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COMPORTAMENTO em foco - ABPMC

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Comportamento <strong>em</strong> Foco 1 | 2011<br />

Santos Filho . Freitas . Gomes<br />

616<br />

Enquanto o paciente faz uso do medicamento seu humor pode melhorar significativamente, mas isto<br />

não significa que ele desenvolveu um repertório mais eficiente de comportamentos para lidar com as<br />

dificuldades de seu cotidiano. Quando se torna possível integrar a farmacoterapia com psicoterapia,<br />

é possível acelerar os resultados e oferecer um modelo mais completo de tratamento para o paciente,<br />

particularmente nos casos mais graves.<br />

Antipsicóticos<br />

O desenvolvimento dos antipsicóticos, também denominados neurolépticos, representou um dos<br />

mais importantes avanços na história da psicofarmacologia e da psiquiatria, com repercussões sociais<br />

significativas. Anteriormente ao advento dessas medicações, os pacientes psicóticos só possuíam<br />

como alternativa terapêutica a internação nos chamados “manicômios”, com enorme dificuldade de<br />

integração na sociedade frente à cronicidade de grande parte dos transtornos mentais.<br />

O termo “psicose” descreve a perda de contato com a realidade. A realidade pode sofrer distorções<br />

tanto por uma crença falsa persistente, denominada delírio, quanto por alterações no nível sensorial,<br />

as alucinações. Geralmente, psicose também inclui sintomas como discurso e comportamento<br />

desorganizados e distorções grosseiras na avaliação da realidade. Segundo o DSM-IV (APA, 1994),<br />

a psicose é considerada um conjunto de sintomas de uma perturbação mental e não uma doença <strong>em</strong><br />

si mesma. Pod<strong>em</strong>os observar o sintoma psicose <strong>em</strong> transtornos psicóticos, <strong>em</strong> transtornos afetivos<br />

e nas psicoses conhecidas como orgânicas, associadas a distúrbios morfológicos, metabólicos ou<br />

tóxicos, como no delirium e nas d<strong>em</strong>ências.<br />

Dentre os transtornos psicóticos mais conhecidos e importantes encontra-se a esquizofrenia.<br />

Representa um grupo de transtornos mentais de início mais comumente entre os 15 e 35 anos e<br />

se caracteriza pela presença de sintomas típicos como alucinações auditivas persistentes, delírios<br />

(geralmente de natureza persecutória), afeto <strong>em</strong>botado ou incongruente, desorganização do<br />

pensamento e comportamento, sintomas autistas e ambivalência. Os antipsicóticos são utilizados<br />

e desenvolvidos <strong>em</strong> grande parte levando-se <strong>em</strong> conta a fisiopatologia da esquizofrenia, tanto pela<br />

psicose ser característica essencial do quadro clínico quanto pela evolução crônica.<br />

Porém, como citado anteriormente, sintomas psicóticos pod<strong>em</strong> estar presentes <strong>em</strong> uma variedade<br />

de outros transtornos psiquiátricos, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> quadros maníacos do transtorno afetivo bipolar,<br />

<strong>em</strong> quadros depressivos graves, secundários ao uso de drogas, entre outros. Salienta-se ainda que<br />

antipsicóticos possu<strong>em</strong> a função clínica comprovada de estabilizar o humor, de controlar impulsos,<br />

de potencializar antidepressivos e mesmo no controle de sintomas obsessivos persistentes. Assim,<br />

quando o psicólogo entra <strong>em</strong> contato com um paciente que faz uso de antipsicótico, uma gama de<br />

possibilidades se abre para a função dos mesmos, e essas medicações de forma alguma dev<strong>em</strong> ser<br />

apenas relacionadas a pacientes esquizofrênicos.<br />

Antipsicóticos Típicos<br />

O primeiro antipsicótico a ser desenvolvido foi a clorpromazina, que se tornou disponível na<br />

Europa <strong>em</strong> 1952 e nos Estados Unidos <strong>em</strong> 1955. Essa medicação revolucionou o tratamento dos<br />

pacientes esquizofrênicos, com 50 a 75% dos pacientes apresentando melhora significativa e quase<br />

90% destes indivíduos apresentando algum benefício clínico. O haloperidol, antipsicótico ainda<br />

bastante utilizado, foi sintetizado <strong>em</strong> 1958.<br />

No final da década de 1960 e durante a década de 1970, foi amplamente reconhecido que a<br />

característica farmacológica essencial desses antipsicóticos era a sua capacidade de bloquear os<br />

receptores dopaminérgicos D2, ficando conhecidos como antipsicóticos típicos. As ações terapêuticas<br />

dessas medicações dev<strong>em</strong>-se ao bloqueio desses receptores especificamente na via dopaminérgica

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