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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Samelo<br />

572<br />

Uma delas mede se haverá aquisição de padrões comportamentais por relação acidental com o<br />

reforço. Havendo, esse efeito é denominado comportamento supersticioso (Skinner, 1948) e é função<br />

do procedimento que propiciou reforçamento acidental. Outra linha de pesquisa investiga se há<br />

aprendizag<strong>em</strong> da resposta de fuga sob nova contingência operante. Caso essa resposta não ocorra<br />

ou exista dificuldade de aprendizag<strong>em</strong>, o efeito é denominado desamparo aprendido e é função do<br />

procedimento que <strong>em</strong>pregou a incontrolabilidade (Seligman, 1975/1977). Portanto há duas linhas de<br />

pesquisa que apresentam eventos <strong>em</strong> esqu<strong>em</strong>as de t<strong>em</strong>po, porém medindo e analisando diferentes<br />

efeitos da incontrolabilidade.<br />

Eventos independentes da resposta: comportamento supersticioso<br />

A apresentação não-contingente do estímulo pode selecionar os padrões de respostas que<br />

sist<strong>em</strong>aticamente o precederam (Skinner, 1948). Esses dados foram encontrados no estudo pioneiro<br />

de Skinner (1948) <strong>em</strong> que o pesquisador apresentou comida diversas vezes para pombos privados<br />

de alimento. Essas apresentações ocorriam <strong>em</strong> intervalos curtos de t<strong>em</strong>po, <strong>em</strong> geral a cada 15s,<br />

totalmente independentes de qualquer resposta que fosse <strong>em</strong>itida pelos sujeitos. Como resultado,<br />

foi verificado que padrões de respostas que ocorriam imediatamente antes da apresentação do<br />

alimento foram adquiridos e mantidos por relação acidental. Skinner analisou que aconteceria de<br />

o sujeito estar fazendo alguma coisa quando o comedouro aparecia. Esta apresentação aumentaria<br />

a probabilidade de ele repetir o comportamento que a antecedia. Skinner concluiu, portanto, que,<br />

quando certos eventos ambientais sist<strong>em</strong>aticamente suced<strong>em</strong> uma classe de respostas, estas são<br />

selecionadas por meio da contiguidade t<strong>em</strong>poral entre o estímulo e a resposta imediatamente<br />

precedente. A simples proximidade t<strong>em</strong>poral entre a resposta e a apresentação do estímulo pode<br />

resultar no condicionamento “acidental” desta resposta, a despeito de não haver uma relação de<br />

dependência entre eles (Skinner, 1953/2003).<br />

Geralmente analisada como contraposta à relação de contingência, a contiguidade simplesmente<br />

implica a justaposição de eventos no espaço ou no t<strong>em</strong>po, s<strong>em</strong> que haja relação de causação entre eles<br />

(Catania, 1999). Porém, o reforçamento acidental não deve ser utilizado como coringa para explicar<br />

todo e qualquer comportamento (Hunziker, 2003), n<strong>em</strong> mesmo aqueles comportamentos para os<br />

quais não exist<strong>em</strong> outras explicações disponíveis (Guthrie & Horton, 1946; Moore & Stuttard, 1979).<br />

A suposição de reforçamento acidental deve, necessariamente, ser acompanhada da d<strong>em</strong>onstração de<br />

mudanças na classe de resposta que sist<strong>em</strong>aticamente antecedeu o estímulo manipulado (Hunziker,<br />

2003). Mas qual classe de resposta deve ser registrada como variável dependente para a verificação de<br />

mudanças <strong>em</strong> função da manipulação experimental (variável independente)? Esta questão permeia a<br />

área, pois não se especifica a priori que classe de resposta deve ser medida, sendo necessário observar<br />

o comportamento durante a exposição aos estímulos não-contingentes, verificando padrões que<br />

pod<strong>em</strong> ser gradativamente estabelecidos por relações acidentais.<br />

Ou é possível estabelecer uma resposta específica e medir se ocorr<strong>em</strong> alterações <strong>em</strong> sua frequência<br />

e se estas são função desta exposição. Neste caso, especificar uma classe implica, ao experimentador,<br />

estar ciente de que outros comportamentos não medidos poderiam anteceder sist<strong>em</strong>aticamente a<br />

apresentação do estímulo, já que “a apresentação de um reforçador s<strong>em</strong>pre reforça alguma coisa,<br />

pois coincide necessariamente com algum comportamento” (Skinner, 1953/2003, p.94). No caso de<br />

pesquisas com participantes humanos, o acesso a esses outros comportamentos pode ocorrer via<br />

relato verbal, questionando-se, ao final da sessão, se os eventos dependiam ou não de suas respostas<br />

e quais eram elas. Esse pode ser mais um dado a compl<strong>em</strong>entar a pesquisa, não sendo aqui analisado<br />

como causa do comportamento não-verbal, já que os comportamentos verbais e não-verbais possu<strong>em</strong><br />

suas próprias variáveis de controle, não sendo um comportamento causa ou efeito do outro.

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