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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Nogueira . Bueno<br />

478<br />

Nessa perspectiva, a Associação Americana de Psiquiatria salienta, <strong>em</strong> seu DSM-IV-TR (2000/2003),<br />

os critérios necessários para o diagnóstico, que <strong>em</strong>basa sua forma de tratamento ao portador de<br />

esquizofrenia: persistência de alguns sinais e/ou sintomas por mais de seis meses, categorizados como<br />

positivos ou psicóticos (delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente<br />

desorganizado ou catatônico) ou negativos (<strong>em</strong>botamento afetivo, alogia e avolição).<br />

Os analistas de comportamento, já nos meados do século XX, também passaram a pesquisar<br />

o comportamento psicótico. Nesse sentido, um dos estudos pioneiros foi conduzido por Skinner<br />

e Lindsley entre os anos de 1953 e 1965 no Hospital Metropolitano <strong>em</strong> Waltham (Estado de<br />

Massachusetts), especializado no tratamento de pacientes psiquiátricos crônicos. Nele, esses<br />

pesquisadores instalaram o Laboratório de Pesquisa Comportamental (BRL), da Faculdade de<br />

Medicina de Harvard (Lindsley, 1954, 1962; Skinner, 1954).<br />

Skinner e Lindsley objetivaram verificar se as contingências de reforço do comportamento<br />

operante humano levariam às mesmas regularidades d<strong>em</strong>onstradas com o comportamento animal.<br />

Esses autores, <strong>em</strong> suas pesquisas, utilizaram-se dos princípios de extinção, reforçamento positivo<br />

e negativo, além da saciedade. Os resultados obtidos por esses e outros experimentos, inclusive de<br />

outros pesquisadores que passaram a fazer parte do BRL, foram considerados significativos e b<strong>em</strong><br />

sucedidos, uma vez ter<strong>em</strong> sido os comportamentos-probl<strong>em</strong>a dos pacientes psicóticos, incluídos na<br />

pesquisa, modificados através da manipulação de contingências de reforço e extinção (Britto, 2005;<br />

Skinner, 1973/1979).<br />

Esses estudos favoreceram não só o conhecimento dos comportamentos psicóticos, b<strong>em</strong><br />

como abriram caminho à compreensão, à metodologia e, portanto, ao controle, sob a ótica das<br />

análises experimental e do comportamento aplicada, assim como das diversas psicopatologias<br />

(Skinner, 1973/1979; Staats & Staats, 1966/1973). Desta feita, estabeleceram a tarefa do analista do<br />

comportamento: compreender para, <strong>em</strong> seguida, criar estratégias que promovam mudanças <strong>em</strong><br />

qualquer ord<strong>em</strong> comportamental.<br />

Estudos como estes ratificaram a análise funcional como procedimento necessário viabilizador à<br />

correta descrição do comportamento-probl<strong>em</strong>a e, por conseguinte, recurso favorecedor à manipulação<br />

de contingências diversas (Miranda, 2005; Santos, 2007; Silva, 2005). Dito de outra forma, a análise<br />

funcional objetiva investigar a relação de funcionalidade entre os (a) estímulos antecedentes que (b)<br />

eliciam uma resposta, (c) b<strong>em</strong> como a consequência produzida por esse operante e (d) novos SD ’s<br />

gerados por tal consequência. Portanto, são sua matéria-prima dados coletados sobre o indivíduo <strong>em</strong><br />

seu processo de interação ambiental, por ex<strong>em</strong>plo, os chamados comportamentos esquizofrênicos<br />

(Delitti, 2001; Miranda, 2005; Neno, 2003).<br />

A pessoa diagnosticada como esquizofrênica apresenta uma variedade de comportamentos<br />

complexos, definidos por seu próprio ambiente social como ‘estranhos’. Em função desse caráter<br />

‘estranho’, é comum observar esse ambiente disponibilizar contingências punitivas ao esquizofrênico<br />

pela simples inabilidade <strong>em</strong> manejar os comportamentos bizarros que ele apresenta, ainda que esse<br />

ambiente os deseje controlados (Britto, 2005; Rodrigues & Bueno, 2009).<br />

Os efeitos produzidos por contingências de punição têm sido objeto de estudos <strong>em</strong>piricamente<br />

realizados a partir do século XX (Moura, 2009; Sidman, 1989/2003). Esses resultados d<strong>em</strong>onstram<br />

que sob o controle de um ambiente punitivo, a redução da frequência na <strong>em</strong>issão de tipos específicos<br />

de comportamentos poderá ser observada.<br />

Em esquizofrênicos, alguns comportamentos bizarros pod<strong>em</strong> ser produto de algum ambiente<br />

punitivo. Portanto, pod<strong>em</strong> ter a função de fuga ou esquiva. Mas, ao contrário, quando sob o efeito<br />

de contingências reforçadoras, o esquizofrênico pode passar a apresentar comportamentos mais<br />

organizados (Banaco, 2004; Skinner, 1953/2003).<br />

Por isso, numa perspectiva terapêutica, o terapeuta necessita ser uma audiência não-punitiva, a<br />

fim de que o cliente consiga <strong>em</strong>itir comportamentos que não são <strong>em</strong>itidos <strong>em</strong> seu ambiente natural.

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