13.04.2013 Views

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

de Siegel e Rachlin (1995): parece que, <strong>em</strong> ambas as pesquisas, deixar de responder sob controle do<br />

reforçador maior atrasado envolve um custo. Em Siegel e Rachlin trata-se do custo de interromper<br />

um padrão comportamental (de seleção de reforçador maior atrasado). Em Green e Rachlin (1996),<br />

trata-se da possibilidade do responder ser punido, caso mude para o disco correlacionado com<br />

reforçador menor imediato, que era seguido por punição.<br />

Rachlin (2000) discute que, assim como o caso do compromisso estrito (Rachlin & Green, 1972), o<br />

compromisso pela punição (Green & Rachlin, 1996) na vida real dos seres humanos é bastante raro.<br />

Considere, por ex<strong>em</strong>plo, o caso de um alcoolista que deseja parar de beber. Ele poderia comprometerse<br />

com o não beber na medida <strong>em</strong> que ingeriria uma substância (antabuse) que resultaria <strong>em</strong> forte<br />

desconforto físico caso a pessoa bebesse depois. No entanto, poderia acontecer de a pessoa, <strong>em</strong> algum<br />

momento, beber a despeito de sentir-se mal (punição). O compromisso então, nesse caso, poderia ser<br />

eventualmente quebrado.<br />

Pôde-se verificar que as pesquisas do JEAB (Journal of the Experimental Analysis of Behavior)<br />

sobre o modelo de autocontrole pelo compromisso sofreram alterações através do t<strong>em</strong>po. A primeira<br />

pesquisa do modelo de compromisso (Rachlin & Green, 1972) foi feita com pombos e caracterizou<br />

um tipo de compromisso estrito (strict commitment), <strong>em</strong> que a possibilidade de escolha de um<br />

reforçador menor imediato seria eliminada <strong>em</strong> função do comprometimento com o reforçador<br />

maior atrasado, no momento <strong>em</strong> que ambos os reforçadores seriam atrasados. Em seguida, Rachlin<br />

et al. (1987) trabalharam com o modelo de compromisso estrito <strong>em</strong> humanos adultos universitários.<br />

A variável de atraso foi substituída por probabilidade, e os autores buscaram verificar se esses dois<br />

parâmetros (atraso e probabilidade) seriam funcionalmente s<strong>em</strong>elhantes. Os dados dos autores<br />

sugeriram que sim.<br />

A pesquisa na sequência (Siegel & Rachlin, 1995) trabalhou com um modelo de compromisso que<br />

os autores chamaram de suave (soft commitment), tendo pombos como sujeitos. Não se trabalhou<br />

nesse estudo com esqu<strong>em</strong>as concorrentes encadeados da maneira como aconteceu nas duas outras<br />

pesquisas (Rachlin & Green 1972; Rachlin et al., 1987). Não se tinha um primeiro elo onde se <strong>em</strong>itia<br />

uma resposta de compromisso. Autocontrole, agora, simplesmente passava a implicar a escolha de<br />

reforçador maior atrasado sobre reforçador menor imediato, s<strong>em</strong> qualquer compromisso explícito.<br />

O modelo de Siegel e Rachlin (1995) foi chamado de compromisso suave <strong>em</strong> função da manipulação<br />

de esqu<strong>em</strong>as concorrentes de razão fixa com alta razão (FR31). Esse tipo de esqu<strong>em</strong>a tende a gerar<br />

forte preferência por um dos componentes de escolha. Os pombos poderiam variar o responder<br />

entre os componentes (com reforçador maior atrasado X com reforçador menor imediato), mas uma<br />

vez que começava a responder sob controle de um deles, formava-se um padrão que dificilmente<br />

seria quebrado <strong>em</strong> função simplesmente do custo de interromper-se um padrão. Além disso, o fato<br />

de se ter esqu<strong>em</strong>as de razão fixa com alta razão tornava ambos os reforçadores de cada esqu<strong>em</strong>a mais<br />

atrasados <strong>em</strong> função de os pombos levar<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po para cumprir<strong>em</strong> com o critério de cada esqu<strong>em</strong>a.<br />

Sendo assim, os autores argumentaram que isso foi crítico no estabelecimento da preferência pelo<br />

reforçador maior atrasado, representando uma forma de compromisso (Siegel & Rachlin, 1995;<br />

Rachlin, 2000).<br />

Por fim, a pesquisa de Green e Rachlin (1996) representou um retorno ao modelo de compromisso<br />

estrito, tendo pombos como sujeitos. A diferença ficou por conta do segundo elo que se seguia à<br />

escolha da opção de compromisso (do primeiro elo). Diferent<strong>em</strong>ente do que aconteceu com Rachlin<br />

e Green (1972) e Rachlin et al. (1987), esse segundo elo representou uma nova condição de escolha<br />

entre reforçador maior atrasado versus reforçador menor e imediato. No entanto, nessa pesquisa, a<br />

escolha do reforçador menor imediato era seguida por um tipo de punição (blackout de 30 segundos),<br />

o que acabou por estabelecer a preferência pelo reforçador maior atrasado. Isso representou um tipo<br />

de compromisso que, assim como na pesquisa de Siegel e Rachlin (1995), poderia ser quebrado, mas<br />

isso envolveria um custo. No caso da pesquisa de Green e Rachlin o custo significaria uma punição.<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Matos . Bernardes<br />

395

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!