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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Kerbauy<br />

310<br />

Convém destacar que os analistas do comportamento faziam experiências com animais e<br />

começavam a trabalhar com crianças com probl<strong>em</strong>as específicos, realizando experimentos<br />

controlados. Era a preocupação de produzir conhecimento com pesquisa. O JABA, Journal of Applied<br />

Behavior Analysis, é a prova disto, tendo se iniciado <strong>em</strong> 1968. O JEAB, Journal of the Experimental<br />

Analysis of Behavior, continuou a publicar <strong>em</strong> sua maior parte pesquisas com animais, <strong>em</strong>bora tivesse<br />

também experimentos com humanos.<br />

Os princípios de análise do comportamento, especialmente reforçamento e controle de estimulo,<br />

foram <strong>em</strong>pregados, <strong>em</strong>bora também punição e esqu<strong>em</strong>as de reforçamento, estes últimos com menor<br />

freqüência, servindo mais para explicação. Ficava faltando uma ênfase maior <strong>em</strong> comportamento<br />

verbal, necessário <strong>em</strong> terapia, uma vez que o cliente e terapeuta interag<strong>em</strong> verbalmente na sessão.<br />

Aqui também foi pioneiro o trabalho de Ferster (1979) e seu artigo antológico, “Psicoterapia do<br />

Ponto de Vista de um Behaviorista”, publicado <strong>em</strong> um livro de psicopatologia <strong>em</strong> animais, e por<br />

isso pouco divulgado. Salientava a análise da interação terapeuta-cliente na sessão terapêutica.<br />

Felizmente, por considerá-lo indispensável para o estudo e pesquisa da interação <strong>em</strong> clínica, esse<br />

texto era colocado sist<strong>em</strong>aticamente nos cursos de pós-graduação que eu ministrava na USP, e assim<br />

foi possível divulgar suas idéias e iniciar pesquisas.<br />

De fato, nas sessões clínicas o cliente relata sua história e os acontecimentos que vive nos dias<br />

tranqüilos ou tumultuados. Ele conta como age e, à medida que a terapia progride, descreve a<br />

conseqüência de suas ações ou falas no outro, e também como articula melhor os objetivos da terapia<br />

e os desafios que encontra. Educamos? Explicamos? Consequenciamos? Punimos? Auxiliamos a<br />

enfrentar dificuldades e com isso ensinamos novos comportamentos? É um des<strong>em</strong>penho complexo<br />

tanto para o terapeuta como para o cliente. Nesse sentido, a proposta de Kol<strong>em</strong>berg e Tsai (1991) de<br />

trabalhar com os comportamentos e interações na sessão foi instigante. Fazíamos isto, mesmo s<strong>em</strong><br />

sist<strong>em</strong>atizar, mas escrever e propor uma forma eram revolucionários. Ficava o texto de Ferster (1979)<br />

mostrando um caminho a ser desbravado e fundamentar com pesquisas as propostas existentes.<br />

Passamos a salientar, nas supervisões e aulas teóricas, a necessidade de identificar os CRBs,<br />

comportamentos clínicos relevantes, identificá-los na sessão e destacar como os terapeutas os<br />

consequenciavam quando ocorriam na sessão. Para isto, introduzi nas supervisões o que já fazia <strong>em</strong><br />

pesquisa. Gravar e transcrever a sessão terapêutica ou trechos dela. Facilitava a análise e auxiliava a<br />

pensar formas alternativas de consequenciação.<br />

Uma outra maneira de atuar e o que salientar na terapia foi a proposta de Hayes, Strosahl e Wilson<br />

(1999), Terapia de Aceitação e Compromisso. O nome parece um paradoxo, mas o conceito de<br />

mindfulness (consciência plena?) e as técnicas propostas pod<strong>em</strong> ser aprendidas e treinadas na sessão.<br />

Beneficiam cliente e terapeuta <strong>em</strong> seu desenvolvimento conjunto e contacto com novas descobertas<br />

de como comportar-se. Na realidade, <strong>em</strong> sua maioria, não são técnicas novas. Faziam parte de<br />

várias abordagens clínicas e na aceitação tinham marcadas influências zen, adaptada à maneira<br />

de ser ocidental. Recent<strong>em</strong>ente Bass (2010) escreveu uma analise sobre técnicas zen e mostra uma<br />

explicação relacionada ao conceito de estímulos.<br />

Outra proposta cognitivo comportamental, com a personalidade borderline, é a terapia dialética<br />

de Lineham (1993). Embora para uma população especifica, os borderlaine, suas contribuições para<br />

análise clínica e procedimentos foram fundamentais. A partir da discussão das práticas propostas, foi<br />

possível ampliar e identificar quais clientes precisavam regular <strong>em</strong>oções.<br />

Cada uma dessas formas de atuar <strong>em</strong> clínica foi fazendo adeptos. Hoje, t<strong>em</strong>os inúmeras publicações<br />

para probl<strong>em</strong>as específicos e pod<strong>em</strong>os distingui-los ou <strong>em</strong>pregar as formas <strong>em</strong> conjunto, de acordo<br />

com a necessidade. Embora Skinner tenha s<strong>em</strong>pre salientado a necessidade de mudar o mundo, o<br />

contexto, para propiciar novos comportamentos, e tenha escrito sobre o poder das metáforas e a<br />

extensão genérica do tipo de propriedade que ganha controle sobre a resposta, o assunto foi pouco<br />

desenvolvido. Atualmente, esses conceitos e comportamentos resultantes estão sendo bastante

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