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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Ledo . Bueno<br />

324<br />

fim, os autores apresentaram a sugestão de um procedimento a ser aplicado nas fases de educação<br />

e reeducação de respostas ansiosas e estressoras, denominado ‘manejo do estresse e da ansiedade’<br />

(Bueno et al., 2008).<br />

Torres e Coelho (2004) também advert<strong>em</strong> que fontes estressoras muitas vezes estão relacionadas<br />

a questões <strong>em</strong>ocionais, e estas são aprendidas e desenvolvidas durante toda a vida do indivíduo.<br />

Portanto, a maneira como ele percebe os seus sentimentos, valores, regras e autorregras é resultado<br />

desse processo de aprendizag<strong>em</strong>, advindo da interação com a comunidade verbal na qual está inserido.<br />

Dessa forma, é necessário compreender as mudanças ambientais, para assim substituir os<br />

déficits comportamentais que o organismo apresenta ao lidar com quaisquer contingências, mais<br />

especificamente, com as estressoras, uma vez que repertórios comportamentais apropriados têm a<br />

propriedade de gerar consequências reforçadoras.<br />

Martin e Pear (2007/2009) salientam que <strong>em</strong> toda contingência haverá tanto condicionamento<br />

respondente (ou reflexo, que é eliciado por um estímulo antecedente) quanto operante (que é mantido<br />

pelas consequências) ocorrendo de forma simultânea. O resultado dessas classes de comportamento<br />

levará o organismo a fugir, lutar contra e/ou esquivar-se ou ainda aproximar-se de um evento,<br />

dependendo da consequência produzida por seu comportamento. Logo, esse repertório sofre<br />

influência de seus próprios resultados, sejam eles positivos (recompensa) ou negativos (punição).<br />

Conclui-se, assim, que a frequência de um comportamento é mantida <strong>em</strong> função das consequências<br />

que produz (Skinner, 1953/2000). E, para completar essa descrição, Skinner (1971/2000, p. 19) afirma<br />

“(...) o ambiente actua de um modo imperceptível: não impele n<strong>em</strong> puxa, selecciona.” (grifo do autor).<br />

Nesse contexto, as explicações para o comportamento são buscadas na relação funcional entre os<br />

estímulos que o anteced<strong>em</strong> e que o suced<strong>em</strong>. E dev<strong>em</strong> considerar os três processos de seleção: natural<br />

(ou filogênese), aprendida (ou ontogênese) e a evolução das contingências sociais do comportamento<br />

(a cultura). Esses processos de seleção explicam os amplos repertórios característicos da espécie<br />

humana, salienta Skinner (1953/2000).<br />

Na atualidade, muitos estudiosos de comportamentos apropriados ou inapropriados têm trabalhado<br />

com a nomenclatura habilidades sociais: como repertórios eficientes (que geram consequências<br />

reforçadoras) descrev<strong>em</strong> habilidades sociais desejáveis, e como repertórios insuficientes salientam<br />

os déficits de habilidades sociais.<br />

Por essa perspectiva, pontuam Del Prette e Del Prette (2009) que o ser humano possui um aparato<br />

biológico, o qual favorece a sua interação com o meio <strong>em</strong> que está inserido. Porém, advert<strong>em</strong> que<br />

a predisposição genética não define a aquisição de habilidades assertivas, já que o ambiente sofre<br />

transformações contínuas. Assim, as habilidades sociais são adquiridas <strong>em</strong> todo o processo de<br />

interação e aprendizag<strong>em</strong> durante a vida do indivíduo, tornando-se decisivas na caracterização do<br />

repertório de comportamento social.<br />

Dois conceitos são importantes quando da caracterização das habilidades sociais: ‘déficits de<br />

aquisição’ e ‘déficits de des<strong>em</strong>penho’. O primeiro resulta na ausência de conhecimento sobre como<br />

<strong>em</strong>itir comportamentos sociais apropriados. Porém, a identificação de habilidade apropriada para<br />

determinada situação é tarefa complexa. Já o segundo é uma falha aceitável no des<strong>em</strong>penho de uma<br />

habilidade específica, a pessoa sabe como fazer, mas se recusa a fazê-lo (Gresham, 2009).<br />

Marcon e Bueno (2008) desenvolveram uma pesquisa com um participante de 21 anos de idade,<br />

à época do estudo, diagnosticado como autista e como tal se comportando. O objetivo do estudo<br />

foi investigar os comportamentos deficitários relacionados ao contexto social que lhe favoreciam<br />

a manutenção de repertórios socialmente inapropriados. As autoras buscaram delinear uma<br />

intervenção estruturada nos procedimentos da análise do comportamento aplicada, a fim de<br />

favorecer ao participante a aquisição de repertórios mais apropriados. Os resultados apontados<br />

indicaram a modificação de comportamentos inapropriados resultantes da história de aprendizag<strong>em</strong><br />

do participante a partir do controle de contingências ambientais favorecedoras do comportamento

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