelhamento com estímulos neutros ocorre o condicionamento respondente e os estímulos<br />

neutros passam a ter função eliciadora condicional. Os estímulos eliciadores condicionais passam a<br />

afetar os comportamentos operantes relacionados, ou <strong>em</strong>itidos naqueles contextos, interferindo com<br />

o des<strong>em</strong>penho operante que o organismo apresenta (supressão condicionada). Nas situações <strong>em</strong><br />

que ocorre o comportamento denominado raiva, observa-se que infligir dano é reforçado por suas<br />

consequências: o prazer e o afastamento daquele que produziu a raiva.<br />

Com base na descrição anterior pode-se afirmar que <strong>em</strong>oções, como raiva ou medo, não pod<strong>em</strong><br />

ser classificadas como sendo uma classe de respostas específicas ou redutíveis a um único conjunto<br />

de operações. Além disso, é importante destacar que a <strong>em</strong>oção eliciada por certa condição ambiental<br />

pode não ser a mesma eliciada por outra, apesar de elas compartilhar<strong>em</strong> componentes respondentes.<br />

Assim, a pessoa pode relatar se sentir “ansiosa” ao saber que irá fazer uma prova importante ou<br />

ao encontrar alguém querido, ao viajar de avião ou, ainda, ao saber que está grávida. Agrupar as<br />

<strong>em</strong>oções nessas condições todas e descrevê-las como “ansiedade” é uma simplificação enganadora.<br />

Tais distinções são importantes, quer estejamos interessados na compreensão, quer na alteração<br />

dessas condições (Skinner, 2000).<br />

Ao se considerar a existência de uma condição externa com função na eliciação de uma <strong>em</strong>oção,<br />

compreende-se que, para lidar com essa <strong>em</strong>oção, deve-se alterar essa condição externa alterando o<br />

condicionamento respondente que foi produzido na interação com essa condição externa, pois foi a<br />

partir do <strong>em</strong>parelhamento de estímulos incondicionais com estímulos neutros que foi condicionada<br />

uma condição corporal de ansiedade e, portanto, o corpo “ficou respondente” ao controle desses<br />

estímulos, que se tornaram condicionais. Um ex<strong>em</strong>plo é a condição de prova para a obtenção da<br />

carteira nacional de habilitação (CNH): uma única reprovação pode ser suficiente para que a prova<br />

se torne eliciadora de ansiedade. O comportamento operante de esquiva pode ser previsto não<br />

apenas porque evita outra possível reprovação, que é um reforçador negativo, mas porque surge uma<br />

condição <strong>em</strong>ocional complexa chamada ansiedade que também é aversiva e que, portanto, é ocasião<br />

para a esquiva. Ou seja, o indivíduo pode <strong>em</strong>itir o comportamento de esquiva não apenas da situação<br />

de prova, mas também de suas próprias reações de ansiedade (Skinner, 2000).<br />

A aversividade da condição corporal na ansiedade, e que torna a esquiva do contexto<br />

compreensível, foi descrita por Román e Savoia (2003): há dilatação da pupila – que diminui a<br />

capacidade de enxergar detalhes; há estimulação do coração (palpitação ou taquicardia) – o aumento<br />

dos batimentos cardíacos acontece pela necessidade de maior oxigenação, tornando a respiração<br />

mais curta e ofegante; há também tensão muscular – “as vias neurais se ocupam com impulsos de<br />

alerta do sist<strong>em</strong>a de luta ou fuga, decrescendo ou inibindo os impulsos precisos, para completar a<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Hessel . Borloti . Haydu<br />

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