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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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alto (75,6%). Às diferenças entre as frases negativas e positivas corresponderam valores menores<br />

para uma e maiores para outra, respectivamente, mas não uniforme, pois a frase negativa mais alta<br />

combinou com a frase positiva mais alta. Isto é, as frases “não muito certo” e “inteiramente possível”<br />

apresentaram os valores mais altos dos dois conjuntos de frases.<br />

No Experimento 3, foi dado um questionário para estudantes; nele se apresentou um cenário de<br />

diagnóstico de uma doença fornecido por seis doutores diferentes, com seis frases manipulando<br />

aspectos positivos/negativos de uma bateria de testes diagnósticos. Os dados d<strong>em</strong>onstraram que,<br />

quando as afirmações são apresentadas de forma positiva, a maioria dos participantes escolhe<br />

frases positivas para completar a afirmação; e quando são apresentadas de forma negativa, as frases<br />

escolhidas pela maioria são também negativas. Estes resultados suger<strong>em</strong> que frases de probabilidade<br />

verbal são selecionadas para corresponder a contextos linguísticos <strong>em</strong> vez de numéricos.<br />

No Experimento 4, foram apresentados quatro cenários diferentes onde os participantes teriam<br />

que estimar as suas respectivas probabilidades. Os resultados mostraram que os participantes foram<br />

capazes de computar a probabilidade numérica implicada por cada afirmação <strong>em</strong> dois contextos.<br />

Nos outros dois cenários as probabilidades foram subestimadas. Nesses resultados, ficou evidente,<br />

segundo os autores, que o tipo de afirmação é mais importante que a probabilidade numérica para a<br />

escolha de frases probabilísticas. Os resultados desse estudo mostraram ainda que escolha de termos<br />

verbais não é fort<strong>em</strong>ente determinada pela probabilidade envolvida, mas é previsível como uma<br />

função de frame onde as pessoas ficam mais sob controle da forma como são descritos os cenários.<br />

Bonnegon e Villejoubert (2006) investigaram o viés de pessoas diante da palavra “possível” <strong>em</strong> um<br />

contexto médico. Para esses autores, pessoas são inclinadas a ter<strong>em</strong> viés <strong>em</strong> decorrência da gravidade<br />

do evento ao interpretar expressões. Os dados desse estudo d<strong>em</strong>onstraram que “possivelmente<br />

surdez” foi julgada mais provável que “possível insônia”. Os autores denominaram esse fato viés de<br />

severidade. Os participantes d<strong>em</strong>onstraram um viés para a possível surdez por esta ser considerada<br />

uma condição mais severa que a possível insônia.<br />

Um mau entendimento pode surgir quando pessoas passam a descrever eventos do cotidiano<br />

utilizando frases que têm significados diferentes para outras pessoas. Segundo Bruin e cols. (2000)<br />

algumas pessoas prefer<strong>em</strong> receber descrições de eventos <strong>em</strong> termos de probabilidades numéricas <strong>em</strong><br />

vez de frases verbais descrevendo essas mesmas probabilidades; outras têm preferência <strong>em</strong> descrever<br />

esses eventos para outras pessoas <strong>em</strong> termos de frases verbais. Para esses autores, o uso de frases verbais<br />

ao descrever um evento não o compromete ao dar uma resposta especifica frente a uma pergunta.<br />

Em um sentido mais amplo, probabilidade é uma descrição da chance de ocorrência de um evento<br />

baseada <strong>em</strong> frequências de eventos passados. Se um meteorologista fala que há 75% de chance<br />

de chover, é pelo fato de que <strong>em</strong> 100 dias que o t<strong>em</strong>po (t<strong>em</strong>peratura, vento, umidade do ar) se<br />

encontrava com aquelas características, choveu <strong>em</strong> 75 deles. Por outro lado, no dia a dia descrev<strong>em</strong>os<br />

ocorrências de determinados fenômenos (sejam comportamentais ou não) com utilização não de<br />

termos mat<strong>em</strong>áticos (hoje há 75% de chance de chover), mas com palavras corriqueiras (muito<br />

provável que chova hoje).<br />

Pod<strong>em</strong>os encontrar várias outras maneiras de descrevermos outros tipos de eventos: se a média<br />

de sono é de oito horas (100%) por dia, não t<strong>em</strong>os o costume de responder perguntas do tipo “você<br />

está com sono?” com “sim, só dormi 43% (3,44 horas) do t<strong>em</strong>po na noite passada”. O corriqueiro<br />

seria responder “sim, dormi muito pouco na noite passada”. Mas essa quantidade de horas pode ser<br />

estimada diferent<strong>em</strong>ente para duas pessoas. Uma pessoa que dormiu quatro horas pode amanhecer<br />

descansada devido ao seu costume de dormir de quatro a seis horas e estimar que dormiu “uma boa<br />

quantidade de horas”; já outra pessoa que costuma dormir oito horas e tenha dormido essas mesmas<br />

quatro horas pode amanhecer cansada e com sono e achar que dormiu “muito pouco”.<br />

Essas diferenças individuais pod<strong>em</strong> levar a questionar a validade de estudos que utilizam descrições<br />

nominais (ou verbais não numéricas, como utilizadas <strong>em</strong> alguns estudos), de forma que estimar o<br />

Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Pedroso . Coelho . Winder<br />

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